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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Eletroquímica do Lítio e sua Aplicação em Baterias de VEs (Parte 4/5)

Ligação para as partes anteriores:  Parte 1  -  Parte 2  -  Parte 3

Número de Transporte (Número Transferência ou Coeficiente de Transferência):

Recapitulando, a operação da bateria Li-íon, previamente carregada, é frequentemente descrita como segue: os átomos de Li no ânodo se dissociam em íons Li+ e elétrons. Os íons Li+ migram através do eletrolito para o catodo onde vão se recombinar com os elétrons que passavam através do circuito externo que alimenta a carga (o sistema de tração, inversor e motor do Veículo Elétrico – VE).

No entanto íons Li + não são as únicas espécies a migrar e se difundir através da célula voltaica enquanto ela está a fornecer energia para a carga. O sal de eletrolito é geralmente LiPF6, que fornece a condutividade elétrica necessária entre o anodo e o catodo. O sal está presente na solução, como íons Li+ e PF6- .

Quando os cátions Li+ se movimentam na solução do eletrolito migrando do anodo para o catodo, também os ânions PF6- da solução buscarão migrar na direção oposta, em direção ao anodo. Por conseguinte, a corrente total dentro da bateria é carregada por ambos os íons, Li+ e PF6- , e não apenas Li+.

No entanto, apenas a parte da corrente que é transportada pelos cations Li+ efetua o trabalho útil (isto é, os elétrons associados a esses íons Li+ efetivamente sairão para o circuito externo). A proporção da corrente que é transportada por um íon em particular, chama-se o Número de Transporte para aquele íon.

O número de transporte para Li+ numa célula Li-íon típica usando um sal de eletrolito LiPF6 está entre 0,35 e 0,4. Isto significa que apenas 40% da corrente total dentro da bateria é a partir dos íons de lítio e 60% é a partir do ânions PF6.

Em uma “bateria ideal”, o número do transporte do Li+ deveria ser 1. Quando não é, isso significa que os iões Li+ irão se recolher perto do anodo e aumentar a concentração de íons Li+ no eletrolito no "compartimento do anodo", perto do anodo.

Em contrapartida, mais íons Li+ irão deixar o eletrolito, o "compartimento catódico" e migrarão para o “compartimento anódico”, diminuindo aqueles que, efetivamente, irão entrar no catodo.

Isto é como um paradoxo, que estabelece um gradiente de concentração adverso no eletrolito, com maior [Li +] perto do anodo do que perto do catodo causando polarização de concentração da mesma maneira como uma célula de concentração que, em seguida, absorve parte da energia da bateria e reduz a sua capacidade. Em outras palavras, uma contra tensão é estabelecida, a qual se opõe a tensão direta da bateria.

Com o Número de Transporte para os cations de Lítio, tc = 0,4, n íons de lítio provenientes do anodo entrarão no compartimento do anodo, mas apenas n.tc irão deixá-lo e entrar no compartimento do catodo, deixando uma concentração acumulada de n.(1 - tc) ou seja, de 0,6.n perto do anodo.

Em contrapartida, n íons de Lítio deixam o compartimento do catodo e são descarregados como átomos de Lítio no cátodo, mas apenas n.tc entrarão no compartimento do cátodo, conduzindo a um défice de concentração de n.(1 - tc) ou 0,6.n.

Assim, um gradiente de concentração é estabelecido de íons de Lítio em excesso perto do ânodo e um número reduzido perto do cátodo. Isto define o que é conhecido como uma célula de concentração, mas caracterizado por uma f.e.m. de sentido oposto ao desejado da tensão da bateria.

Quanto menor o Número de Transporte considerado para o Li+, maior será o gradiente de concentração adverso que ocorre. A explicação para esta contribuição diferenciada ao transporte da corrente na solução, está relacionada à diferença de velocidade de deslocamento dos íons, sob a ação do campo elétrico, pois, nas mesmas condições, quanto menor o raio (ou volume) do íon, tanto menor a resistência de viscosidade oferecida pelo solvente e tanto maior a sua velocidade.

O número de transporte de um íon é proporcional a sua mobilidade iônica. Entretanto, o seu valor depende também da mobilidade do seu co-íon.

Só quando número do transporte atinge 1 é que um gradiente de concentração adverso é evitada, mas isto não pode ser conseguido na prática. De fato, prevê-se que o número de transporte do Li+ em baterias de polímero de lítio metálico possa ser, geralmente, ainda menor do que 0,4, devido à fraca condutividade do polímero eletrolito.

Anodo de Carbono:

O material do anodo utilizado na maioria das baterias Li-íon é o grafite com átomos de Lítio armazenados dentro da matriz de carbono. Diagramas comuns que ilustram o funcionamento da bateria de íon de Lítio mostram camadas puras planas de hexágonos de grafite com átomos de lítio suavemente intercalados de ambos os lados paralelamente e entre as camadas. Entretanto, na realidade grafite é constituído de grão compactados, desordenados entre si. Esta imperfeição cria inevitável resistência ao transporte dos átomos de íons de Lítio .

Quando grafites altamente ordenados (grafites melhorados) são utilizados no ânodo para minimizar a resistência, ainda assim o Lítio não flui para dentro e para fora, do anodo, sem qualquer alteração ao potencial entre o anodo e o catodo. Em vez disso planaltos tensão são formados nas transições. Isto significa que, quando a bateria esta sendo descarregada, ocorrem no interior do anodo regiões onde existe variação desde totalmente perfeitamente intercalados LiC6 para até um mínimo de LiC18 e abaixo, a tensão sob carga de uma célula de bateria pode cair em até 0,3V. Em outras palavras, a densidade de energia é perdida. 

