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domingo, 1 de agosto de 2021

Subsistemas de Segurança de Baterias: Qual é a Diferença Entre um BMS e um PCM?

As vezes a gente trata tudo o que é relativo aos subsistemas de segurança da bateria como BMS (Battery Management System), mas de fato, de um modo geral, as placas de proteção de bateria (ainda) podem ser divididas em dois tipos. o PCM (módulo de circuito de proteção) e BMS (sistema de gerenciamento de bateria) e a diferença entre ambos pode ser bem sutil para alguns.

Todavia, o PCM é mais simples do que o BMS. Quando o pacote está totalmente carregado, o PCM pode garantir que a diferença de voltagem entre as N filas de células em paralelo no pacote todo seja menor do que o valor definido para atingir tensões equilibradas entre elas (ou seja, o PCM monitora o balanceamento do pacote) por meio de comparadores de tensão (analógico). 

Ao mesmo tempo, o PCM tem também a habilidade de detectar os limiares de sobretensão e de subtensão parciais de cada uma dessas filas e, por conseguinte, ditar esses mesmos limiares para o pacote como um todo, respectivamente para o processo de carregamento, e para o de descarga, além de agregar, ainda, a função de monitoramento de temperatura em ou mais pontos do pacote, evitando o superaquecimento das células do pacote de bateria e (as vezes) também de curto circuito para proteger e estender a vida útil da bateria. 

O monitoramento da temperatura da bateria é de vital importância em baterias de VEs, pois ela pode identificar falhas, tal como a que pode ocorrer principalmente quando a bateria se encontra carregada ao extremo (ver artigo Segurança da Bateria de Íon de Lítio, Ansiedade por Autonomia e Abusos Elétricos do SoC), e alertar, com antecedência, antes que a fuga térmica ocorra.

Quando um PCM passa a agregar em si também o monitoramento de sobrecorrente, ele começa a se tornar em um BMS, que além de ter a capacidade de oferecer proteção e recursos adicionais, BMS passa a ter a habilidade de, por si só, desconectar e reconectar o acesso aos terminais de energia da bateria (coisa que o PCM, por só só, não faz), além de poder ir á complexidade de fornecer monitoramento em tempo real da bateria e transmitir dados por meio de software, de modo que o BMS inclui um sistema de gerenciamento, um módulo de controle, (as vezes) um módulo de exibição, um módulo de comunicação (as vezes sem fio) e um módulo de coleta para coletar informações do pacote de bateria e outros. 

Além do mais, alguns BMS de eletropotáteis, tais como notebooks da HP e da Dell têm a habilidade de determinar a "morte da bateria", por monitorar e gravar em si mesmo informações de tempo de uso, quantidade de ciclos de carga/descarga, e de outras anomalias como a subtenção extrema, nas quais as células até poderiam ser recuperadas para uma sobrevida, mas, ele mesmo não pode mais operar, a não ser que seja recuperado com emprego de técnica de haqueamento complexa, que pode tornar o serviço de restauração inviável em termos de custo, a menos que haja escala para se justificar a obtenção do equipamento necessário.


Como PCM e BMS são aplicáveis a pacotes de baterias de capacidades tanto pequenas (como para os eletroportáteis) como grandes (para os VEs) definir uma fronteira exata onde termina o emprego do termo PCM e começa o do BMS pode ser algo nebuloso. A placa mostrada acima, por exemplo, é atribuída como uma PCM para bateria de arranjo 4S (quatro células em série ou quatro conjunto de células em paralelo, em série) de aplicação em eletroportáteis que, neste caso, abre mão do monitoramento de temperatura das células em favor de monitorar a sobrecorrente (incluindo curto circuito) de carga / descarga.

Este circuito de proteção é especialmente projetado para a bateria de íons de lítio de 14,8 V (nominal, com arranjo 4 S a 3,7V por célula ou conjunto de células em paralelo), com taxa de descarga de 10A. Ele fornece a função de monitoramento de equilíbrio (balanceamento), que é de vital importância principalmente após a bateria estar totalmente carregada. O PCM detectará a voltagem de cada célula (ou conjunto de células em paralelo) e reduzirá a voltagem mais alta até que outras células atinjam o mesmo nível de voltagem, o que ajuda as células de íons de lítio a terem uma vida útil mais longa.

Todavia, NÃO MONITORAR A TEMPERATUA é algo que não é nada recomendável para os grandes pacotes de baterias dos VEs (onde a temperatura também deve ser sempre monitorada e, dependendo do tamanho do pacote, até mesmo em múltiplos pontos). Mesmo dispositivos de mobilidade menores, como e-bikes, scooters, mopeds, patinetes, skates, etc, o monitoramento da temperatura das células do pacote é recomendado.

PCM vs BMS, um dilema para designers de produto. 

Muitos designers de produtos (bicicletas elétricas, veículos, baterias estacionárias em sistemas de GTD de energia, etc) hesitam entre um PCM (Módulo de Circuito de Proteção) e um BMS (Sistema de Gerenciamento de Bateria) para proteger a bateria de seus dispositivos. Então vamos fazer um resumo do foi explanado acima: 

O que é um PCM (Módulo de Circuito de Proteção)?

- Um PMC é um circuito de proteção autônomo;

- É puramente analógico, o que significa que não há software integrado;

- Não há possibilidade de ligar ou desligar a bateria;

- Não há possibilidade de obter uma atualização de status precisa sobre o nível de carga da bateria;

- Ele não pode dirigir uma unidade de carga ou uma unidade consumidora (motor elétrico, etc.).

- Um PCM as vezes não examina o nível de temperatura;

- Ele equaliza apenas de uma maneira muito básica os diferentes elementos de um aplicativo;

Geralmente é um produto de baixo custo.

O que é um BMS (Sistema de Gerenciamento de Bateria)?

- Um BMS é uma placa eletrônica muito mais avançada que uma PCM. Um BMS contém um microcontrolador com software inteligente integrado.

- Ele calcula e interpreta diferentes tipos de medições como o SOC (estado de carga) ou mesmo o SOH (estado de saúde).

- Ele oferece um nível de proteção diferente (por exemplo: ele pode distinguir entre um evento normal e um anormal com relação ao tempo).

- Ele contém um barramento de comunicação (I2C, CAN, MODBUS, ...), permitindo a transferência de informações.

- Tem a facilidade de ser dirigido por uma aplicação principal.

- Tem a capacidade de comunicar com outros BMS, para formar uma bateria de muito maior capacidade e para maiores tensões, pelo que se adapta melhor às diferentes necessidades.

- Ele pode entrar no modo de espera (Stand By) para otimizar o consumo de energia.

- Um BMS possui um algoritmo inteligente para equalizar os diferentes elementos de uma aplicação.

- Através de seu barramento de comunicação, um BMS pode orientar carregadores e / ou unidades consumidoras (geralmente um motor) para otimizar a utilização das baterias e o comportamento do sistema.

- Oferece a possibilidade de realizar um diagnóstico mais completo da bateria a qualquer momento.

- Ele pode manter o registro da vida útil da bateria (erros de contagem, contagem de uso e tempo de armazenamento)


 

Qual solução é melhor para o seu projeto?

Aplicações típicas que utilizam um PCM são os produtos de mais baixo custo como certas bicicletas eletricamente assistidas ou pequenas ferramentas elétricas (muito embora eu os tenha encontrado até motocicletas de porte médio, poucos anos atrás), alguns eletroportateis mais baratos, etc.

Aplicações típicas que utilizam um BMS: produtos avançados como eletropotáteis mais caros e sofisticados, robôs, drones, bicicletas elétricas, veículos elétricos em geral, etc.

