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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Proteção Elétrica por Aterramento e por Interruptor DR - Preparando a Instalação Residencial para os Veículos Elétricos


Eu poderia desejar dizer que, uma das maiores boas razões para se trocar o sistema de aquecimento de água para chuveiros, de principio de funcionamento elétrico para o de funcionamento a gás, seria por questão da segurança e que os chuveiro elétricos não são tão seguros mas, isso não seria uma verdade.

Tecnicamente falando, por definição de normas, um chuveiro elétrico é um aparelho elétrico de aquecimento instantâneo de água, aberto, instalado em um ponto de utilização cujo sub-ramal hidráulico contém um registro de pressão para controle de vazão.

Ainda segundo as normas, o ponto de tomadas de energia elétrica para instalação de um chuveiro elétrico, é considerado um Ponto de Tomada de Uso Específico (PTUE).

Vale lembrar também, que a instalação da tomada de energia para chuveiros elétrico, em geral, não é a única PTUE em nas residência: torneiras elétrica e secadores de roupas, por exemplo, também o são, de modo que, a quantidade de PTUEs deve ser determinada de modo planejado, de acordo com o número de aparelhos de utilização que poderão estar fixos em uma dada posição no ambiente.

A ligação destes aparelhos deve ser realizada de modo direto, sem a utilização de tomadas de corrente removíveis, mas podendo ser utilizados conectores fixos adequados e, aos PTUEs, devem ser atribuídas as potências nominais específicas do tipo de aparelho que sera alimentado que, no caso do chuveiro elétrico é recomendado considerar algo entre 4500W e 5600W para o circuito de alimentação exclusivo do chuveiro.

Sem dúvida, nos padrões de consumo residenciais atuais, o chuveiro elétrico ainda é o aparelho de maior consumo de energia e o correto dimensionamento da sua instalação, salvaguarda o imóvel de um risco de acidente que pode resultar em incêndio.

A instalação de circuitos para alimentação de outros aparelhos eletrodomésticos, hoje comum nas residências, tais como os fornos de micro-ondas e máquinas de lavar podem, e devem, devido a sua elevada potência que, em geral, supera 1000W, ser considerados também Pontos de Tomada de Uso Específico, muito embora a indústria tem praticado produzir os mesmos dotados de cabos com plugues para tomadas removíveis.

É importante que uma instalação elétrica seja dividida em circuitos elétricos parciais para facilitar a inspeção e a manutenção, além de reduzir as quedas de tensão e aumentando a segurança pois, assim, a proteção poderá ser melhor dimensionada.

A mesma consideração pode ser feita, ainda como pontos de tomadas específicos para condicionadores de ar e, mais ainda, secadores de cabelo, normalmente ignorado pelos projetistas de instalações elétricas, mas não pelas belas mulheres brasileiras que, costumam ligar tais aparelhos, cuja potência gira em torno de 1800W, por um tempo relativamente longo, inadvertidamente, em qualquer tomada da residência.

A Norma ABNT NBR 5410 : 2004 Versão Corrigida: 2008 – “Instalações Elétricas de BaixaTensão”, além de determinar que sejam separados os circuitos elétricos de Tomadas de Uso Geral e o de Iluminação e determina ainda que deverá ser previsto um circuito elétrico, também separado, para cada equipamento elétrico cuja corrente nominal seja superior a 10 A.

A norma NBR 6151 classifica os equipamentos elétricos (eletrodomésticos e eletroprofissionais) quanto à proteção contra choques elétricos, em cinco classes e a tônica desta classificação é, antes de tudo, a de recomendar a possibilidade, ou mesmo exigir a necessidade, de uma proteção complementar, que pode ser obtida pela ligação do terminal de aterramento a um terra adequado.

