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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Motocicleta Zero DS 2010 - Modificada e Emplacada com Certificado de Segurança Veicular (Parte 4/4)

Motor Revolt RV-160 Pro e Controlador Kelly KEB Aplicados à Atualização de uma Motocicleta Zero DS ano 2010


Prosseguindo do ponto em que nós paramos na postagem anterior, agora consideraremos sobre outras entradas de controle existentes no Controlador de Motor Kelly KEB a fim de aplicá-lo na atualização da Motocicleta Zero DS 2010:

  • Throttle (Pino 5 do conector J2 do controlador Kelly KEB): É uma entrada analógica, do tipo de que recebe um sinal de tensão que pode variar ao logo do tempo entre 0 V ~ 5 V, cuja função associada é a do controlador responder com a variação da velocidade do motor de acordo de acordo com a magnitude do sinal analógico que entra.
Já, a origem do sinal analógico, é o potenciômetro (um resistor de resistência de valor variável) que se encontra alojado na manopla do acelerador da motocicleta (no diagrama de ligação do controlador Alltrax AXE mostrado anteriormente, isso é provido pelo potenciômetro que está representado ligado diretamente aos pinos 2 e 3 daquele controlador).

A resistência do potenciômetro (que, de fato, é um elemento sensor que detecta o ângulo de torção da manopla de aceleração) varia de acordo com a torção que é manualmente imposta à manopla do acelerador pelo motociclista. O valor nominal do potenciômetro é, tipicamente, de 5 kΩ (porém, o controlador Kelly KEB pode aceitar potenciômetros de valores nominais desde 2 kΩ até 20 kΩ).

Se o potenciômetro possui uma conexão a três fios (o que não é o caso do potenciômetro que se encontra na manopla de acelerador original da motocicleta Zero DS), o fio associado ao seu cursor (elemento central deslizante do potenciômetro) deve ser conectado ao pino 5 do conector J2 do controlador (sinal Throttle 0 ~ 5 V) do controlador Kelly KEB, enquanto a extremidade do potenciômetro em que cursor se aproxima quando o acelerado é solto (posição de repouso do acelerador) deve ser conectada ao GND (pino 2 ou pino 3 do conector J2 do controlador Kelly) enquanto a extremidade oposta é conectada à saída de alimentação +5 V (pino 7 do conector J2).

Contudo, o potenciômetro não precisa ter, necessariamente, ser empregado em uma conexão a três fios: um acelerador com potenciômetro de 5 kΩ, a apenas dois fios, também pode ser empregado (e, esse é o caso específico que encontramos na motocicleta Zero DS origial). Neste caso, conectado, apenas, entre o pino 5 e o pino 2 (ou pino 3) do conector J2 (respectivamente, entradas Throttle e GND desse controlador, não requerendo ligar a alimentação de +5 V).

A diferenciação entre os dois modos de ligação do potenciômetro anteriormente descritos deve ser confirmada com a definição adequada a ser feita na configuração do respectivo parâmetro do controlador que a ela é associado a ela, ou seja, no parâmetro relativo ao Tipo de Sensor de Acelerador (Throttle Sensor Type), conforme pode ser visto o documento que trata sobre Kelly KEB Controllers Configuration Program Online Demo/Help. Assim, se o potenciômetro é a dois fios, deve ser selecionado o tipo 0 ~ 5 k (em vez do tipo 0 ~ 5 V, como mostrado na figura a seguir).


A parametrização do controlador da Kelly prevê, ainda, a possibilidade do emprego de um acelerador com sensor de aceleração do tipo Hall ativo (um tipo de sensor de efeito Hall que tem resposta linear, de moro que ele é adequado para detecção de posição angular da manopla do acelerador). Nesse caso, o sensor opera, tipicamente, alimentado por 12 V, porém fornecendo um sinal de saída analógico de tensão variando na faixa de 1 ~ 4 Volts.

Sensores do tipo de efeito Hall, tanto os digitais (que fazem a função liga / desliga tal qual interruptores ou chaves) bem como os sensores do tipo de efeito Hall analógicos (também chamados de sensores de efeito Hall lineares, os quais podem fazer, por exemplo, a função que se assemelha a de potenciômetros) têm, ambos, apresentado uma empregabilidade cada vez maior nas aplicações de e-bikes, de modo geral, porque eles permitirem uma atuação do sensor que é livre de contatos físicos diretos (apenas pela aproximação ou afastamento de pequenas peças de ímãs, que são os elementos que fazem atuar os sensores de efeito Hall) e sem que haja partes mecânicas móveis, de modo que, consequentemente, eles são componentes com invólucros bem melhores selados (com um mais alto grau e proteção IP) e, portanto, menos suscetíveis a falhas e mais duráveis, mesmo debaixo de condições ambientais severas, as quais são tipicas da operação de uma motocicleta.