O PCM (as vezes também chamado de PCB) só podem oferecer os níveis básicos de proteção e são mais baratos, enquanto o BMS inclui todas as funcionalidades de um PCM e mais (embora o preço também aumente junto). Portanto, se você está tentando decidir entre essas placas, realmente dependerá exatamente do mercado para o qual seu produto será direcionado. 

Mesmo que os PCMs possam ser suficientes para certos dispositivos pequenos, se de fato eles não medirem o nível de temperatura das células, isso pode levar a sérios problemas. Se um problema potencial não for identificado, ele pode levar ao mau funcionamento ou mesmo à explosão e incêndio de um dispositivo. O não levantamento do nível de temperatura, portanto, representa um sério problema de segurança.

Enquanto um BMS pode ser capaz de entrar no Modo Standby para não consumir energia, um PCM continua consumindo para poder funcionar, e até o próprio monitoramento de tensão que ele faz, que está ligado a todas as células (ou as filas de células associadas em paralelo) pode causar descarga completa, em longo prazo de armazenagem do produto, podendo não permitir ao sistema recarregar, ou mesmo pode destruir a bateria (ou parte dela) de forma irremediável (exigindo substituição de peças em produtos que estavam apenas parados).

Se ainda não for possível tomar uma decisão, sinta-se à vontade para entrar em contato conosco, e nós o ajudaremos. Num próximo artigo tentaremos entrar em mais detalhes de como o circuito de um BMS opera.

Veja Também:

Segurança da Baterias de Íon de Lítio, Ansiedade por Autonomia e Abusos Elétricos do SoC






segunda-feira, 2 de maio de 2016

Bicicletas Elétricas (e-Bikes) e Ciclomotores Elétricos (e-Mopeds) - Parte 3/3


As bicicletas elétricas (e-bikes) estão se tornaram um dos veículos mais populares usados para o transporte individual em todo o mundo. Milhões foram vendidas na Ásia e na Europa. As vendas nos Estados Unidos e na Austrália aumentaram acentuadamente desde o final dos anos 1990.

No Brasil, a resolução 465/2013 do CONTRAN publicada em 13 de dezembro de 2013 equiparou as bicicletas elétricas às comuns, desde que não possuam acelerador. No Rio de Janeiro, a lei diz que não se necessita nenhum tipo de documento (ACC ou CNH) para conduzir um ciclo motor, desde que este seja equipado de pedais e com velocidade máxima de 25 km/h.

Porque, entre outros vícios, muitas vezes as leis nacionais e os acordos internacionais sobre Patetes permitem que se registre aquilo que não se consegue, ou que não se pretende, de fato, produzir, em troca de, apenas, as informações mais básica, que são, geralmente, espremidas nas sinopses curtas dos Registros de Patentes (conceitos), que são publicados e repassados em todos os lugares, as.bicicletas elétricas foram documentadas dentro de várias patentes nos EUA desde 1890.

Apesar da e-bike registrada a Patente No. US552271, de 1895, por Ogden Bolton, nunca ter sido vista, montada, em lugar algum, o desenho que aparece no registro impressiona porquanto ele sugere o primeiro emprego de acionamento direto (direct drive, ou, acionamento direto para a roda), no caso a roda traseira, cujo cubo é o próprio motor elétrico. Essa é, de fato, uma tecnologia que só pode ser implementada, a contento, bem mais recentemente, com o desenvolvimento das Máquinas de ímãs Permanentes de Fluxo Axial, tecnologia que hoje predomina entre as e-bikes que operam em mais altas velocidades. Provavelmente Bolton, a seu tempo, desistiu dela quando ele, tendo ficado sem carga na bateria, percebeu ter esquecido os pedais e, teve que empurrá-la de volta para a garagem.

Contudo só em 1896, em Londres, Inglaterra, que o fabricante de bicicletas Humber (que, a partir dali se tornou também um fabricante de motocicletas) exibiu uma bicicleta tandem elétrica, alimentada por um banco de acumuladores (quatro acumuladores) e um motor elétrico que foi colocado em frente a roda traseira além de potência de pedalada suprida por dois pilotos. O controle de velocidade era feito por meio de um reostato colocado ao longo da barra do guidão traseiro. Esta bicicleta (que hoje, pela lei brasileira seria considerada uma motocicleta, pois ela tinha acelerador) não chegou a ir para o mercado.

No período entre 1929 e 1980 uma série de produções de pequena escala emergiu. Mas, como os produtos equipados com as necessidades dos clientes, os custos de produção elevados limitado os resultados comerciais. A Simplex Philips Elektrofahrrad, de 1932, é a bicicleta elétrica mais antiga de produção em série, que foi encerrada após poucos anos, com pouco mais de cem unidades fabricadas, enquanto as últimas que foram fabricadas tinham capacidade regenerativa (com o motor elétrico atuado como freio e a energia resultado em carga de volta para a bateria).


Progressos significativos nos motores elétricos, na eletrônica de potência e, sobretudo, no armazenamento de energia (baterias recarregáveis) têm mudado o conceito de mobilidade em duas rodas, e das bicicletas motorizadas, viabilizado cada vez mais o emprego da energia elétrica como fonte para a mobilidade individual..

No fim do século XX, como os produtos disponíveis ainda era limitado a alguns poucos modelos, a distribuição de bicicletas elétricas era mais uma demonstração de know-how para os fabricantes e indústrias.Vários fabricantes de bens como motores elétricos, baterias e de eletrônica elaboravam produtos conceptuais, que eram apresentados apenas durante exposições de tecnologia.

Com a entrada de grandes nomes do mercado e, também, com o rápido crescimento do mercado de usuários interno de alguns países, notadamente da China, estabeleceu-se para o século XXI uma nova abordagem tecnológica focada nas necessidades dos consumidores. Cada produtor tem desenvolvido os seus próprios argumentos técnicos e estéticos de vendas para dar uma verdadeira identidade de seus produtos.

Classificação das E-Bikes


As e-bikes são concebidas para serem operadas tal como uma bicicleta regular e, em geral, além dos novos componentes elétricos (o motor, a ateria e o controlador), uma e-bike emprega as mesmas outras peças que compõem uma bicicleta regular.

Os ovos componente elétricos que integram a e-bike destina-se a complementar a potência humana, porém, não substituí-la. A potência extra permite que obstáculos, como colinas e vento contrário, se tornem mais gerenciáveis, permitido ao ciclista viajar mais longe, sem ficar tão cansado.

Contudo, a classificação das e-bikes se torna tão complicada quanto aquilo que se torna a definição legal delas, devido à razão jurídica sobre o que constitui uma bicicleta elétrica, e o que constitui um ciclomotor ou uma motocicleta. Como tal, a classificação das e-bikes varia muito entre os países e as jurisdições locais.