Assim sendo, para se evitar riscos de acidentes com o chuveiro elétrico, é importante, antes de tudo, que a instalação da alimentação elétrica esteja feita de maneira correta, principalmente com o condutor de aterramento do equipamento devidamente conectado diretamente ao aterramento da residência e que o aterramento elétrico da residência, também esteja correto, desde a partir da entrada de energia, que foi construída segundo o padrão de ligação de energia elétrica de uma dada concessionária de distribuição de energia. Mas o que é um padrão de ligação de energia elétrica?

O padrão de ligação de energia elétrica é composto por poste, caixa para medidor, eletrodutos, cabos condutores, fusíveis e disjuntor. É por meio dele que a energia distribuída pela concessionária chega ao seu imóvel. Sua instalação deve, antes de tudo, ser dimensionada de acordo com a carga consumidora de energia que será utilizada e, para construí-la com a devida segurança, requer a contratação do serviço de um eletricista qualificado, para garantir que o padrão de ligação respeite todas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

O desenho ao lado representa um modelo de padrão de entrada para ligação de energia elétrica residencial individual simples (bifásico), exigido pela concessionária AES Eletropaulo, que opera na região metropolitana de São Paulo. Neste caso, o eletroduto que pode ser observado na parte inferior da caixa (7) é, justamente, por onde passa(m) o(s) cabo(s) condutor(es) de ATERRAMENTO (9). Note que “parece” que são dois os cabos condutores de aterramento mostrados (cabos com isolação plástica na cor VERDE): um deles terá uma de suas extremidade ligada junto ao condutor NEUTRO de entrada (que deve ter isolação na cor AZUL clara), a outra extremidade deste, segue pelo referido eletroduto até a chegar a Haste de Aterramento (10), ou eletrodo de ateramento, que é de aço cobreado, de ø=16mm x 2,40m de comprimento, e que se encontra verticalmente enterrada, enfiada no solo, dentro da área do terreno do imóvel.

A conexão de contato elétrico entre o condutor de aterramento e a haste, é feito na extremidade superior da haste, que deve estar descoberta, a poucos centímetros acima do solo e isto deve ser acessível de ser feito e vistoriado por meio de uma caixa de inspeção (8). Note que a Eletropaulo exige a instalação de apenas uma única haste de aterramento, deste modo, o segundo cabo condutor verde (de aterramento), se realmente existir, será conectado a esta mesma haste, e retorna, pelo mesmo eletroduto, de volta, para dentro da caixa de ligação de entrada.

O desenho da Eletropaulo não mostra, nem mesmo sugere, para onde segue esse condutor de aterramento. mas esse segundo condutor do aterramento convém que seja passado para dentro da residência, devendo chegar até o quadro de distribuição pois, ele é a base para um aterramento que garante uma maior segurança e proteção, ou seja, este é o seu Condutor de Proteção (PE, acrônimo do Inglês "Protective Earth") .

Se você não levar o condutor de Proteção (PE), desde a entrada de energia, através do circuito de distribuição, até o seu Quadro de Distribuição e efetivamente empregá-lo, para prover a sua proteção, a haste (eletrodo) que você instalou (10) para aterramento de entrada servirá, tão somente, para proteger o equipamento da concessionária, o transformador que está no poste da rua.

De fato, a Norma ABNT NBR 5410 : 2004 Versão Corrigida: 2008 em seu item 5.4.3.6 diz: "Em toda edificação alimentada por linha elétrica em esquema TN-C, o condutor PEN deve ser separado, a partir do ponto de entrada da linha na edificação, ou a partir do quadro de distribuição principal, em condutores distintos para as funções de neutro e de condutor de proteção. A alimentação elétrica, até aí TN-C, passa então a um esquema TN-S (globalmente, o esquema é TN-C-S)." 