A representação da formação do LiC6 mostrada ao lado é apenas ilustrativa pois, como o Lítio é inserido entre duas camadas de segmento de grafeno (que é o que temos em meio ao grafite), um átomo de Li se ligará a alguns átomos de C pertencentes a primeira das camada de grafeno adjacente e, se ligará também, a mais outros átomos de C, pertencentes a outra camada de grafeno adjacente, de modo que a soma de dos átomos de C em ambas as camadas perfaz o total da reação com um átomo de Li. A conformação geométrica das ligações entre os átomos de Li e os átomos de C, irá mudando, a medida que a concentração de Li ao longo do elemento anódico varie, aumentando (durante carregamento)  ou diminuindo (durante descarregamento).

Com a tecnologia atual, o desempenho de uma bateria de iões de lítio é limitado de duas formas:
  • A sua capacidade de energia que é limitada pela densidade de carga, ou seja, pela quantidade de íons de Lítio podem ser acomodados, tanto na estrutura do anodo quanto do catodo;
  • A taxa de carga da bateria, que determina tanto a velocidade com a que ela pode ser recarregada quanto descarregada, que é limitado por um outro fator: as tempos necessário às reações e ao transporte, sou seja, a velocidade com que os iões de lítio podem fazer o seu movimentação através do electrólito do catodo para o anodo e vice versa.
Perda Capacidade Irreversível:

Quando a bateria é carregada e descarregada pela primeira vez, as camadas de passivação se formam sobre as superfícies dos eletrodos, a medida que eletrolito reage com os eletrodos. Estas camadas de passivação (SEI - Solid Electrolyte Interphase) contêm Lítio que já não é eletroquimicamente ativo, ou seja, está ligado na bateria e não pode mais fornecer energia útil. Isso representa uma perda de capacidade permanente quando a bateria é usada pela primeira vez - assim uma capacidade extra terá de ser prevista na construído em baterias para VEs durante a fabricação, exigindo mais de Lítio, para a bateria para atender a sua especificação nominal real.

Capacidade irreversível no ânodo pode variar entre 50 e 200 mAh / g, ou entre cerca de 1/6 até 1/2 do Lítio no ânodo (teórico: 372 mAh / g) torna-se permanentemente ligado e inutilizável. Pode se concluir, por conseguinte, que a bateria tem de ser fabricada com pelo menos da ordem de 20% de Lítio em excesso e material anódico sobre dimensionado para compensar esta perda inicial. Existem alguns materiais de carbono rígidos que oferecem uma capacidade teórica ainda maior de mais de 500 mAh / g até mesmo 1000 mAh / g, mas eles exibem uma perda irreversível da capacidade maior, de mais de 200 mAh / g.

Em geral, para se obter alta potência, menor tamanho de partículas de carbono é necessária, mas isso tende a aumentar a perda capacidade de irreversível. Em outras palavras, as partículas menores de carbono significa que mais átomos de lítio podem ser intercalados, porque há mais espaços para o Lítio ocupar, maior energia e mais íons de Lítio mais sendo formados por segundo, podem ser alcançados. No entanto, com espaços menores mais Lítio irão ficar permanentemente ligados na matriz de carbono e a perda irreversível de capacidade é maior. Em suma, tudo é um compromisso.

Delitização” do Catodo:

Perda de capacidade irreversível também ocorre no catodo. Baterias de Li-íon são fabricadas no estado inicial "descarregadas", ou seja, sem Lítio no anodo de carbono e catodo de óxido de LiMnO2 ou LiFePO4 totalmente Litiado. Quando a bateria é carregada, nem todo o Lítio no catodo irá migrar para o anodo, mas alguns deverão permanecer permanentemente ligada ao catodo.

Melhoraria das Baterias Li-íon Através da Nanotecnologia:

Desde a introdução da bateria de íons de Lítio em 1991, a corrida em pleno andamento foi para melhorar continuamente a capacidade da bateria. Agora, com 48 tecnologia de bateria e projetos de VEs compartilhando algo em torno de US$ 2,4 bilhões do “American Recovery and Reinvestment Act”, do “Recovery Grant Act1”, de 2009, o desenvolvimento e a produção desta fonte de energia com elevado potencial está se movendo a todo vapor e a visibilidade das baterias Li-íon é maior do que nunca.

Óxido de Lítio Níquel Manganês e Cobalto (NMC - LiNiMnCoO2) e Fosfato de Ferro Lítio (LFP – LiFePO4) são catodos comuns sendo empregados hoje em dia. Enquanto a bateria NMC passou a dominar as aplicações em produtos eletrônicos de consumo, a bateria de Fosfato de Ferro Lítio (LFP) continua a ganhar a atenção devido à sua maior segurança e vantagens ambientais em comparação com as demais alternativas. Outra vantagem importante é o ciclo de vida útil mais longa fornecido a partir da bateria LFP.

A bateria LFP faz um bom jogo para aplicações em PHEV (carros híbridos) sem ser mais dispendiosa do que as baterias com outros materiais. As células de bateria LFP são as de tensão relativamente mais baixa, assim como os níveis de densidade de energia, comparativamente do que outras baterias Li-íon, mas sua lenta taxa de perda de capacidade ajuda baterias LFP manter um nível maior densidade de energia do que outras baterias Li-íon, após um ano de uso.

Os desafios iniciais com da LFP em torno carga limitada e taxas de descarga foram aliviadas por técnicas de fabricação aprimorados. Isso porque cada tamanho partícula de cada material individual e a consistência de dispersão pode resultar em diferentes taxas de condutividade, a vida da bateria, e tempo de recarga. Mas, o que o tamanho tem a ver com isso?