Apesar destas complicações legais, a classificação das e-bikes pode ser realizada, tecnicamente, tomado como poto de partida a forma (quando e como) que o seu motor elétrico entrega potência de saída dele, em conjunto com o tipo de controle que é empregado no sistema. De forma ampla, as definições destas diferentes formas podem ser resumidas a três:
  • E-bikes com Auxilio ao Pedal (internacionalmente também chamadas de PEDELECs (uma contração dos termos em inglês Pedal Electric Cycle)): Esta classe é caracterizada pela potência que o motor elétrico entrega durante a operação da e-bike ser regulada pelo próprio ato de pedalar, resultado em reforço ao esforço do ciclista. Para realizar tal controle da potência estas e-bikes têm um sensor (ou sensores) que detectam a velocidade da pedalada (sensor de cadência), ou que detectam a força da pedalada (sensor de torque), ou, num caso ótimo, para detectar ambas (cadência e torque). De qualquer modo, como o sensor está posicionado no pedal, o motor elétrico vem em auxílio ao pedal apenas se o ciclista estiver, de fato, pedalado. Ativação do freio também precisa ser detectada de modo a desativar a atuação do motor elétrico durante a frenagem (ou, em e-bikes mais sofisticadas, para comutar o sistema para o modo de regeneração). Já, quanto a Gama de Potência Nominal máxima dos motores que são empregados nas e-bikes, quanto as da classe Pedelec elas podem ser divididas em duas subclasses:
  1. Pedelecs: são e-bikes dotadas de motor elétrico com Potência Nominal DE ATÉ 250 watts. Estas são as e-bikes que são legalmente classificadas como equiparadas às bicicletas regulares", praticamente no mundo todo, e que, apenas com a potência entregue pelo motor elétrico operam a uma velocidade limite de, normalmente, 25 km/h;                                                                                                            
  2. S-Pedelecs (ou Super-Pedelecs): são e-bikes dotadas de motor elétrico com Potência Nominal ACIMA DE 250 W (em geral, de 350 W ou de 500 W). Estas são as e-bikes que podem atingir, apenas com a potência entregue pelo motor elétrico, velocidades mais elevadas (por exemplo, 45 km/h), contudo, dependendo da jurisdição, elas podem sofrer restrições legais que terminam por equipará-las aos ciclomotores ou às motocicletas (e não a uma bicicleta regular).
  • E-bikes com Potência Sob Demanda (do inglês Power-on-Demand): Esta classe é caracterizada por e-bikes cujo acionamento do motor é provido por um acelerador, geralmente montado no guidão, para ser manipulado pelo ciclista, tal como na maioria das motos ou scooters. Ativação do freio também precisa ser detectada de modo a desativar a atuação do motor elétrico durante a frenagem. Elas geralmente têm motores mais potentes do que Pedelecs, se equiparando (ou mesmo superando) as S-Pedelecs. Isso faz delas, em geral, as e-bikes que se encontram sob as maiores restrições legais, tanto devido ao motor mais potente, quanto (e principalmente) por apresentarem, em sua constituição, o acelerador, sendo elas, frequentemente, legalmente equiparadas aos ciclomotores ou aos motociclos.
No "mundo das e-bikes" tem existido alguma contra propagada que busca incutir a ideia (errônea) de atribuir as e-bikes da classe Pedelec uma conotação pejorativa, alegando, inclusive, que elas não são e-bikes, como, por exemplo nesse artigo titulado "What's the difference between pedelecs and e-bikes?". 

Contudo, o que realmente importa é você se preocupar em conhecer a regulamentação que existe na área de jurisdição em que você pretende utilizá-la, e se é, ou não, importante para você se beneficiar das vantagens que são concedidas às e-bikes quando elas são equiparadas às bicicletas regulares, como, por exemplo, a de poder (ou não) utilizar as ciclovias, e a de ser requerido (ou não) uma habilitação para a condução da mesma.

No Brasil, vale a portaria 465/2013 do CONTRAN, que especifica, entre outras coisas, principalmente:
  • Não dispor de acelerador ou de qualquer outro dispositivo de variação manual de potência (isso exclui da equiparação legal com a bicicleta, todas as e-bikes da classe Potência Sob Demanda (Power-on-Demand));
  • Com potência nominal máxima de até 350 Watts (o que permite todas as Pedelecs e, até certo limite, também as S-Pedelecs);
  • Velocidade máxima de 25 km/h (obviamente que apenas com o emprego da máxima potência do motor elétrico, enquanto pedalando, pode ir mais rápido. Contudo, justamente por poder ir mais rápido, fica a critério da jurisdição local especifica, decidir quanto a necessidade, ou não, de ACC ou CNH);
  • Serem dotadas de sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedalar (o que, mais uma vez, exclui as e-bikes da classe Potência Sob Demanda (Power-on-Demand), pois, apenas Pedelecs e S-Pedelecs podem satisfazer esse requisito). 
Lembrado, ainda, que até o presente momento "O Código de Trânsito Brasileiro diz que a bike pode andar em todas as ruas, que toda via é uma via para bicicleta, e não só as ciclovias 1 ou ciclofaixas" (esclarece o urbanista Ricardo Tchê Corrêa).

Contudo, há que se considerar e respeitar, antes de tudo, o pedestre, "conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a circulação desta, ou (onde seja, conduzir) de forma agressiva", as e-bikes não podem, em absoluto. Dai, é natural a exigência de velocidade máxima de 6 km/h em áreas de circulação de pedestres, em espaços mistos compartilhadas entre ciclistas e pedestres.

Por essas razões, eu não vejo como conveniente, e nem acho justo, que a reputação da e-bike para emprego em cidade seja comprometida, e a identidade visual da bicicleta seja usurpada, para que ela se torne tal e qual uma motocicleta, porém desfigurada, que pode rodar só com a potência do motor a velocidades tão estupidas como 70 km/h (ou mais), conduzida por um usuário (um não ciclista) que nem equipamento de segurança adequado se preocupa em utilizar, tal como é apresentado no vídeo ao lado.

A BICICLETA DEVE PERMANECER, SEMPRE, BICICLETA, MESMO QUE ELÉTRICA, ELA É PARA SER PEDALADA.

Pedelecs e S-Pedelecs;


Pedelecs incluem um controlador eletrônico que corta a energia do motor, tanto quando o piloto não está pedalando, quanto quando uma determinada velocidade - geralmente 25 km/h - é atingido. Pedelecs são úteis para as pessoas que andam em áreas montanhosas, ou que enfrentam fortes ventos contrários. A Pedelec pode ser qualquer tipo de bicicleta, sendo comum tanto para emprego na cidade, quanto em trilhas, onde se recomenda se recomenda o uso de S-Pedelec de ao menos 350 W (limite legalmente equiparada a bicicleta regular para todas as aplicações no Brasil).

Bicicletas convencionais comuns podem ser convertidas em Pedelecs com a adição dos componentes necessários, isto é, o motor, bateria e o controlador. A vantagem é que o destino pode ser alcançado tanto mais rapidamente, quanto com menor esforço pelo ciclista, podendo ser usada, assim, para alcançar maiores distâncias.

A principal desvantagem é o custo de aquisição do próprio Kit de conversão Pedelec, que é significativamente caro: o preço médio de venda é entre US $ 1.000 e US $ 2.000 2. Já, o custo de outras despesas adicionais são menores O custo da eletricidade (para recarga da bateria) e o custo de da eventual substituição da bateria, juntos são orçados a US $ 0,20 a US $ 0,40 para cada 100 km rodados (dependendo do modo de condução do ciclista, do custo local da energia elétrica e da duração efetiva da bateria).

Ao longo de 2011, em toda a Europa, entre 900.000 a 1,24 milhões de unidades foram vendidas; isso foi 29% a mais do que em 2010. Estima-se que em 2015, 3 milhões de e-bikes foram vendidas na Europa, e estas foram, maioritariamente, Pedelecs.

Além do motor elétrico, da bateria e do sistema de controle eletrônico do motor, as Pedelecs diferem por adicionar um sensor para detectar o movimento da pedaleira. A maioria dos modelos também estão equipados com um indicador do estado de carga da bateria e um ajuste de potência do motor, seja de forma contínua, ou dividida em níveis.

Pacote de Baterias para E-Bikes - Proteções e Balanceamento em Carga e Descarga:


Pedelecs mais antigas empregam baterias de tecnologia NiMH, porém, nas Pedelecs modernas prevalece o emprego de baterias de íons de lítio (Li-ion).

Pedelecs de 250 W empregam pacote de bateria com Tensão Nominal de 36 V, enquanto os S-Pedelecs de 350 W costumam empregam pacote de bateria tanto com tesão nominal de 36 V, quanto com tesão nominal de de 48 V. Já, nas S-Pedelecs de 500 W (ou mais) predomina o emprego de pacote de bateria de tesão nominal de 48 V.