No contexto da Instalação Elétrica Residencial, você pode entender esquema TN-C como sendo "Terra e Neutro Combinados" e esquema TN-C-S como sendo "Terra e Neutro Combinados e Separados". O esquema TN-C-S recomendado pela norma, então, implica em condutor NEUTRO e condutor de PROTEÇÃO derivem em dois condutores distintos, a partir de algum ponto, logo em seguida ao ponto de ATERRAMENTO. O esquema TN-C-S fica, então, conforme diagrama a seguir:





O Quadro de Distribuição de Circuitos (QDC) é o centro de distribuição dos circuitos de consumo de energia elétrica de toda uma residência e, ao chegar ao quadro de distribuição, é o condutor PE (e NUNCA o condutor NEUTRO), que deverá ser utilizado para distribuir a necessária proteção por aterramento.



Caso o Condutor PE não chegue até o seu Quadro de Distribuição de Circuitos (como acontece em muitas residencias com instalação elétrica antiga) mas, somente chegue o condutor Neutro (mas, que neste caso, mais apropriadamente, deve ser denominado e Condutor PEN, acrônimo do inglês "Protective Earth and Neutral", pois ele está aterrado na entrada da residência, desde que você se assegure de que o seu aterramento de entrada esteja funcionando perfeitamente, com um haste integra, não corroída pelo tempo de exposição ao solo e com o conector que prende o condutor PEN a haste esteja firme, garantindo um bom contato elétrico, então você pode optar em derivar o Condutor PE, apenas a partir dali, do Quadro de Distribuição, para o restante da instalação da casa. Mas o ideal, mesmo, é trazê-lo desde a entrada.

Fazendo  isso, você estará convertendo o seu esquema de instalação elétrica da residência, de TN-C para TN-C-S.

Muito embora muitas residências ainda disponham apenas de antigas pontos de tomada bipolares (sem ponto e ligação do condutor de de terra), num sistema TN-C, a "função de condutor de proteção" deveria ter, sempre, prioridade sobre a "função neutro". Em especial, o condutor PEN deveria ser sempre ligado ao terminal de ligação à terra (massa) das cargas (dos equipamentos elétricos consumidores utilizados nas residências) e uma ligação em ponte ser usada para conectar este terminal para o terminal de neutro.

Infelizmente, por várias décadas, na prática, quase ninguém entendeu assim e, ainda hoje, um grande número de instalações elétrica residenciais não utiliza aterramento nos pontos de tomada de energia dos equipamentos. 

A norma NBR 5410 no seu item 5.1.2.2.4.2 é clara em dizer que, no esquema TN-C não podem ser utilizados dispositivos DR para seccionamento automático, para uma melhor proteção contra choques elétricos. Para poder usar DR você deve modificar a sua instalação elétrica, no mínimo, convertendo o seu esquema de instalação elétrica da residência, de TN-C para TN-C-S.

Por definição de norma, o condutor utilizado unicamente como o condutor de Proteção (seja PE ou PEN) não deve ser considerado como carregado, todavia, o condutor NEUTRO é um condutor carregado e quando eles são combinados em comum, num único condutor, este condutor será, de fato, carregado.

Na instalação de as Tomadas de Uso Geral em uma instalação elétrica residencial, a recomendação e para se empregar aquelas do tipo 2P + T, ou seja, para conter os Condutores de Fase, de Neutro e também o de Proteção (PE), se for de 127V, ou então para conter os condutores de Fase 1, Fase 2 e o de Proteção (PE), se for de 220V.

Eu não vou entrar aqui, em muitos detalhes sobre o porque as Empresas Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica não fornecem, elas próprias, um condutor especifico para proteção (PE) já devidamente aterrado e separado do Neutro, que pode ser ainda mais reforçado com o aterramento próprio no terreno das residências, como acontece na maioria dos países civilizados (pelo menos na Suécia e Japão como eu visitei e pude testificar isso).

O fato é que a própria norma brasileira vigente, que trata de “Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária Rede de Distribuição Aérea - Edificações Individuais”, ao definir os “Tipos de Fornecimento” a partir das “Classificação das Unidades Consumidoras”, não se prestou a exigir isso das concessionárias, em favor dos com sumidores, dai a inexistência dessa responsabilidade que, obviamente, incidiria em elevados custos para as concessionárias.