O Sinal Throtlle e o Main Motorcycle Control Module (ou MBM - Main Byke Module, as vezes também titulado pelo acrônimo MBB - Main Byke Board, ou seja, o controlador dedicado e principal da motocicleta Zero), a cilada do Controlador Dedicado da Motocicleta:

Há um pequeno entrevero com o qual nos deparamos para ligar o Potenciômetro de Aceleração ao Controlador do Motor, na motocicleta Zero DS 2010 ao modificá-la para o novo conjunto motor / controlador de motor:

Tal como está declarado no Manual do Usuário da Motocicleta Zero S / DS 2010 na página 6-6 sob o tópico “Safety Interlocks” o Controlador Dedicado da Motocicleta (que não deve ser confundido nem com o Controlador do Motor (Alltrax ou Kelly), e nem com o BMS (Batery Managment System)), é que ele se “intromete” no meio do Sinal do Acelerador (Sinal de Throtlle), de modo que o Controlador Dedicado tem prioridade para habilitar (ou não) a passagem do sinal Throttle (que se origina no potenciômetro do acelerador), antes que ele possa chegar chegar até o controlador de motor original (o Alltrax AXE 7245).

Isso significa dizer que o sinal Throttle não é ligado diretamente desde o potenciômetro do acelerador até controlador do motor, mas. sim, que ele é obrigado a passar pelo módulo MBM (ou Controlador Dedicado da Motocicleta) que, inclusive, pode modificar tal sinal, enquanto nós ficamos sem saber exatamente como ele é modificado, pois nós não temos nenhuma documentação detalhada acerca do MBM que nos informe como, exatamente, o sinal Throttle é tratado internamente a esse controlador.

Essa dependência do sinal Throttle com relação ao módulo MBM / MBB (Controlador Dedicado da Motocicleta), além de ser declarada no manual do usuário, foi descrita, também, em um site de Internet de discussão sobre atualização da motocicleta Zero S / DS 2010 usando a seguinte figura ilustrativa:


Duas coisas são importantes para se extrair da figura acima:
  • O Potenciômetro do Acelerador original da Motocicleta Zero S / DS 2010 é de resistência nominal 5 kΩ (o que o torna apto a permanecer operando, sem problemas, no sistema com o novo controlador Kelly KEB);
  • Ele é do tipo “conectado a dois fios”, tanto pelo lado do cabo elétrico que o liga do potenciômetro do acelerador para o módulo MBM (o controlador dedicado e principal da motocicleta Zero), quanto pelo lado do cabo elétrico que o liga do MBM para o controlador Alltrax AXE.
Outra coisa certa é que, olhando para mais de um documento de cabeamento do controlador Alltrax AXE (todos obtidos no site da Alltrax) fica claro que esse controlador possui apenas 2 terminais para receber o sinal Throttle (pinos 2 e 3 no painel do Alltrax AXE). O controlador de motor original (Alltrax) recebe tal sinal (Throttlle), a dois fios, somente após ele passar pelo MMB.

A causa pela qual o MBM precisa fazer a função de habitar / inibir o sinal Throttle, que passa por ele antes de seguir para o controlador do motor, é baseada em motivos de segurança da operação da motocicleta que são bastante justos. Tratam-se de monitoramentos de certas condições críticas relativas a operação, as quais somente a operação conjunta dos módulos MBM e BMS pode prover (e os controladores de motores, seja o Alltrax AXE ou o Kelly KEB, por si sós, não poderiam fazer).

São quatro condições em que não se pode permitir que a motocicleta seja acelerada, a saber:
  1. Se o Cabo do Carregador Embarcado se encontra conectado à rede (o carregador embarcado QUIQ avisa o BMS que por sua vez avisa o MBM   para inibir a aceleração do motor);
  2. Se o Pacote de Bateria está plenamente descarregado (com energia armazenada no pacote abaixo de um limiar mínimo de energia aceitável);
  3. Se a Temperatura Interna do Pacote de Bateria está muito alta (o BMS avisa o MMB quanto a isso);
  4. Se algum dos módulos do pacote de bateria está com acarga de suas células relativamente desbalanceada, em demasia, com relação aos demais módulos do pacote (isto é, se algumas células de Li-íon estão muito mais descarregadas do que as outras, também o BMS avisa o MBM quanto a isso).
Como se vê, estes são motivos importantes que justificam se pretender inibir a aceleração da motocicleta e, portanto, é bom que isso seja mantido assim, ou seja, é bom que haja a intervenção do MBM sobre o sinal Throttle, uma vez que não existe nos controladores de motor (seja no Alltrax AXE ou no Kelly KEB), uma outra entrada de controle qualquer que esteja disponível, por meio da qual o BMS pudesse intervir, diretamente, nesses controladores, bloqueando que eles entreguem energia ao motor, por algum motivo de segurança da bateria.