Para baterias de 36 V a faixa de capacidade de energia (ou de carga) fica entre 400 W·h (ou 11 A·h ) e 650 W·h  (ou 18 A·h), sendo estas de capacidades mais altas ideais para as Pedelecs de 350 W com uma autonomia bastante satisfatória.

A autonomia efetiva é sempre dependente do tipo de terreno e do modo de condução (mas agressivo ou mais suave) do ciclista e do vento contrário, mas elas costumam superar 3 hs de uso, atingindo o alcance de 60 km com uma carga completa da bateria (até 100 km com um pedalar moderado em um terreno plano).


Na avaliação das baterias para Pedelecs é útil considerar não só a capacidade de energia e carga, mas, também, critérios tais como a durabilidade, Por isso as baterias de tecnologia de catodo em Fosfato de Ferro Lítio (LFP) são tidas, atualmente, como ideais para as aplicações em e-bikes.

Células Li-ion recarregável com fator de forma 18650 (distinta devido à sua forma cilíndrica, e determinadas medidas padronizadas de comprimento e diâmetro) são as mais comuns empregadas na constituição de pacotes de baterias para emprego em bicicletas elétricas.

Recomenda-se a utilização de células que têm suas características de desempenho bem documentadas e que vêm de fábricas conceituadas, com os padrões de controle de qualidade bem conhecidos, para evitar células de segunda linha, que muitas vezes são comercializados como até 5.000 mA·h, mas que não conseguem oferecer, sequer, efetivos 3.000 mA·h de capacidade.

Ao conectar-se as células cilíndricas 18650 juntas, para formar os módulos de uma bateria (e, os sub-módulos nos casos de pacotes de baterias maiores), pode-se utilizar cordoalhas de cobre ou tiras de níquel. As tiras de níquel permitem uma montagem de menor volume e peso do pacote. Prefira utilizar tiras de níquel puro, em vez de aço niquelado, para uma menor resistência e perda por aquecimento nos condutores, o que reduz, inclusive, a vida útil das células do pacote. Contudo, neste caso, para soldar as tiras de níquel sobre os polos das células você precisará de uma ferramenta especial: o soldador a ponto, que você mesmo pode construir.

Maneiras para se Conectar Células de Bateria Cilíndricas
Empregando cordoalha de cobre, você pode utilizar cintas elásticas (feitas da borracha de câmera de pneu cortada) para prender e tensionar (não soldar) a cordoalha (superior e inferior) junto aos polos das células e, posteriormente, enrijecer a estrutura encapsulando-a em tubos de PCV termo retráteis. Isso resulta em maior volume e peso do pacote da bateria, mas, evita precisar do soldador a ponto também no momento quando ocorrer uma manutenção com substituição de células, além de prover um conjunto rijo e bem fechado.

Planeje sua configuração de célula para garantir que você está estabelecendo a bateria corretamente, em termos de Tensão Nominal de saída e em termos de Capacidade de Energia / Carga Elétrica, e também para mostrar-lhe as dimensões físicas finais do volume do pacote.

Células de Li-íons com fator de forma 18650 atuais têm gama de padrões de Capacidades de Carga Elétrica entre 1500 mA·h  e 3400 mA·h, sendo que as células de capacidades mais altas correspondem as mais modernas disponíveis no mercado. Quanto a Tensão Nominal da célula, ela é declarada para ser entre 3,6 V e 3,7 V (variando 0,1 V por conta do tipo específico de química da célula).

Portanto, para atingir o valor de tensão de 36 V (um valor que é adequado, praticamente padrão para os pacotes de baterias usados como fonte de alimentação das e-bikes), precisaremos ter 10 unidades delas associadas em série (10 x 3,6 V = 36 V).

Já, caso optemos por utilizar células bem conhecidas, como a Panasonic NCR18650B, cuja capacidade de carga (de cada célula) é de 3400 mA·h (ou 3,4 A·h), com 4 unidades delas associadas em paralelo nós atingimos uma capacidade de carga total do pacote de 13,6 A·h (pois, 4 x 3,4 A·h = 13,6 A·h), um valor de capacidade de carga que já é bastante aceitável para uma e-bike Pedelec básica (de 250 W).

Podemos acrescer mais uma célula em paralelo (para cada grupo ou módulo), passando, assim, para um valor de capacidade de carga total do pacote superior (de 17 A·h), e o arranjo fica com 5 x 10 células: 5 (células em paralelo) x 10 (células em série), totalizando 50 células.  17 A·h é um valor de capacidade já bastante adequado para uma boa operação de uma e-bike S-Pedelec de 350 W.

Isso estando decidido, quanto irá custar? Só isso já custa em torno de US $ 480, enquanto que arriscar-se com células de procedência duvidosa pode sair pela metade do preço, mas, considere que o Brasil é um país que sofre por receber remessas de produtos de 2ª linha muito ruins. Caso você ache esse preço muito caro, você pode reduzir o arranjo por eliminar 10 células, ficando 4 x 10 em vez de 5 x 10, o que retorna a capacidade de carga do pacote de bateria para meros 13,6 A·h, porém, mantendo a tensão nominal dele em 36 V.

Um pacote de baterias não consiste apenas das células de Li-íons e de suas interligações: ele requer, também, alguma eletrônica extra que lhe proveja um mínimo de operação segura. Isso é realizado por um dispositivo tecnicamente denominado de BMS (do inglês Battery Management System) que controla o fluxo de energia no carregamento e no descarregamento, e que nas é-bikes costuma ser montado integrado ao corpo do pacote de bateria.

Um BMS monitora todos os grupos paralelos de células do pacote de bateria para cortar, de forma segura, a energia no final do processo de carregamento, equilibrando todas as células de forma aproximadamente idêntica, e também evitar que estes grupos de células sejam totalmente descarregados quando se esta alimentando o motor, durante na operação da e-bike.

Obviamente que um BMS para um pacote de bateria de uma e-bike não precisa ser tão complexo, e completo em funções, quanto é requerido de um BMS que é empregado nos pacotes de bateria maiores do carros elétricos, ou mesmo da motos elétricas e, por isso, as vezes ele costuma receber alguma denominação diferente, tal como, mais frequentemente, PCM (do inglês Protection Circuit Module), cujo emprego, porém, é mandatário, a fim de evitar alguma eventual explosão, incêndio e danos a pessoas e patrimônios.

Uma BMS para grandes pacotes, além de dispositivos semicondutores de eletrônica de potência (MOSFET) que fazem a função de regular o fluxo de energia por chaveamento, existe um completo subsistema digital que permite realizar medições efetivas e processar informações detalhadas a partir delas. Para os pacotes de baterias de e-bikes basta que o PCM realize comparações analógicas a valores de referência para saber se há, ou não, algum problema.

Um PCM é, de fato, um BMS simplificado, desprovido de funções de controle mais complexas e rigorosas aplicáveis a grandes pacotes de bateria. O PCM se restringe a uma função de equilíbrio para manter o estado de carga de cada célula em razoável equilíbrio, garantindo uma certa segurança e melhor vida útil para as células do pacote.

Isso é feito por se monitorar a tensão apresentada por cada um dos grupamentos de células que se encontram em paralelo. No caso, tendo-se um pacote bateria com tensão total de 36 V, dez pontos serão monitorados, havendo a necessidade de um fio condutor exclusivo para cada ponto monitorado. Algumas vez ele pode agregar, também, uma função de proteção térmica.