Assim, ao construir ou reformar a instalação elétrica de qualquer imóvel residencial, é de fundamental importância que se atente em inserir na distribuição da instalação elétrica interna do imóvel o(s) condutor(es) PEN / PE, ligados a(s) haste(s) de aterramento de entrada pois, só assim, no caso de um acidente que resulte em danos materiais ou em danos a saúde de alguém, você, não só estará protegendo a si e aos outros, fisicamente, como usuário dos servições da concessionária, estará se salvaguardado, diante das normas vigentes, contra qualquer demanda legal.

Considere que o sistema TN-C requer um ambiente eficaz de equipotencial dentro da instalação elétrica da residência, com eletrodos de terra dispersos, espaçados tão regularmente quanto possível, uma vez que o condutor PEN é tanto o condutor neutro e, ao mesmo tempo que transporta correntes de fase de desequilíbrio, bem como as correntes harmônicas de ordem 3 (e seus múltiplos), muito embora, em geral, em cada residência, apenas uma haste de aterramento seja exigida pelas concessionárias.

Uma outra opção a ser considerada, ainda, é você instalar uma segunda haste de aterramento na entrada e tornar esta totalmente independente do aterramento do Neutro da entrada, levando o condutor PE, que está conectado a esta nova haste, pelo circuito de distribuição, para dentro da residência, até do quadro de distribuição, a fim de usá-lo como proteção. No contexto das instalações elétricas da residência, isso é caracterizado pela adoção denominado "Esquema TT", em que as massas da instalação são ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de aterramento da alimentação.


Esta solução, empregando uma segunda haste de aterramento, não dispensa o uso da primeira haste, que é a exigida pela concessionária, até mesmo por que, no caso de uma descarga atmosférica (descarga elétrica de origem atmosférica entre uma nuvem e a terra consistindo em um ou mais impulsos de vários milhares de ampères), um aterramento multiponto, provido pelo condutor NEUTRO de entrada propositadamente aterrado nas residências é muito mais eficaz termos de segurança para proteger o equipamento dela.

O chuveiro elétrico, assim como todos os demais aparelhos eletroeletrônicos da residência, está ligado à rede elétrica que alimenta a residência e se um raio cair próximo ou sobre a mesma poderemos ter o aparecimento de surtos de tensão violentamente elevados e perigosos na fiação e a pessoa que estiver tomando banho, neste momento, pode tomar um choque elétrico e nos vivemos no país com um dos maiores níveis ceráunicos do planeta.

Seja como for, para proteção da vida, todo equipamento elétrico deve, por razões de segurança, ter o seu corpo (parte metálica) aterrado, com na ligação à Terra através do condutor de Proteção (PE), de todas as massas metálicas (chuveiros elétricos, carcaças de motores, caixas metálicas, equipamentos e mesmo as tomadas de uso geral.

Também os componentes metálicos das instalações elétricas, tais como, as caixas metálicas dos Quadros de Distribuição, os eletrodutos que forem metálicos, caixas de derivação metálica, enfim, tudo que for partes metálicas expostas ao contato humano, deve ser corretamente aterradas. A presença de água ou umidade em um ambiente torna o aterramento ainda mais necessário, de modo que o aterramento acaba por ser distribuído para todas as dependências de uma residência.

Em geral, na distribuição, o condutor de aterramento (por onde, em condições normais de operação nunca circula corrente elétrica) deve ter a mesma seção (bitola) dos demais condutores do circuito ao qual eles estão associados, desde 1,5 mm2 até 16 mm2, porém, em circuitos que exijam condutores carregados com seção maiores, de 20mm2 a 35 mm2 o condutor de aterramento pode permanecer com seção de apenas 16 mm2. A cor da isolação plástica do cabo condutor de proteção PE ou PEN deve ser VERDE ou mesclado VERDE-AMARELO, diferenciando do condutor NEUTRO é sempre de cor AZUL clara.