Aplicando os princípios da nanotecnologia para o processo de desenvolvimento de revestimento para ambos, anodos e catodos, provou-se produzir uma bateria melhor desempenho. No nível mais básico, os íons de Lítio penetram no anodo de grafite com mais facilidade e mais rápido. A moagem do material do anodo e do catodo para um menor tamanho de partícula ajuda a suportar melhor condutividade, maior tempo de carga, recarga mais rápido, e eficiência global melhorada.

Até pouco tempo os processos de produção de nanotecnologia permitia que os fabricantes de baterias Li-íon trabalhar com meios de moagem tão pequenas quanto 90 μm (como um ponto de referência, um fio de cabelo humano típico é de 10 μm de largura, ver foto a). Esta área superficial aumentada de partículas moídas não só conduz a tempos de produção mais rápido, mas a um revestimento mais homogêneo e consistente para uso nas baterias. No entanto, com as melhorias desenvolvidas por meio da nanotecnologia, atualmente já é possível a utilização, em escala, de pó de grãos ainda menores de grafite (~ μ1 m, ver foto b) resultando num aumento dramático no rendimento na produção de grafeno de alta pureza (mesmo rendimento e pureza que poderia se obter com emprego de pó de diamante de grãos do mesmo diâmetro, ver foto c).

Dispersões consistentes desempenham um papel especialmente importante no anodo e no catodo revestimentos. As partículas devem permanecer suaves e livre de aglomerados ou agrupamentos. Bolhas de ar dentro da mistura micronizada também podem afetar a condutividade dos revestimentos e, em última análise, o desempenho global de uma bateria Li-íon.

Antes e durante o processo de moagem, as partículas de Lítio e de grafite requerem atenção cuidadosa para assegurar que não ocorre a contaminação com as misturas de revestimento. O equipamento de metal de moagem pode desprender e partículas de metal que conduzem à contaminação acidental e afetar a qualidade final dos revestimentos. Hoje as ferramentas de moagem e de mistura são de cerâmica e de poliuretano, que pode impedir a contaminação e assegurar que o desempenho dos revestimentos não seja comprometido.

Com o financiamento disponibilizado pela Lei de Recuperação do governo, fabricantes de baterias de íons de Lítio têm a oportunidade de poder explorar novos tipos de equipamentos, materiais e processos. Novas fontes OEM usando moagem e dispersão de nanotecnologias permitirá aos fabricantes de baterias Li-íon desenvolver um elemento de anodo mais eficiente, assim como de revestimento catódico, proporcionando uma base forte para a nova onda de tecnologia das baterias.

A Última Novidade Tecnológica Importante:

No Estado da Arte em baterias de íon de Lítio há um anodo de grafite, de óxido de metal, e um eletrólito contendo um sal de lítio. Na descarga, o lítio é forçado a sair do ânodo (+) e se deslocar para o catodo (-). Durante o carregamento ocorre o inverso. Em essência, a capacidade de anodo para tratar e armazenar lítio dita, além da tensão de saída, também a capacidade total (mA.h) e a velocidade de carregamento (taxa de carga).

Os pesquisadores da Northwestern, usando o grafeno, quebraram alguns paradigmas e limitações muito restritivas de anodos comumente usados. Nas atuais baterias recarregáveis, o anodo – que já pode ser feito de camadas e camadas de folhas de grafeno à base de carbono de qualidade considerável – que pode acomodar apenas um átomo de Lítio, para cada seis átomos de carbono. Para aumentar a capacidade de energia, os cientistas vem experimentando a substituição do carbono por Silício, uma vez que o silício pode acomodar muito mais Lítios: quatro átomos de Lítio para cada átomo de Silício.

No entanto, o Silício se expande e se contrai drasticamente no processo de carregamento e descarregamento, causando a fragmentação estrutural que cresce exponencialmente em incidência com o tempo de uso, fazendo com que o anodo se deteriore perca a sua capacidade de carga rapidamente.

Por outro lado, o que ocorre com anodos grafite de alta qualidade afeta não só o limite de capacidade de energia (relação 1:6), mas também a taxa de carga e de descarga da bateria é dificultada pela forma das folhas de grafeno: eles são extremamente finas - apenas um átomo de carbono de espessura mas, são também relativamente longas, por comparação, muito longas. Durante o processo de carga (assim como no de descarga), um íon de lítio deve percorrer toda um certa distância no caminho a partir das bordas exteriores da folha de grafeno, movimentando-se passo a passo, em relação às posições das celas, determinadas pela geometria hexagonal das camadas de grafeno acima e abaixo da camada de lítio, antes de apostar em cela de repouso, que é almejada como mais próxima possível da borda oposta.

Neste processo, na multidão átomos escorrendo, os íons de Lítio vão se empurrando uns aos outro, sempre adiante e isso leva tempo e, muitas vezes os íons poderão estar se empurrando para dentro de um “beco sem saída”, onde exite a ruptura da camada num grão de grafite, os íons podem encontrar aumento de resistência a sua mobilidade, tendo que se desviar de direção, ou mesmo, ter que parar, com passagem fechada por carbono, impedindo o prosseguimento do Li+ adiante.

Isso atrasa o movimento da multidão de Lítio e, porque leva muito tempo para o Lítio viajar pelo meio da folha de grafeno, uma espécie de engarrafamento iônico ocorre em torno das bordas do material. As melhorias da nanotecnologia do grafeno puro e perfeitamente ordenado pode minimizar isso mas nunca poderá eliminá-lo, mesmo à temperaturas especiais de operação.