Este BMS / PCM (mostrado acima), que tem um custo irrisório comparativamente aos preços das células de lítio, equivale à integração, em uma única placa eletrônica, do total de 10 vezes o circuito de proteção de 1 uma única célula de bateria de lítio (figura mostrada abaixo), que provê balanceamento e proteções contra as seguintes condições indesejadas:
  • Subtensão: Quando a tensão do grupo de célula monitorado cai abaixo do limite de proteção contra sobre-descarga, isto é, 2,50V ± 0,1V, a porta do MOSFET de descarga é levada para o estado de nível baixo (MOSFET desligado) e a corrente de descarga é interrompida. Depois que ocorre um evento de subtensão, a tensão do grupo de célula é esperada para retornar para um valor seguro, maior do que 2,80V ± 0,1V, para liberar, automaticamente, a proteção da sobre-descarga;
Circuito Integrado de Proteção de 1 Célula de Bateria de Lítio
  • Sobretensão: Quando a tensão do grupo de células monitorado excede o valor limite da proteção de sobrecarga, i. e., 4,25V ± 0,05V, a porta do MOSFET de carga é levada para o estado de nível baixo (MOSFET desligado) e a corrente de carga é interrompida. Depois que ocorre um evento de sobretensão, a tensão do grupo de células é esperada para retornar para um valor seguro, menor do que 4,05 ± 0,1V, para liberar, automaticamente, a proteção de sobrecarga;
  • Sobrecorrente de descarga: Se uma condição de sobrecorrente de descarga é experimentada como visto quando um curto-circuito é experimentado nos terminais da bateria, o que requer uma proteção contra sobrecorrente limitada a 40A ± 3A, a porta do MOSFET de descarga é levada para o estado de nível baixo (MOSFET cortado) e a corrente de descarga é interrompida após um atrasos de tempo definido internamente ser excedido.

O que virá em seguida?


Ao começar a elaborar essa série de artigos sobre e-bikes, eu tinha um plano sobre o caminhos dos tópicos que eu pretendia seguir, mas eu não tinha, ainda, muita clareza quanto a abrangência (ou a profundidade) com que eu iria tratar cada um deles. 

A grande verdade é que, quando eu produzo um artigo novo eu também estou aprendendo, e muito, com a pesquisa que eu preciso fazer. Assim, sempre acaba surgindo novidades (novos interesses) nas quais eu me atenho e me busco pesquisar ainda mais e, consequentemente, eu repasso isso para o artigo. 

Assim, chego ao ponto de ver que essa parte 3 da série já está extensa, mas, ainda falta discorrer sobre tópicos importantes das E-Bikes, que complementam o que já vimos até aqui, tais como os que devem tratar sobre:
  • O Controlador do Motor e o(s) Sensor(es) para E-Bikes tipo Pedelec e Potência sob Demanda, e;
  • Os Tipos quanto a Construção e as Classes quanto a Posição de Instalação dos Motor Elétrico nas E-bikes.
Tudo isso eu carregarei para a próxima postagem que terá um título novo (diferente do dessa série). O título será: "Unidade de Acionamento de E-Bikes Pedelec e Potência sob Demanda -  Parte 1/2". Então, até mais.

Notas:


  1. Ciclovia é uma dentre várias opções técnicas de segurança de trânsito para melhoria da vida do ciclista. Ela pode ou não ser a opção mais segura ou apropriada. Em várias situações é mais apropriado ter faixas para ciclistas, sinalização, trânsito partilhado ou mesmo não fazer absolutamente nada. Em cidades de pequeno porte ou no interior de bairros onde o trânsito é de baixa velocidade e tranqüilo, ciclovias provavelmente são totalmente desnecessárias (Escola da Bicicleta - A bicicleta como modo de transporte).                                                                                                
  2. Estes preços são uma referência internacional, apenas, pois continua sedo complicado falar sobre preços de importados no Brasil, onde não apenas há impostos enormes como, também, taxas de envio incompreensíveis.

Veja Também:


Bicicletas Elétricas (e-Bikes) e Ciclomotores Elétricos (e-Mopeds) - Parte 1/3

Bicicletas Elétricas (e-Bikes) e Ciclomotores Elétricos (e-Mopeds) - Parte 2/3


Unidade de Acionamento de E-Bikes Pedelec e Potência sob Demanda - Parte 1/2


domingo, 8 de julho de 2012

O Brasil e a Energia do Lítio

Matriz Energética Brasileira e os Carros Elétricos:

O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 45,3% de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além das energias eólica e solar. As usinas hidrelétricas são responsáveis pela geração de mais de 75% da eletricidade do País. Vale lembrar que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes renováveis no caso de Países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento.

Se Fortaleza viesse a fazer como Nova York, dispondo-se a substituir toda a sua frota de táxis de veículos comuns por carros elétricos, de onde viriam baterias de lítio? Eternamente da China, da Coreia, do Japão ou dos EUA? Não necessariamente pois, o Estado do Ceará possui lítio no seu subsolo e o Brasil possui expertise tecnológica para a fabricação competitiva da bateria.

O lítio do Ceará, nos municípios de Solonópole e Milhã, está contido nos minerais que formam rochas denominadas de pegmatitos, ricas em insumos para cerâmica.

Estes minerais cearenses de lítio possuem nomes extravagantes, como ambligonita, espodumênio, lepidolita, dentre outros. Podem ter nomes exóticos, mas são minerais que possuem teores de lítio dez vezes maiores do que os teores encontrados nos cloretos dos salares da Bolívia, do Chile e da Argentina, considerados privilegiados futuros fornecedores.

Quando geólogos do United States Geological Survey - USGS e oficiais das forças armadas dos Estados Unidos que ocupam o Afeganistão declararam que o Afeganistão possui imensas reservas minerais de ferro, cobre, cobalto, ouro e lítio, alegorizando que aquele pais é "a Arábia Saudita do lítio", numa alusão ao petróleo saudita, uma missão do Ministério de Relações Exteriores, especificamente da Agência Brasileira de Cooperação, composta de técnicos dos setores de mineração e agricultura, entre eles o geólogo pela UnB e doutor em geociências pela Unicamp, João César de Freitas, viajou para Cabul e lá se decepcionou, tanto com os dados dos geólogos russos, quanto com os dos norte-americanos. Ele afiança que a crosta terrestre do Ceará convence muito mais do que aquela que é observada naquele país.

Sabe-se hoje que o lítio no Brasil está sendo tratado como mineral estratégico pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, que em recente encontro no CPqD, em Campinas, discutiu as baterias de lítio para uso em carros elétricos. É voz comum a afirmação de que a Bolívia tem as maiores reservas de lítio do mundo e que seu presidente Evo Morales afirmava não abrir mão dessas reservas para industrializar seu país. Ano passado anunciou-se que a produção de Carbonato de Lítio disparará com o início da extração no Salar de Uyun (Bolívia).

Lítio em Salar Uyun - Bolívia
O Ceará pode e deve dar mais um exemplo em relação ao uso de energia alternativa, aproveitando o lítio que as condições geológicas lhe deram. Atenção governo e empresários!

No Afeganistão existem minérios de lítio similares aos minérios brasileiros assim como minérios de lítio similares aos minérios bolivianos, com um pequeno detalhe: não estão quantificados e nem qualificados devidamente para serem lavrados.

O Brasil tem lítio nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais, assim como no Vale do Jaguaribe, no Ceará. Tem lítio com jazidas definidas pela Companhia Brasileira de Lítio que fabrica carbonato e hidróxido de lítio. Assim, o Brasil não dependerá da Bolívia, Argentina, Chile ou até mesmo do agitado e maltratado Afeganistão para suprir de lítio para quem quiser fabricar baterias para carros elétricos aqui.

A Estratégia Brasileira do Lítio e Uma Primeira Suposta Desventura:

Desde 2010 o Lítio passou a ser considerado estratégico no âmbito do  novo Código de Mineração Brasileiro. O lítio, insumo fundamental para baterias, poderá ganhar papel de protagonista na política mineral nacional, se aprovado na forma como foi enviado ao Congresso o novo código regulatório do setor. Por ele, cria-se a figura do mineral estratégico, cujas jazidas conhecidas poderão vir a ser leiloadas pela futura Agência Nacional de Mineração (ANM). 