Repetindo o que já foi dito antes, com a proteção por aterramento, quando vem a ocorrer algum problema ou defeito na parte elétrica de um equipamento que está corretamente aterrado, a corrente elétrica escoa para o solo (Terra) evitando o choque elétrico. Alguns tipos de solos, são melhores condutores de corrente elétrica, pois têm uma menor Resistividade Elétrica. A Resistividade é em função do tipo de solo, umidade e temperatura. A concentração de sal no solo, por exemplo, aumenta a condutividade, favorecendo um melhor aterramento.

Todas as tomadas de uso geral devem ser do tipo para plugue de tomada com três pinos (2P + T), sendo um dos pinos apropriado para a conexão do aterramento do aparelho a ela conectado. Inadvertidamente, as pessoas costumam colocar um adaptador que elimina o pino de aterramento, mas se esquecem que, fazendo assim, eliminam a proteção do aparelho a ele conectado, colocando em risco a vida dela e de outras pessoas, pela falta do aterramento, muitas vezes sem sequer estar consciente disso.

Conclusão: Na situação da primeira figura, o chuveiro não está aterrado, estando portanto, as pessoas sujeitas a tomar choques elétricos . Já, na situação da segunda figura, como o chuveiro está aterrado através do Condutor de Proteção (PE), as pessoas não estão sujeitas a tomarem choques elétricos.


“Não estão sujeitas a tomarem choques elétricos” mas … será que é mesmo verdade? Existe ainda o risco de acidentes por choque elétrico nos chuveiros elétricos, mesmo com a instalação em ordem e o sistema aterrado? A resposta é sim!

Proteção Elétrica por Interruptor DR:


Ainda que remotamente, até os chuveiros elétricos que usam resistências blindadas oferecem esse risco. Essa foi uma das razões que levou a ABNT a adotar os dispositivos de controle de fuga de corrente (DR – que é um acrônimo para Diferencial Residual). A instalação do circuito elétrico para a ligação de um chuveiro elétrico é um dos casos em que o uso de dispositivo diferencial residual de alta sensibilidade, ou seja, sensível a uma pequena corrente, deve ser empregado como proteção adicional obrigatória.

Assim, quando e se o aterramento falhar e uma descarga elétrica se precipitar através no chuveiro, o dispositivo DR se encarrega de acusá-la e de e Desligar a Carga do sistema, evitando o choque. O DR não substitui um disjuntor, pois ele não protege contra sobrecargas e curto-circuitos. Estas proteções devem-se ser obtidas por se utilizar o DR em associação com o disjuntor.



O dispositivo DR é capaz de detectar qualquer fuga de corrente. Quando isso ocorre, o circuito é automaticamente desligado. Como o desligamento é instantâneo, a pessoa não sofre nenhum problema físico grave decorrente do choque elétrico, como parada respiratória, parada cardíaca ou queimadura.

A norma NBR 5410 no seu item 5.1.2.2.4.3 é clara em tornar OBRIGATÓRIO o uso de proteção por dispositivo DR, pelo menos no caso de esquema TT de aterramento de instalação elétrica de residencia. Neste caso dispositivos DR devem ser empregados no seccionamento automático, para melhor proteção contra choques elétricos.


O dispositivo DR (diferencial residual) não dispensa o disjuntor. Os dois devem ser ligados em série, pois cada um tem sua função. A norma NBR 5410 recomenda o uso do dispositivo DR (diferencial residual) em todos os circuitos, principalmente nas áreas frias e úmidas ou sujeitas à umidade, como cozinhas, banheiros, áreas de serviço e áreas externas (piscinas, jardins). Assim como o disjuntor, ele também pode ser desligado manualmente se necessário.