Apesar de não haver disponibilidade de documento algum fornecido por parte do fabricante da motocicleta que permita entender, exatamente, qual o tipo da modificação que o MMB faz sobre o sinal Throttle que ele recebe (e depois repassa para o controlador do motor), me parece bastante óbvio deduzir que ele fornece em sua saída um sinal padrão 0 ~ 5 kΩ, por ser empregada uma ligação a apenas 2 fios.

Para comprovar a acercar disso bastou eu tomar o controlador de motor Alltrax AXE que antes estava instalado na motocicleta, e olhar para o LED sinalizador multicolorido que há no seu painel (próximo aos terminais de controle desse controlador) no momento em que esse controlador é energizado (logo quando surge tensão de alimentação Key Switch (KSI) Voltage no pino 1 desse controlador). O número de piscadas consecutivas do LED na cor verde indica, especificamente, o tipo de sensor analógico de aceleração que está configurado na parametrização do controlador.

Segundo o Manual de Operação Alltrax Model AXE Series, existem 7 eventuais modelos de sensores de Throttle que podem ser configuráveis para operar com tal controlador, sendo, os três primeiros deles: 1 piscada na cor verde = 0 ~ 5 kΩ (potenciômetro em que a resistência aumenta a medida que se acelera); 2 piscadas verdes = 5 ~ 0 kΩ (potenciômetro em que a resistência diminui a medida que se acelera); 3 piscadas verdes = 0 ~ 5 V. Assim, confirmando a ocorrência de apenas uma piscada na cor verde, ao se energizar a alimentação do controlador Alltrax, esta confirmado o modo que o MMB deve fornecer sinal Throttle, que realmente é do tipo de padrão 0 ~ 5 kΩ (tal como um potenciômetro em que a resistência aumenta a medida que se acelera).

Todavia, note que não é absolutamente necessário que o sinal Throttle (sinal originário do potenciômetro do acelerador) passe primeiro pelo MMB para, só depois, seguir para o controlador do motor (no caso, o novo controlador Kelly KEB72121E que está sendo introduzido para controlar o novo motor Revolt RV-160 PRO), pois, se o objetivo disso é para que o do MMB possa inibir o controlador do motor de causar a aceleração do motor quanto há a eventualidade de uma condição de falha, o MMB pode continuar cumprindo essa mesma função, simplesmente porque ele a opera de modo redundante, ou seja, ele o faz, também, por uma outra via.

Essa outra via (redundante) existe, pois, é por meio do MMB que o tensão de alimentação (Key Switch (KSI) Voltage) é fornecida para o controlador do motor, que também é controlada, ou seja, sob as mesmas condições de falha alistadas anteriormente, simplesmente o MBM não permitira passar a alimentação para o controlador Kelly.

Assim, o ideal, mesmo, é que o sinal Throttle vindo do potenciômetro seja enviado diretamente para o controlador do motor Kelly KEB, enquanto que, por sua vez, o MBM seja “enganado” recebendo em sua entrada um sinal de acelerador falso, via um resistor fixo de valor R qualquer de resistência menor do que 5 kΩ (mas que seja > 0 Ω). No caso, optou-se por empregar um resistor fixo de 330 Ω para realizar isso.

Assim, essa é mais uma modificação a ser feita: incluir um resistor fixo de 330 Ω entre os pinos 2 e 3 do Conector J11 do Painel Elétrico Principal (conector de 12 pinos fêmeas alojado na tampa desse painel elétrico), desviando a fiação original pre-existente, que vem do potenciômetro do acelerador, para seguir diretamente para os pinos 5 e 2 do Conector J2 do controlador Kelly KEB.
  • Brake_SW (Pino 10 do conector J2 do controlador Kelly KEB): É uma entrada digital que detecta o início do acionamento da(s) alavanca(s) de freio que, tal como as demais entradas digitais existentes nesse controlador (Reverse_SW e Micro_SW) é ativada quando levada para nível lógico 0, ou seja, quando ela é conetada para o GND (ou RTN, pino 2 ou pino 3 do conector J2 do controlador Kelly KEB).
O emprego dessa chave é fundamental para que se possa avisar ao controlador que ele deve cortar a energia que ele envia ao motor, imediatamente, porque o freio foi acionado. Contudo a ativação dela é empregada, também, para dar início à função regeneração, quando este é o caso, no modo Brake Switch Regen, que significa que a função regeneração é iniciada tão logo que o interruptor do freio é ativado (desde que o acelerador já esteja libertado e tenha retornado, pela força de sua mola, a posição zero de aceleração).