O governo considera o lítio estratégico pela sua capacidade de armazenamento de energia, que pode ser aplicada aos veículos elétricos, e pelo fato de haver apenas uma grande jazida explorada, no Vale do Jequitinhonha (MG), pela Companhia Brasileira de Lítio (CBL), no município de Araçuaí. Por isso, as pesquisas e exploração de lítio podem aumentar consideravelmente no Brasil caso o Novo Código Regulatório de Mineração passe no Congresso. Isso é de grande importância, num momento em que  a corrida pela fabricação de baterias para carros elétricos começa a ficar desenfreada.  

Como já foi dito anteriormente, existe grande potencial de extração mineral no Ceará também. A CBL informa que há espaço para mais empresas explorarem o lítio, que no Brasil é utilizado em vidros, cerâmicas e tintas, produtos de menor valor agregado do que baterias de aparelhos eletrônicos. Neste caso, o lítio das baterias de aparelhos celulares é 100% importado.

Recentemente anuncio-se que o Estado do Ceará havia conseguido atrair a fábrica de veículos elétricos  Oxxor Motors Group do Brasil S.A. para a cidade de Trairi e que essa nova fábrica vai produzir desde pequenos carros de passeio até ônibus e caminhões elétricos. Além destes, bicicletas, vans, utilitários e até um trator elétrico serão produzidos no futuro.

Anunciou-se que os carros elétricos da Oxxor terão baterias de lítio e que poderão ser recarregados em tomada doméstica ou em estações de recarga rápida. Segundo a Oxxor, a unidade instalada em Curitiba – PR já vendeu cerca de 3 mil utilitários elétricos no país.

Mesmo o Brasil não tendo uma política tributária para incentivar o mercado de carros elétricos, a Oxxor aposta em incentivos estaduais, onde há isenção de IPVA, rodízio e tributação menor para este tipo de veículo.


Eu fico deveras feliz em saber que já devem existir, circulando por ai, Brasil afora, cerca de 3 mil carros elétricos. Todavia, o que realmente se sabe atualmente é que a Oxxor tem sede nacional no Paraná e pretende vender aqui vários modelos elétricos de origem chinesa. Entre os modelos há opções de picape, minivan, ônibus, caminhão, triciclo, quadriciclo, compactos, entre outros modelos elétricos.

Segundo a empresa, os modelos já têm até nome nacionalizado e há alguns modelos que são mais conhecidos como Chery M1 elétrico, uma picape cabine dupla da FAW, Changhe Ideal (Effa M100), Chery QQ3, Chana Benni, Wagon-R, Zotye 5008 (Terios), Tipicri (nome da empresa para o Toyota RAV-4 de nova geração), entre outros modelos elétricos de tamanho menor.

A questão é que essa empresa passou a ser denunciada tendo em vista a constatação de possível prática de pirâmide financeira e desde o final de 2011, o Ministério Público do Estado do Paraná vislumbrou a possibilidade de cometimento do crime de estelionato por parte da administração da Oxxor Motors Group do Brasil S.A. e, segundo consta, hoje, 3 anos após os primeiro anúncios, a OXXOR MOTORS BRASIL não tem nenhuma fábrica de automóveis no Brasil e que o seu presidente se apresenta em algumas cidades com uma carta de intenção, o que leva muitos prefeitos a ficarem eufóricos, cabendo destacar que isso pode ser uma estratégia para aparecer na imprensa e, assim, tornar mais fácil a aplicação do golpe.

Diante disso eu fico impressionado em ver como que, por mais que Deus nos abençoe grandemente com riquezas naturais e com potencial humano criativo, as coisas no Brasil acabam, quase sempre, sendo feitas de uma maneira completamente errada, fazendo nos parecer um pais de gente desonesta e incompetente. Parece até que, no seio da humanidade, não conseguimos ser outra coisa a não ser uma nação fadada estar sempre enrolada com maracutaias e vigarices. Até quando será assim?


terça-feira, 3 de julho de 2012

Expansão da Autonomia em Veículos Elétricos (VEs)


O Nissan LEAF tem uma autonomia de mais de 160 km (100 milhas) com uma carga completa de bateria (EUA modo LA4). Extensa pesquisa do consumidor demonstra que este intervalo satisfaz as exigências de condução diária de mais de 80% dos consumidores do mundo que dirigem carros. A figura ao lado mostra um intervalo de condução médio por dia em cada país.

Estudos mostram, ainda, que a maioria das jornadas de condução de veículos é curta e local - a duração média de viagem por veículo é de 9,5 milhas (15,3 km), incluindo viagens curtas e longas e viagens nos dias úteis e fins de semana. A figura a seguir mostra a distribuição de viagens e milhas por categoria distância da viagem, dos veículos nos EUA. A primeira distribuição é um resumo direto de todas as viagens relatadas pela distância da viagem. A maioria das viagens são muito curtos (61% de todas as viagens em um dia médio são de menos de cinco quilômetros de distância).

A segunda distribuição utiliza o total de milhas de viagens de passageiros em um dia normal (2,3 trilhões de quilômetros de transporte de passageiros) e a distribuição dessas milhas de distância da viagem. Esta é uma distribuição mais uniforme, por exemplo, 13,5 por cento de todos milhas diárias são em viagens de cinco milhas ou menos, e 15,3 por cento de todos milhas diárias são em viagens de 100 milhas ou mais.

Como a maioria dos motoristas não costumam viajar para muito longe em uma base diária, uma carga noturna de um Electric Vehicle (EV), Veículo Elétrico (VE), em Português, pode acomodar a necessidade de condução da maioria das pessoas, tipicamente semelhante à maneira como, a cada noite, as pessoas costumam carregar os seus telefones celulares, para iniciar o próximo dia com uma a bateria plenamente carregada, elas também irão conectar seus carros elétricos, em casa, a cada noite, em carregadores residenciais "lentos".

Quando falamos "lentos", podemos estar falando, sim, em intervalos de tempo para carga completa que podem chegar a 6 hs, 8 hs, ou mesmo a problemáticas 14 hs, com emprego dos equipamentos mais simples, os quais costumam acompanhar na hora da compra do carro, como parte do conjunto de acessório triviais dos VEs mas, porém, não necessariamente tão lentos, pois, podemos chegar com bastante facilidade e baixo custo de investimento extra, a prover a carga completa da bateria de um VE, em um intervalo de tempo total de, digamos, 3 a 5 hs. Isso, sem estressar nem a própria bateria, e nem a instalação elétrica das residencias médias.

Quando um motorista de VE precisar viajar uma distância média e, como resultado disso, ele desenvolve "ansiedade de alcance" (ou ansiedade de autonomia), destinos com acesso a carregadores podem ser usados para aliviar essa preocupação sobre como poder recarregar. No entanto, quando um motorista de carro elétrico precisa viajar longas distâncias, especialmente as distâncias próximas ou superior a faixa de autonomia do carro, a existência necessária dos postos de carregamento rápido tornam-se essenciais (caso contrário, ele irá prever enfrentar transtornos, e acabará usando um carro secundário de motor as combustão ao invés do VE).

Todavia, o usuário deverá sempre buscar preferir o método de carregamento lento, que é aquele que garantirá uma maior vida útil do conjunto de baterias, de modo que tais carregamentos, feitos em período noturno, ou de descanso do veículo, tendem a ser feitos, de maneira geral, nas próprias garagens das residências dos usuários ou proprietários de VEs.

As normas regulamentárias elétricas dos Estados Unidos estabeleceram requerer uma estação de carregamento conectada a um ramal de 240V, permanentemente disponível, salvo se estiverem disponíveis mecanismos adequados de comutação com intertravamento para assegurar que a corrente de carregamento possa ser seguramente ligada e desligada. A Nissan selecionou a empresa AeroVironment para fornecer suas estações de abastecimento de carga e serviços de instalação na América do Norte.