Agora, a equipe da engenharia química e biológica da Escola McCormick de Engenharia e Ciências Aplicadas, liderada pelo professor Küng, realizou uma pesquisa na qual combinou-se duas técnicas para combater estes problemas. Em primeiro lugar, uma para estabilizar o silício, a fim de manter a capacidade de carga máxima, eles ensanduichada aglomerados de silício entre as folhas de grafeno. Isto permitiu uma maior número de átomos de lítio no eletrodo, enquanto utilizando a flexibilidade de folhas de grafeno para acomodar as variações de volume de silício durante a utilização.

"Agora temos quase obtido o melhor dos dois mundos", disse Kung. "Temos densidade de energia muito mais elevada devido ao silício, e o ensanduichamento reduz a perda de capacidade causada pelo Silício expandir e contrair. Mesmo que os aglomerados de Silício rompam, o Silício não será perdido” pois está contido em uma embalagem forte e, ao mesmo tempo, flexível de grafeno.


O anodo novo ainda é feito a partir de folhas de grafeno (grafite é simplesmente milhões de camadas de grafeno, porém, nem tão inteiras e paralelas), mas os pesquisadores têm perfurado milhões de minúsculas furos em cada camada de grafeno (foto à direita). Kung e sua equipe usou um processo de oxidação química para criar, propositadamente, os minúsculos buracos (de 10 a 20 nanômetros de diâmetro) nas folhas de grafeno - chamado de "defeitos planares".

De modo que, por meio desses buracos, em vez de cada íon de lítio ter que viajar ao redor da borda exterior de cada camada de grafeno, os íons de Lítio passam a ter um atalho alternativo a seguir, entre as camadas do carbono do anodo, pois agora podem, simplesmente, saltar através dos furos (ou nano buracos, como eles estão sendo chamados) através das camadas, encontrando mais caminhos que facilitam a mobilidade até, por fim, serem armazenados por reação com o Silício. Isto pode reduz o tempo que leva para a bateria recarregar em até 10 vezes.

Com o efeito combinado dos aglomerados de silício o ânodo pode armazenar 10 vezes mais energia (30.000 mA.h, em vez de 3000mA.h) e 10 vezes a velocidade de carregamento (12 minutos em vez de duas horas). As baterias testadas, depois de 150 ciclos de carga e descarga, também mantiveram cinco vezes mais eficazes que qualquer bateria de iões de lítio atualmente no mercado.

Esta pesquisa foi toda centrada no ânodo; em seguida, os pesquisadores vão começar a estudar mudanças no catodo, que poderia aumentar ainda mais a eficácia das baterias. Eles também vão olhar para o desenvolvimento de um sistema de eletrolito que permitirá que a bateria automaticamente e reversível desligar a temperaturas elevadas - um mecanismo de segurança que poderia revelar-se vital em aplicações de carros elétricos.

Como sempre, temos que fazer a pergunta: Quando é que esta nova tecnologia encontrar seu caminho para ser uma bateria perto do mercado de carros elétricos? Os cientistas não dão uma resposta clara, enquanto alegam que a equipe agora está trabalhando na melhoria do cátodo e do eletrólito. Se continuarmos olhando para tecnologias de bateria anteriores, relacionadas com descobertas, no entanto, e assumindo esta descoberta poderá ser repetida em uma escala industrial, podemos ter de uma semana a alguns anos para baterias de smartphones a incorporarem.

Basta dizer que, o outro lado dessa descoberta é que as baterias podem ser 10 vezes menores e ainda assim ter as mesmas capacidades de ofertas de hoje. Se você já viu a bateria em um iPad ou smartphone, você vai entender que as baterias são realmente o único obstáculo significativo na miniaturização destes aparelhos.

Estamos chegando ao final desta série de postagens sobre "A Eletroquímica do Lítio e sua Aplicação em Baterias de VEs" e, na parte 5/5 (final), enfocaremos nas diferenças conceituais entre baterias de íons de Lítio para aplicação em VEs puramente elétricos, em contraponto com baterias de íons de Lítio para veículos híbridos.

Obrigado por ter prestigiado esta postagem e, até lá!


A Eletroquímica do Lítio e sua Aplicação em Baterias de VEs (Parte 5/5)


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Eletroquímica do Lítio e sua Aplicação em Baterias de VEs (Parte 2/5)

Prosseguindo com a dissertação que se iniciou na Parte 1 desta postagem, agora baseada em um estudo a partir de uma pesquisa da Meridian International Research (incluindo tradução e adaptação para parte do conteúdo postado aqui), voltamos ao questionamento:

Quanto de Lítio que uma bateria de Veículo Elétrico (VE) realmente precisa?

Lítio é o mais leve dos metais conhecidos, mas o seu consumo sob a forma de produtos não-metálicos, tais como cloreto de Lítio, carbonato de Lítio e hidróxido de Lítio são núcleo para um número de mercados finais, tais como as baterias, mas também cerâmica, vidro e graxa industrial.

Nos últimos três anos, o Lítio chegou à atenção da grande mídia e as instituições financeiras devido ao papel crítico que exerce na fabricação das baterias de íons de Lítio - as baterias que foram eleitas para a atual e próxima geração dos VEs.

O carbonato de Lítio é a matéria-prima para fabricação das baterias, cuja produção tem sido o foco de uma inundação de exploradores que chegaram à cena nos últimos anos.

É produzido a partir de salmouras continentais, predominantemente na América do Sul e das rochas minerais pegmatita e espodumênio, principalmente na Austrália.