A sensibilidade do interruptor varia de 30 a 500 mA e deve ser dimensionada com cuidado, pois existem perdas para terra inerentes à própria qualidade da instalação elétrica. Além do mais o uso do DR não isenta a necessidade do condutor de proteção de aterramento, ao contrário, passa a exigir ainda mais pois, na verdade, Aterramentos Elétricos podem ocorrer por dois motivos:
  1. Aterramento do equipamento por razões de proteção e segurança: neste caso, o Aterramento protege as pessoas e/ou animais domésticos contra os choques elétricos.
  1. Aterramento por razões funcionais: o Aterramento é necessário para que o equipamento elétrico funcione corretamente;
O DR é um dispositivo que só poderá ser aplicado onde existe a presença do condutor de proteção PE. Sem ele, o DR sequer poderia funcionar, mesmo que o condutor PE não seja diretamente conectado a ele.

Além do mais, em redes elétricas TN-C (terra e neutro combinados (PEN) no contexto da instalação elétrica residencial), dispositivos de corrente residual (interruptores DR) são muito menos propensos a detectar um defeito de isolamento, com o agravante, ainda de ser muito vulnerável a disparos indesejados de contato entre os condutores de terra de circuitos em  interruptores DR diferentes com aterramento local. Além disso, os interruptores DR geralmente isolam o centro neutro e, uma vez que é inseguro fazer isso em um sistema TN-C, IDRs em sistemas TN-C devem ser ligados, apenas, para interromper os condutores vivos. A somatória destes motivos acaba por tornar impraticável o uso de IDRs em sistema TN-C.

De maneira geral, Dispositivos Diferenciais de Corrente Residual funcionam com um sensor que mede as correntes que entram e saem do circuito pelos condutores carregados (Fase + Neutro, ou Fase + Fase). Essas duas corrente devem ser sempre, exatamente de mesmo valor, porém de direções contrárias em relação à carga. Se chamarmos a corrente que entra na carga de I+ e a que sai de I- (1), logo a soma das correntes (corrente resultante) será igual a zero (2). A soma só não será zero se houver corrente fluindo para o Terra, (3), através do condutor de proteção, como no caso de um choque elétrico. Dai o DR atua.




Assim, o Interruptor DR mede, permanentemente, a soma vetorial das correntes que percorrem os condutores de um circuito. Se o circuito elétrico estiver funcionando sem problemas, a soma vetorial das correntes nos seus condutores é praticamente nula. Ocorrendo uma falha de isolamento em um equipamento alimentado por esse circuito, irromperá uma corrente de falta à terra.

Quando isto ocorre, a soma vetorial das correntes nos condutores monitorados pelo IDR não é mais nula e o dispositivo detecta justamente essa diferença de corrente. Da mesma forma, se alguma pessoa vier a tocar uma parte viva do circuito protegido, a corrente irá circular pelo corpo da pessoa, provocando igualmente um desequilíbrio na soma vetorial das correntes. Este desequilíbrio será também detectado pelo IDR tal como se fosse uma corrente de falta à terra.

A NBR 5410 também prevê, ainda, a possibilidade de se optar pelo emprego de um único disjuntor + DR (ou mesmo apenas do DR), na proteção geral (ao invés de na proteção de cada circuito terminal). Do ponto de vista dos custos, esta pode ser a opção mais inteligente (mas a segurança não é a melhor), podendo se optar por DR de sensibilidade maior, como 100mA (ao invés dos mais sensíveis de 30 mA).

Legendas:
DTM = Disjuntor Termomagnético;
IDR = Interruptor DR.

No caso de instalação de interruptor DR na proteção geral, a proteção de todos os circuitos terminais pode ser feita com o uso de disjuntores termomagnéticos. Isso é representado no desenho ao lado.