Usando carregador rápido de CC, a bateria pode ser carregada a 80% da capacidade em cerca de apenas 30 minutos. A Nissan desenvolveu o seu próprio carregador rápido 500 VCC que começou a ser vendido no Japão por ¥ 1.470.000 (cerca de 16,800 dólares EUA) em maio de 2010 e planeja instalar 200 nas concessionárias no Japão. Mas isso é muito caro e nem mesmo convém aos interesses dos eventuais proprietários de VEs, podendo servir mais para atender a politicas públicas em infraestrutura.

A Nissan adverte, ainda, que se o carregamento rápido for usado como a principal maneira de recarregar, então a perda de capacidade normal e gradual da bateria, durante um período de 8 a 10 anos, que é o período de duração estimado da vida útil da bateria, será cerca de 10% maior (ou até mais), do que quando se emprega a maneira regular de carga, ou seja, uma carga mais lenta.

Nos EUA, extra oficialmente, outras empresas também compatibilizam estações de carregamento, e as empresas e governos locais têm várias iniciativas para criar redes de estações de carregamento públicas.

Uma rede de abastecimento de veículos elétricos é um sistema de infraestrutura proposto para o acesso público às estações de carregamento para recarregar, para possíveis substituições de bateria dos veículos elétricos e normalmente envolvem fornecedores de infraestrutura do governo, fabricantes de automóveis e concessionárias de fornecimento elétrica, firmaram vários acordos para a criação de tais redes.

Em outubro de 2017, para o ano modelo 2018, a Nissan lançou a nova geração
Leaf no Japão, e as entregas na América do Norte e Europa começaram em
fevereiro de 2018. Em 2018, as vendas globais atingiram um nível recorde de
87.149 unidades, terceiro atrás do Tesla Model 3 e BAIC EC-Series.
A Nissan planeja dobrar a potência do carregador embarcado no LEAF de 3,3 kW para 6,6 kW, projeto a ser levado a cabo durante o ano de 2012, visando o ano de modelo de 2013. Eles também estão estudando a possibilidade de oferecer algumas atualizações para o modelo do ano 2011. Para o ano modelo 2014, a Nissan planeja, ainda, introduzir um carregador indutivo para recarga sem fios, algo baseado no princípio transformador. O sistema deverá apresentar um rendimento algo entre 80% e 90% de eficiência, mas os veículos já existentes não serão capazes, com facilidade, de serem equipados com esse novo sistema.

Um carro elétrico é bem adequado para o perfil da maioria das pessoas típica média de condução. Claro que isso não significa necessariamente que um VE funciona para todos os fins de condução. No entanto, quando considerando os padrões típicos de condução, a limitação de alcance do EV não devia ser uma questão empecilha, todavia, o paradigma de disponibilidade, construído pelo carro de motor a combustão, ainda está longe de ser totalmente vencido.

O principal paradigma a ser quebrado será sempre o de comparação dos tempos de carregamento do conjunto de baterias com o tempo de enchimento do tanque em um posto de gasolina. Isso faz com que fabricantes como a Nissan andem continuamente atrás do aprimoramento da tecnologia da bateria e da operação de carregamento, todavia isso sempre terá limites e, neste sentido, não existe milagres.

A característica de um acumulador de energia de qualquer tipo concebido, é que ele sempre será constituído de matéria e, consequentemente, será caracterizado por uma energia específica ou densidade de energia (quantidade de energia armazenada por unidade de massa).

No caso das células das bateria de Lítio-íon é de do LEAF o valor declarado para a densidade de energia é 140 W·h / kg e o da capacidade energética total de 24 kW·h

Se esses dados são honestos (e assim parecem pois, a maioria das baterias Li-ion conhecidas atualmente, operam em cerca de 100 -150 Wh / kg), e considerando que a densidade de energias é definida para apenas a massa das células da bateria em si, é possível, então, se calcular a massa total dos elementos acumuladores (células) da bateria do LEAF:


Como o pacote todo é avaliado em 300 kg, resta uma diferença de 128,6 kg que supõe-se que deva estar relacionado aos elementos de interligação elétrica existente entre as 4 células de cada módulo vezes os 48 módulos (que é o arranjo associativo do pacote da bateria do LEAF), além de outras peças, metálicas ou plásticas, e também da eletrônica de controle e monitoramento integrada, que compõem o pacote todo.

Densidade de energia é um desses conceitos muito importantes, mas que a maioria da pessoas comum não tem facilidade em concebem.

Densidade de energia é a relação entre a quantidade de energia contida em um dado sistema ou região do espaço e o seu volume ou a massa, dependendo de qual é mais útil no contexto deste sistema/região.

Não seria exagero dizer que o futuro de todo desenvolvimento voltado a energia renovável viável depende de aumentar a densidade energética das baterias, mas é difícil avaliar as reais chances de se atingir isso.

Digo isso, pois, mesmo que o desenvolvimento das tecnologias permita produzir baterias com densidade de energia, algo em torno dos anunciados 400 W·h / kg, a gasolina comum (sem mistura de álcool), por exemplo, oferece algo em torno de 13.000 / kg, ou seja, 30x mais densidade de energia. Veja na tabela abaixo, a comparação entre alguns exemplos de tecnologias:

Tecnologias de Armazenamento
Densidade de Energia por Massa (MJ/kg)
Densidade de Energia por Massa (W·h/kg)
Hidrogênio comprimido a 700 bar
143
39722
Gás natural comprimido a 200 bar
53,6
14889
LPG propano
49,6
13778
LPG butano
49,1
13639
Gasolina
46,9
13028
Óleo Diesel / residencial óleo de calefação
45,8
12722
Gasohol (10% etanol 90% gasolina)
43,54
12094
Jet A (combustível de aviação) / querosene
42,8
11889
Óleo biodiesel (óleo vegetal)
42,2
11722
Etanol
30
8333
Metanol
19,7
5472

A eficiência de um carro movido à gasolina é surpreendentemente baixa. Todo calor expelido como gases da exaustão ou que vai para o radiador é energia desperdiçada. O motor também usa bastante energia para acionar bombas, ventiladores e geradores em funcionamento. De tal forma que a eficiência global de um motor acionado por gasolina automotiva é de 20%. Isto é, cerca de 20% do conteúdo da energia térmica da gasolina é convertida em trabalho mecânico.

Um carro acionado por energia elétrica tem uma eficiência bem razoável. A bateria é cerca de 90% eficiente (a maioria das baterias gera algum calor, ou exige aquecimento) e conjunto motor/inversor elétrico tem eficiência de cerca de 80%. Isto fornece uma eficiência global de cerca de 72%.

A história, porém, tem outros ângulos. A eletricidade usada para energizar o carro foi gerada em outro local. Se sua origem tiver sido em uma usina que utilizou a combustão (sem apelar para o processo nuclear, hidroelétrico, solar ou eólico), somente cerca de 40% do combustível foi convertido em eletricidade. Carregar o automóvel exige a conversão da corrente alternada (CA) em corrente contínua (CC). A eficiência deste processo é de 90%, aproximadamente.

Portanto, se olharmos para o ciclo completo, a eficiência de um carro elétrico distribui-se em 72% para o carro, 40% para a usina geradora de energia e 90% para carregar o carro. Corresponde, portanto, a uma eficiência global de 26%. 

Esse exercício aponta para a importância de se considerar o sistema inteiro, não apenas o automóvel. Poderíamos dar mais um passo ainda indagando qual a eficiência do processo de produção da gasolina, do metanol ou do carvão. Não obstante, é bastante claro que os VEs irão se firmar no cenário mundial de veículos automotores, e também no Brasileiro.