Existem duas maneiras muito diferentes de extração de lítio:
  1. Salmoura é bombeada a partir de reservatórios subterrâneos para tanques de superfície. A energia do sol evapora o excesso de água e concentra o conteúdo mineral na água salgada. Uma vez que o teor de Lítio atinja a marca de 6%, o licor é removido e transformado em produtos químicos de Lítio;
  1. “Hard rock” é a mineração no espodumênio no sentido mais tradicional que é extraído e triturado para formar um concentrado. Este concentrado mineral é vendido para as indústrias químicas que utilizam a matéria-prima para produzir produtos químicos de Lítio (quando a massa em concentração de Li2O 7,5%) ou de vidro e cerâmica (quando a massa em concentração de Li2O > 5%) onde os produtores o utilizam como um aditivo.
No momento, nenhuma mineradora de Lítio em rocha produz produtos químicos para usuários finais. Outras fontes de lítio a serem desenvolvidas ou exploradas são: hectorita (argila), jadarite. salmoura geotérmica, salmoura de campo petrolífero, água do mar.

Pegmatita                                                          Salmoura

Mercados:

A capacidade global de suprimento de Lítio é de 155.000 tpa (tonnes per annum, toneladas por ano) e os principais produtores são as empresas SQM , a Chemetall, a FMC Corp, e a Talison Minerais.

Demanda de lítio Global 2009: 85-90,000 tpa;
Demanda de lítio Global 2010: 120-125,000 tpa.

Aplicações em baterias deverão ser o motor de crescimento para emprego do Lítio e as previsões dos desenvolvimentos futuros do VEs vai liderar esse crescimento, sustentado também pelo consumo de eletroeletrônicos portáteis, e dispositivos aplicados a armazenamento de energia nas redes elétricas, cuja grande maioria deverá usar a tecnologia de Lítio.

Armazenamento de Energia em Redes Elétricas

Cerâmica e vidro vão compartilhar a demanda, que deverá cair em certa proporção devido ao aumento do consumo do setor de baterias, mas continuará a exigir concentrados. especialmente na Ásia, onde a indústria está vendo um crescimento rápido.

Aplicações industriais, como o uso de lítio em massa (predominantemente hidróxido), alumínio e fundição contínua vai continuar a apoiar a indústria e flutuar de acordo com a atividade industrial global.

Nota: Todos os três valores são expressos em termos de carbonato de lítio equivalente (LCE), para fins de normalização, porém, nem todo lítio é convertido em carbonato de lítio.

Para chegarmos a resposta sobre a quantidade de Lítio que deve ser estimada, vamos antes tentar entender melhor, como uma bateria de íons de Lítio é carregada para que a eletricidade produzida a partir de Lítio seja aproveitada.

Basicamente, todos os átomos consistem de um núcleo central que é carregado positivamente rodeado por orbitas de elétrons (denominada eletrosfera), que são carregados negativamente. A carga total positiva do núcleo e negativa dos elétrons tende, naturalmente, ao equilíbrio mútuo, de modo que um átomo é, em geral, eletricamente neutro.

A Eletricidade é ocasionada pela mobilidade dos elétrons e pelo consequente desiquilíbrio na quantidade de cargas elétricas o que tal mobilidade eletrônica acarreta. Na verdade, em termos práticos, é necessário que já exista, antecipadamente, um desequilíbrio elétrico entre dois pontos, ou seja, uma diferença de potencial (d.d.p.) que atue como força propulsora, para que os elétrons sejam forçados a movimentação para fora da eletrosfera de um determinado átomo imóvel, se tornando elétrons livres (o que ocorre nos condutores elétricos sólidos) ou, que os próprios átomos eletricamente carregados (íons) se ponham em movimento (denominada condução iônica, que ocorrem em meios materiais em estado gasoso ou líquido).

Os fluxos elétricos descritos acima podem ocorrer de duas maneira:
  • Movimento caótico (aleatório ou desordenado) ocorre ao longo de todo o universo físico onde exista matéria em qualquer estado, desde que a temperatura da matéria esteja acima do valor zero absoluto. Por exemplo, qualquer peça metálica que você possa estar observando neste momento, mesmo que fisicamente ela aparente estar desconectada de qualquer outra peça, ela possuirá uma quantidade enorme de elétrons em movimento dentre de seu corpo material e mesmo alguns elétrons poderão estar saltando para fora ou para dentro do corpo dessa peça.


    Todavia, esse movimente eletrônico natural, inerente a matéria e dependente de sua temperatura é desordenado e tem a propriedade de que a somatória de todos os seus vetores de movimento seja igual a zero. A medida de a temperatura do corpo aumenta, tanto a quantidade, quando a velocidade de movimentos aleatórios dos elétrons (ou dos íons) aumenta também mas, a somatória total dos vetores, continuará sendo zero. Existe uma estreita relação entre esse fenômeno e o conceito que existe no contexto a termodinâmica denominado “entropia”, que está relacionado não apenas à indisponibilidade de energia para realizar trabalho, como também é uma medida da desordem de um sistema. Por exemplo, fundir (ou derreter) um bloco de gelo significa ter-se um sistema altamente estruturado e ordenado das moléculas de água e convertê-lo em água líquida, desordenada, em que as moléculas não têm posições fixas.