Seja como for, a instalação do DRs deve ser sempre feita no quadro de Distribuição dos Circuitos (ou em quadros dedicados de proteção e manobra extra) e, deve ser sempre precedida por proteção geral contra sobre corrente e curto circuito.

Casos em que o dispositivo DR é obrigatório:


De acordo com o item 5.1.3.2.2 da norma NBR 5410, o dispositivo DR é obrigatório desde 1997 nos seguintes casos:
  1. Em circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou banheira;
  2. Em circuitos que alimentam tomadas situadas em áreas externas à edificação;
  3. Em circuitos que alimentam tomadas situadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos na área externa;
  4. Em circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em cozinhas, copas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências internas normalmente molhadas ou sujeitas a lavagens.
A exigência de proteção adicional por dispositivo DR de alta sensibilidade se aplica às tomadas de corrente nominal de até 32 A; Quanto ao item 4, admite-se a exclusão dos pontos que alimentem aparelhos de iluminação posicionados a pelo menos 2,50 m do chão; O dispositivo DR pode ser utilizado por ponto, por circuito ou por grupo de circuitos.

Se você estiver interessado em aprender a fazer a "Proteção de um circuito passo a passo", ou seja como dimensionar  e instalar Interruptores DR, eu recomendo que você baixe o arquivo (PDF) do "Manual-Guia do Eletricista Residencial Schneider" e o estude com atenção a partir da página 3/9. Existem outros mas, esse é um ótimo material.



Equipamento de Carregamento de Veículo Elétrico (ECVE):


Como foi dito anteriormente, o aterramento elétrico é feito para proteger, mas, também existe, em alguns casos, por motivos funcionais: alguns dispositivos precisam do aterramento para poder funcionar e, um desses equipamentos e o que eu chamarei aqui de Equipamento de Carregamento de Veículo Elétrico (ECVE), para este equipamento funcionar corretamente, a existência do condutor de aterramento elétrico, também é obrigatório.

Um ECVE, que pode ser chamado também, simplesmente, de estação de carga, é o equipamento utilizado para se “carregar” as baterias dos Veículos Elétricos (VEs), e é para onde o foco desta dissertação se encaminhará daqui em diante, muito embora, ambos, tanto os VEs quanto os ECVEs, infelizmente, ainda não estejam efetivamente disponíveis ao consumidor residente no Brasil.

Mas para os VEs chegarem aqui, é só uma questão de tempo, de bem pouco tempo. Todavia … se você ainda não cogitou ter um VE na sua garagem, mesmo assim, com respeito a proteção por aterramento e interruptor DR na instalação elétrica da sua residência, evite incidentes e não perca tempo, chame logo um eletricista certificado e peça uma avaliação, o mais breve possível. A saúde e segurança das pessoas e do patrimônio é o mais importante!

Dai em diante, nunca mais utilize adaptadores que inutilizem o sistema de aterramento, quando usados para conectar aparelhos. Certifique-se que o aterramento esteja presente em todas as suas tomadas, conforme a norma NBR 5410. Prepare a instalação elétrica da sua casa para receber o Veículo Elétrico em breve.

Se você estiver trocando o sistema de aquecimento da água do seu banho, de chuveiro elétrico para o aquecimento a gás, saiba que cada um dos circuitos da sua instalação elétrica que passam a ficar em disponibilidade com a mudança, serão cruciais para que você possa instalar, futuramente, um ECVE, sem precisar gastar tanto.

Se desejar saber mais sobre:

Instalação Elétrica Residencial - Critérios Técnicos para Dimensionamento de Condutores e Proteção Elétrica para Tomada de Energia para EVSE, ou ...

ou sobre:

Solução para Carregamento de VEs em Garagens Residenciais

e todas as demais, futuras e atuais postagens deste blog. Obrigado!


Notas:

1. MEDIDOR MONOFÁSICO DE 2 FIOS O CONDUTOR DE NEUTRO (resposta ao leitor Doug Gudows):
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