Para entender por que está afirmação se justifica, repare que esta eficiência varia consideravelmente, dependendo do tipo de usina geradora de energia que tiver sido empregado. Algo próximo de 40% de rendimento para usinas geradora de energia é aquela que ocorre até mesmo na média mundial, a qual, infelizmente, ainda é fortemente dependente de combustíveis e, sem alternativas praticáveis para muitos países.

Se a eletricidade tiver vindo de uma hidroelétrica por exemplo, em termos energéticos ela praticamente foi gratuita e, ainda, ambientalmente, uma fonte renovável. Não tivemos de queimar combustível para gerá-la e, assim, a eficiência do carro elétrico, considerando o processo de conversão de energia, passaria a corresponder a algo em torno 65% (talvez até algo um pouco mais).

Isso porque a combustão é inexoravelmente ineficiente em si, por ser é uma reação exotérmica, ou seja, é uma reação química cuja energia é transferida de um meio interior para o meio exterior, assim aquecendo o ambiente.

Toda reação exotérmica será sempre uma reação química que libera calor, sendo, portanto, a energia final dos produtos bastante menor que a energia inicial dos reagentes e um exemplo disso é a reação de queima de produtos inflamáveis, como álcool ou a gasolina, que produzem muita energia, mas que não pode ser contida, isolada em seu meio.

Se você quiser conhecer alguns detalhes extra interessantes sobre a termodinâmica e processos de conversão de energia por combustão, veja isso no tópico Aquecedores de Água a Gás Natural Devem Colaborar com o Carregamento Doméstico de Veículos Elétricos, que se encontra postado neste mesmo Blog.

Evoluções no Carregamento de Veículos Elétricos:


Recentemente a Nissan anunciou que eles estão desenvolvendo tecnologias que permitam realizar a operação de carregamento das baterias a 80%, em um tempo igual ou menor do que 15 minutos (talvez 10 minutos). Tudo bem, isso é muito louvável, mas é preciso que se mantenha em mente, e sobre isso a própria Nissan, tem sido sempre clara em alertar, de que o carregamento rápido não deve ser mantido como padrão de carregamento, devendo dar-se a preferência ao carregamento lento, que convém ser feito em um período de repouso do veículo.

Já se vai 1 ano e ½ desde que o Nissan LEAF foi introduzido comercialmente, e está cada vez mais evidente que ele está se tornando o primeiro VE de produção em massa, pouco a pouco, cada vez mais acessível e confiável. O fato da Nissan desenvolver as sua própria bateria, podendo, assim, buscar adequá-la às características originais do carro, continuamente aumentando a eficiência energética do VE, colabora com o sucesso disso. Da mesma forma, esta lógica também se aplica ao Motor e ao Inversor, desenvolvidos de modo a prover uma arquitetura de VE de conceito simples e preciso.


Numa arquitetura simples e eficaz, todas as questões nevrálgicas se voltam mesmo para a bateria, que determina a autonomia do carro mas, principalmente, sua durabilidade e seu custo. Assim como a concepção do lendário Fusca da Volkswagen foi revolucionária o bastante para provocar sua massificação no mercado brasileiro nos anos 60 e 70, o Nissan LEAF, tendo sido concebido como um veículo de produção para o consumidor em geral, e a Nissan mantendo, convenientemente, uma política de tratá-lo como mais do que simplesmente mais um carro, essa mesma oportunidade se redesenha agora, na era dos EVs: só precisa vir a ser vendido a um preço realmente acessível para a maioria dos motoristas brasileiros e, para isso, aumentar a densidade de energia da bateria, ao mesmo tempo em que se reduz o custo de produção da mesma é a chave para aumentar o sucesso comercial desse carro.

Quando o LEAF foi lançado, possivelmente um dos aspectos da sua tecnologia que mais surpreendeu os engenheiros de outras montadoras, e deu margem para se estabelecer uma formação de opinião de certo ceticismo, foi quanto ao fato da bateria do Nissan LEAF não ter nenhum sistema de arrefecimento, propriamente dito.

Fazendo assim, a Nissan apostou na sua capacidade de obter uma bateria e um desenho de montagem do pacote de características especiais, não apenas olhando para a densidade de energia e para o custo, mas também para um o possível ajustamento da resistência interna da bateria para baixo, que é o que pode fazer a temperatura da bateria ser mantida, naturalmente, mais baixa.

Quando uma bateria tem um sistema de arrefecimento, recorre em mais custo e mais espaço necessário para instalar o sistema. De fato, andando em outra direção, alguns fabricantes estão desenvolvendo novas baterias dotadas sistemas de arrefecimento líquido bastante sofisticados. Não obstante, todo sucesso comercial de um produto reside sempre na simplicidade e na eficiência, foi desta maneira que o fusquinha, também sem sistema de arrefecimento líquido, conquistou o Brasil.

A Nissan alega que uma bateria que pode manter baixa a sua temperatura de aquecimento, sem um mecanismo de arrefecimento é também mais duradoura pois, tal bateria simplesmente funciona evitando o sobreaquecimento comece, todavia, como sempre, será a real satisfação do cliente, ao longo dos próximos oito anos (quando os primeiros LEAFs terão suas baterias originais completando os dez anos de vida útil prometida) que determinarão o sucesso dessa tecnologia.

A estrutura dos módulos de bateria é estrategicamente fina, mas com uma larga superfície de contato, o que, de fato, torna as qualidades de transferência calor melhoradas. Mas fazer com que esse designe laminado fino trabalhasse como parte integrante da realidade do automóvel foi um dos grandes desafio que exigiu um desenho cuidadoso do veículo, que tornasse possível proporcionar um maior espaço para uma montagem em disposição mais horizontal possível dos módulos de bateria, que é também uma das razões pela qual o sistema de bateria do LEAF não precise de um mecanismo de refrigeração especial e, ainda assim, manter um desempenho de segurança.


Em uma “suposta torção” naquilo que concerne ao carregamento convencional de VEs, a Nissan desenvolveu recentemente um sistema que permite que um EV forneça a eletricidade contida em sua enorme bateria, a fim de alimentar uma residência ou um estabelecimento, em uma situação emergencial e de contingência em que há uma queda ou falta de energia, como por exemplo, as primeiras 48 horas após um tsunami.

Um protótipo desse sistema de carregamento instalado em um carro elétrico Nissan LEAF foi apresentado no Japão no final de Julho/2011. O sistema pode ser usado para fornecer eletricidade por meio de um dispositivo de carregamento bidirecional, que normalmente converte a energia elétrica residencial para uma tensão apropriada para carregar a bateria do carro, a qual poderá agora ser reconvertida para alimentar energia de volta ao circuito doméstico.

Obviamente que, para o aproveitamento dessa energia, o circuito da rede local da casa deve ser isolado da rede de distribuição pública, com o desligamento da chave principal, no painel de entrada de energia, para que a energia não fuja para fora. Um outro caso é que a rede elétrica inteligente (Smart Grid), pode, também, “negociar” com um EV, fazendo com que ele só esteja autorizado a se carregar a partir dela, por exemplo, no horário compreendido entre 00:00 hs as até as 07:00 hs, mesmo podendo o veículo ainda, estar previamente conectado a estação, poderá “revender” a sua energia armazenada, no horário de pico de consumo, por exemplo, entre 18:00 hs e 22:00 hs.

Como a bateria de íon de Lítio do LEAF pode acumular até 24kW·h (quilowatts·hora) de eletricidade, que a Nissan estima ser suficiente para abastecer uma casa média japonesa para cerca de dois dias, isso significa que se o sistema for utilizado racionalmente, por apenas algumas horas durante o dia, o carro seria ainda retêm energia suficiente para fazer viagens.

Veja Também:


Bateria de Veículos Elétricos (VEs) - Nissan LEAF





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