Todavia, esse movimento desordenado de cargas elétricas não pode ser chamado de “corrente elétrica” e, dificilmente poderia vir a produzir algum tipo de trabalho do qual possamos nos beneficiar.
  • Movimento ordenado de elétrons, é o que denominamos “corrente elétrica”. Ele existe quando a resultante dos vetores de movimento das cargas elétricas não é zero e de modo que existe uma tendência de movimento síncrono de cargas ocorrendo. A resultante indica que, num dado momento as cargas estão a fluir para uma mesma direção e um mesmo sentido e, mesmo que ocorra variação de velocidade ou mesmo de sentido do movimento, isso afeta, de modo sincronizado, todo o conjunto de cargas que se movimenta.
Então definimos que, corrente elétrica e o movimento ordenado de elétrons, de um ponto para outro ponto, entre os quais haja, necessariamente diferença de potencial elétrico (d.d.p.). É exatamente isso que existe entre os polos de uma bateria, d.d.p., também chamada de tensão elétrica. Quando ligamos um consumidor elétrico (ex., uma lâmpada) aos polos de uma bateria (dois pontos entre os quais há d.d.p.), por meio de fios condutores, estamos formando o que é denominado “circuito elétrico”, que é o caminho por onde flui a corrente elétrica.

No caso de uma bateria, a d.d.p. é contínua, ou seja, tem sempre a mesma polaridade definida (+ e -), de modo que a corrente elétrica fluirá sempre numa mesma direção e mesmo sentido. Exceto pelo fato de que uma bateria pode se descarregar (e, de fato, se descarrega por perder consideravelmente suas cargas elétricas previamente acumuladas), a intensidade da d.d.p. também pode ser considerada praticamente constante, ou seja, o valor da tensão elétrica entre os polos é, teoricamente, constante.

Na tecnologia LCO, por exemplo, que é usada para construir baterias de consumo em eletroeletrônicos, mas não é adequada para baterias de VEs, o eletrodo positivo (catodo) é feito de óxido de lítio e cobalto (LiCoO2), enquanto o eletrodo negativo (anodo) é feito de carbono (grafite). Não obstante as diferenças tecnológicas, que implicam em um jogo de vantagens e desvantagens entre custo, vida útil, performance, segurança, potência específica e energia específica, todas as baterias de íons de Lítio trabalham, em geral, da mesma maneira.

Entre os eletrodos há o separador que, como o nome indica, tem a função de separar os dois eletrodos, e é constituído por uma folha muito fina (cerca de 20μm de espessura uniforme) de plástico (em geral Polipropileno (PP) ou Polietileno (PE)) microperfurada (isolante elétrico, porém poroso), que permite a passagem dos íons Li+ pelos microfuros. Como meio de mobilidade para os íons, tudo é embebido em um gel solvente orgânico que atua como o eletrolito.

Enquanto a bateria é vai sendo carregada, o eletrodo à positivo (eletrodo a base de Lítio) irá perdendo parte de seus átomos de Lítio que, uma vez ionizados (se tornando carregados positivamente Li+) pela ação da força da fonte de corrente contínua empregada no carregamento que lhes toma um elétron, vão migrando para o eletrodo negativo, penetrando e se alojando em meio ao carbono. Vale ressaltar que elétrons não conseguiriam passar sozinhos pelo eletrolito pois, o separador provê uma isolação galvânica efetiva no que concerne ao movimentos de apenas elétrons.

Assim, por conectarmos uma fonte externa de tensão elétrica contínua de valor adequado aos polos da bateria, podemos fazê-la carregar-se, ou seja que ela estabeleça um considerável estoque os átomos de Lítio no seu anodo. Deste modo, iniciamos um processo em que os átomos de Lítio que se movimentam durante operação de carregamento, começam por perder, cada um, um elétron, para o polo positivo da fonte de carregamento, se tornando em Li+ (íon positivo, também denominado cátion, de Lítio) enquanto eles ainda estão no eletrodo base (o eletrodo de catodo, de LiCoO2), e imediatamente passam a se deslocar em direção ao outro eletrodo (o anodo de carbono grafite, ou seja, o anodo), onde eles receberão de volta o elétron que haviam perdido, e se anexarão em meio ao carbono deste eletrodo.

Deste modo o eletrodo de carbono (anodo) vai sendo dopado de Lítio, enquanto que o Lítio, ao penetrar no Carbono, vai reagindo diretamente com o ele, de modo a formar carbetos iônicos, compostos por intercalação de grafite (especificamente LiC6, LiC12 e LiC18). Esse fenômeno ocorre mesmo nas condições normais de pressão e temperatura.

Nenhum outro metal alcalino apresenta essa propriedade além do Lítio e por isso ele apresenta uma tendência maior em formar compostos complexos do que os demais metais alcalinos, mais pesados. Mas vale lembrar que isso só é possível por estar combinado com a propriedade do carbono, de formar compostos complexos por intercalação de grafite, permitindo que os átomos de Li se intercalem, ou seja, sejam inseridos entre as camadas de grafite: esta é a uma das razões da superioridade das baterias de tecnologias de íons de Lítio.

Neste tipo de composto, as camadas de grafite permanecem em grande parte formada por moléculas intactas e o hóspede (os átomos de Li) estão localizados no meio. Quando o hospedeiro (grafite) e o convidado (Li) interagem por transferência de carga, a condutividade elétrica no plano aumenta e o composto  se torna eletricamente carregado negativamente. Este processo é um mecanismo de armazenagem de carga reversível.

O elemento carbono (símbolo C, número atômico 6) faz parte do seleto conjunto de elementos químicos que apresenta a característica de alotropia, fenômeno em que um mesmo elemento químico pode originar substâncias simples diferentes. Assim, o carbono forma tanto a substância grafite e quanto diamante, de forma natural e, ainda os fulerenos de forma artificial (ou natural, com raridade).

O grafite, um alótropos do carbono, é um sólido escuro e pouco duro e, por si só tem uma estrutura em camadas planares (que aparenta uma grade de hexágonos com um átomo em cada vértice). Em cada camada, os átomos de carbono estão dispostos em uma rede hexagonal com separação de 0,142 nm, e a distância entre os planos é 0,335 nm. A condutividade e outras características físicas da grafite, como plano de clivagem se devem ao arranjo dos átomos no material, formando as estruturas em forma de folhas (as camadas planares), que são atraídas entre si por ligações fracas.

Grafite forma compostos de intercalação com alguns metais (e com pequenas moléculas), entre eles o Lítio. Nestes compostos, os átomos de Li ficam como que o “recheio de um sanduíche" entre as camadas do grafite, resultando em um tipo de compostos com estequiometria variável, ou seja, a proporção da composição LiC6X é variável, com a taxa de Li em crescimento ao longo do tempo do processo de carregamento e com a taxa de Li em decrescimento ao longo do tempo do processo de descarga, ou de utilização, da bateria.

Um exemplo importante de um composto de intercalação do grafite é o Lítio, denotado pela fórmula LiC6. Compostos de intercalação de grafite, como o CaC6, sob certas condições de pressão elevada e temperatura relativamente baixas, têm propriedades supercondutores. Também, quanto maior for a uniformidade da orientação das camadas planares de carbono nos grânulos do grafite, mais baixa a resistência elétrica do material resulta e, consequentemente, menor será o aquecimento da bateria ao se se carregar.

O mercado de VEs tem o potencial de fazer crescer a demanda de grafite. Por exemplo, a bateria Li-ion do Nissan Leaf (VE totalmente elétrico) contém cerca de 40 kg de grafite. Prevê-se que a demanda global de grafite irá dobrar entre 2010 e 2020 por causa do atendimento às necessidades da indústria de baterias de íons de Lítio. 

A Nacional De Grafite em M.G., no Brasil, está atualmente desenvolvendo a produção de graus esféricos de grafite, com grânulos redondos, diâmetros finos 25 μm, onde ≥ 99.95% do carbono está fixo, propiciando um material de muito melhor consistência de orientação cristalina do que o grafite amorfo, que deve permitir uma capacidade de descarga mínima de 360 mA.h / g , apropriados para as baterias Li-ion.

Nesta arquitetura, os átomos de Li, penetram no carbono pelo espaço existente entre as camadas planares e vão como que "escorrendo", com facilidade, em direção a proximidade da conexão do terminal negativo para receber de volta o um elétron que haviam perdido e, enquanto a quantidade de carga elétrica acumulada vai crescendo no composto LiC6X, os átomos de Li vão se comprimindo intercalados na estrutura das folhas de carbono. Olhando pelo lado do anodo (de carbono), considerando o limite da capacidade estrutural em realizar a reação como sendo o ponto em que todas as moléculas do composto por intercalamento se tornam LiC6 , relação 1:6, um anodo de “grafite ideal”, com 40 kg de carbono, poderia receber até 3,853 kg de Lítio quando a bateria se encontrar plenamente carregada.


Todavia, na prática, acaba-se ficando aquém dessa marca, sendo que a transferência de carga também é limitada pelas imperfeições do grafite mas, a sonhada perfeição, muito aproximadamente,  poderá ser atingida algum dia, quando se tornar viável a construção de baterias de íon de Lítio com o anodo (ou talvez ambos eletrodos) a base em Grafeno, ou seja, de folhas de carbono da espessura de um único átomo, que corresponde a uma única camada planar, formando moléculas em grade hexagonal perfeita ao longo de toda sua extensão.


Pesquisas para aplicação de grafeno são relativamente recentes e ainda não atingiram a maturidade comercial (mas existem anúncios de  uma 3ª geração de baterias de íon de Lítio) e vários experimentos estão sendo conduzidos atualmente, principalmente combinado grafeno com outras substâncias, dentre elas o Silício (Si). Na verdade os grãos do grafite não constituídos de fragmentos de grafeno empilhados e a força de coesão parece vir do desordenamento existente entre os grãos pois, peças de grafeno individuais, quando empilhadas, em condições ambientes normais, por si só não produzem interação que as mantenha unidas.

Por outro lado, olhando pelo lado do catodo existem limitações pois, obviamente que apenas uma parcela de Lítio, originalmente presente no eletrodo positivo (catodo a base de Lítio), poderá vir a ser removido dele para ser movido para o eletrodo negativo (anodo de carbono). Isto também limita a capacidade de transferência e armazenamento de carga elétrica da bateria e é nesse ponto que reside, boa parte da diferença existente entre parâmetros, comparativamente às cinco tecnologias de catodo a base de Lítio (NCA, NMC, LMO, LTO, LFP) atualmente mais utilizadas em baterias de VEs.

Já, durante o processo de descarga (ou de utilização da bateria para realizar trabalho), uma vez fechado o circuito elétrico que possibilite a circulação de corrente elétrica, os íons de Lítio mover-se-ão de volta, a partir do carbono para o LiCoO2. É no exato instante em que ocorre o destacamento do átomo de Lítio da estrutura entre-camadas de carbono, que ele cede um elétron (tornando em íon Li+ novamente) para poder então, passar a mover-se de volta, novamente via o eletrolito, a sua origem (de volta para o catodo de LiCoO2).

Quanto ao elétron que foi cedido pelo Lítio, este escapará para fora da bateria fluindo através do terminal de anodo, circulando pelo consumidor (também chamado de carga) e, por fim, retornando ao interior da bateria, entrando pelo terminal de catodo e recombinando com um átomo de LI+ (íon de Lítio) que acabou de migar de volta para o material do catodo. A medida que os elétrons vão sendo cedidos e o Li+ vai retornando, a bateria está se descarregando. Também aqui, mais uma vez, essa reação química controlada só é possível pelas mobilidade dos átomos de Lítio ionizados, fluindo pelo meio do gel polímero eletrolítico e passando através dos microfuros do separador.

Os eletrolitos utilizados em baterias de íons Lítio são uma mistura de sal e Lítio e solvente orgânico. Vários solventes orgânicos são misturados para diminuir a viscosidade do eletrolito e aumento da solubilidade dos sais de lítio. Isto aumenta a mobilidade dos íons de Lítio no eletrolito, resultando em maior desempenho de bateria, porém, componentes do eletrolito não devem penetrar nos eletrodos mas, sim, apenas os íons de Lítio. As baterias de Lítio usam gel polímero eletrolítico para evitar vazamento de eletrolito para fora do invólucro laminado da célula. O gel de eletrolito é composto de eletrolito com um precursor de gel agregado. Os materiais abaixo são comumente usados para compor electrolito:

Materiais usados nos sais de Lítio: Hexafluorofosfato de Lítio (LiPF6); Perclorato de Lítio (LiClO4); Hexafluorarseniato de Lítio (LiAsF6).

Solventes orgânicos: Metiletil Carbonato (EMC); Dimetil Carbonato (DMC); Dietil Carbonato (DEC); carbonato de polipropileno (PC); Carbonato de etileno (EC).

Materiais usados para criar o gel eletrolito (para baterias de polímero de Lítio): Óxido polietileno (PEO); Poliacrilonitrila (PAN); Fluoreto de polivinilideno (PVDF); polimetilmetacrilato (PMMA).

Assim, quando utilizamos uma bateria de íons de Lítio, os elétrons fluem pelo circuito, entre os dois polos da bateria, energizando a consumidor (também chamado de carga), por exemplo, o motor elétrico de um VE. Então fica claro que, pela parte do circuito exterior à bateria, circulam elétrons, tanto no processo de recarga quanto de descarga, em sentidos de circulação associados, respectivamente opostos, todavia, pela parte interna a bateria Li-íon, apenas usando os íons de Lítio como “cavalo” é que as cargas elétricas podem se mover e se alojar, seja em um ou em outro eletrodo, de modo que, assim, temos um deslocamento de matéria (o que equivale dizer que a massa dos eletrodos varia, seja durante o uso ou durante a recarga), com o íons de Li ( e não apenas de elétrons) se deslocando de um lado para o outro.

Então voltamos a pergunta do inicio: Quanto de Lítio que uma bateria de Veículo Elétrico (VE) realmente precisa?

Capacidade Teórica de Lítio:

Precisamos agora considerar o quanto o Lítio pode, teoricamente, gerar eletricidade.

A corrente elétrica é medida em ampères (A), que é proporcional ao número de elétrons que fluem através do circuito por segundo:

, onde C Coulomb, 1 C = 6,2415 x1018 elétrons

Quanto maior for a corrente, maior o fluxo do elétrons por segundo e quanto maior o número de átomos de Lítio que deve ser ionizados e perder elétrons por segundo, a partir do estoque de átomos de lítio no anodo da bateria (estocado entre as camadas planares do carbono).

A densidade de carga teórica do metal de Lítio em eletroquímica fundamental é 3,8 A.h / g. Em química,  densidade de carga  refere-se à distribuição de carga sobre o volume de uma partícula, tal como uma molécula, um átomo ou um íon. Portanto, um íon de Lítio irá transportar uma maior densidade de carga do que um íon de Sódio (Na), devido ao íon de lítio possuir um raio atômico menor, mesmo que o Na tenha mais elétrons (11 e) do que o Li (3 e). Na verdade, ambos costumam ceder apenas 1 elétron mas, o Li o faz em um nível de energia muito maior, pelo fato do elétron do Li estar mais próximo do núcleo do átomo e também por causa da relação 1/3 ser maior do que a relação 1/11.

Isto significa que, se tomamos 1 g de metal de Lítio, que ora se encontraria no anodo e, supondo que eu possa convertê-la 100% em íons de Lítio e, em seguida, enviar todos os elétrons liberados pelo Lítio através do circuito elétrico para fazer o trabalho (acionando um VE), teoricamente, essa 1 g de Lítio poderia fornecer 3,8 A de corrente elétrica durante 1 hora. Ao final deste tempo a carga da bateria se esgotaria pois, todo o Lítio (1 g) teria sido convertido em íons e teria migrado de volta para o catodo.

Se o metal é Lítio em uma célula de bateria Li-íon desenvolve uma tensão nominal de 3,6 V entre o eletrodo base de Lítio (catodo) e do anodo, podemos dizer que, a energia entregue por que 1 g de metal de Lítio seria 3,8 A.h multiplicado por 3,6 V ou seja, 13,68 W.h.

Portanto, a partir de uma perspectiva puramente teórica, de cada 1 kW.h de energia, a unidade básica de energia, consideramos que, para armazenamento da bateria de um VE, exigirá 1000 dividido por 13,68 = 73 g de metal de lítio. Isto equivale a 389 g de carbonato de Lítio (Li2CO3).

O número teórico de 385 g de carbonato de lítio por kW.h de capacidade da bateria é substancialmente menor do que o número de orientação de mundo real que demos na primeira parte desta dissertação, de 1,4 kg de Li2CO3 por kW.h.

Por que há essa diferença e por que as baterias de Lítio reais exigirem muito mais Lítio (ou Carbonato de Lítio) do que a quantidade teórica?

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