Algumas Partes do Sistema da Motocicleta Zero DS 2010 (que são externas à caixa do Pacote de Baterias / Painel Elétrico)

Para prover isto basta que cada uma das alavancas de freios tenham como sensor um simples interruptor elétrico que informa início do acionamento delas (mesmo que se puxe bem pouco a alavanca de freio este sensor deve atuar). Esse tipo ativação para a Função Regen (Brake Switch Regenpode até não ser o melhor dos modos de controle da Frenagem Regenerativa, mas, já é um bastante satisfatório (bem melhor do que o modo Throttle Release Regen que, se empregado, não permite transitar em roda livre por declives).

Porém, vale lembrar que ainda existe uma outra (e última) maneira possível de ativar a Função Regen, que me parece ser ainda mais apropriada em todos os aspectos para a aplicação de motocicleta, denominada 0 ~ 5V Analog Signal Variable Regen, como veremos mais adiante (no próximo sub-tópico).

Algumas questões importantes a serem levantadas aqui, são: Será que ambos, tanto a alavanca de freio dianteiro, quanto o pedal de freio traseiro da motocicleta Zero DS ano 2010 possuem um interruptor como sensor de freio? Este sensor de freio (se houver) é adequado para ser empregado para avisar o controlador Kelly KEB para desativar o fluxo de energia do controlador para o motor (e, se for o caso configurada como habilitada) ativar a Função Regen?

É certo que toda motocicleta precisa possuir uma sinalização luminosa adequada para avisar aos demais veículos em trânsito quando ela está freando (a luz de freio) e que tal sinalização só é ativada quando, efetivamente, se aciona um das alavancas do freio (dianteiro e / ou traseiro). Assim, é óbvio que a motocicleta Zero DS 2010 precisa possuir (e, de fato, possui) uma micro-chave associada ao seu manete de freio e, também, uma outra chave elétrica que é hidraulicamente pilotada, empregadas, respectivamente, como sensores dos freio dianteiro e traseiro.

Entretanto, eu penso que, a princípio, se deva levantar alguma suspeição sobre se estas chaves realmente se adequam para emprego como sensor de freio a fim de comandar o inicio da função REGEN durante a operação do motor.

Uma notificação publicada pela NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration's Vehicle Safety) na data de 02 de Julho de 2012, que eu encontrei na Internet da conta da ocorrência de um RECALL do fabricante Zero para as motocicletas Zero S e DS (além de outros modelos de 2010 a 2012) para correção do seguinte alegado problema original de fábrica: “o interruptor da luz de freio, na alavanca do freio dianteiro, pode não ativar até que um movimento bastante significativo da alavanca de freio seja realizado”.

Então, a boa notícia é que existe, sim, nas alavancas de freios, chaves elétricas associadas as a elas, as quais nós podemos tomar sinais de modo a poder ativar a entrada entrada Brake_SW do controlador do motor Kelly KEB,mas, a má notícia é que tais chaves além de poderem não ser adequadas para o emprego nessa aplicação, pois, é necessário que o tal interruptor atue seguramente, bem cedo, assim que se começa a mover a alavanca de freio, para que o controlador corte de imediato a energia que é enviada ao motor, tão logo quando se aciona o freio, também é preciso notar que elas estão comprometidas com a função original delas que é a de acionar as luzes de sinalização de freio, que operam sob o sistema de alimentação de 12V motocicleta.

Fato é que o controlador original da motocicleta, o Alltrax Model AXE tem uma quantidade bem menor recursos por meio de entradas de controle, comparativamente ao Kelly KEB. Deveras, o Alltrax não possui sequer um conector específico para sinais de controle diversos, tal como o Kelly KEB tem o seu conector J2 e, por isso, para efeito de controle do motor ele não usa (não requer) ser informado por um sinal de sensor de freio algum (nem ao menos um sinal digital, tal como o sinal Brake_SW, e menos ainda um sensor analógico de freio, que é algo discutiremos mais adiante). A verdade é que o controlador Alltrax AXE não realiza função regeneração durante frenagens, mas, ele apenas bloqueia o motor em função da informação do potenciômetro do acelerador indicar uma resistência próxima a 0 Ω.

Já, o controlador Kelly KEB, por sua vez, tem uma entrada específica para esse tipo de sensor (entrada Brake_SW), não obstante o fato que o efetivo emprego dela seja opcional, ele é mandatário quando ao sistema se aplica o emprego da Função Regen. Em outras palavras, o controlador Kelly pode atender, de certo modo, a uma aplicação de máquina que requeira Operação em 4 Quadrantes para excitação do motor elétrico, onde temos 4 situações distintas, as quais, de modo resumido, são as seguintes:
  • No 1º Quadrante: Aceleração, ou manutenção da velocidade estável do veículo, com locomoção em Sentido Avante (Modo Tração em locomoção para avante). Assim, as variáveis: Velocidade e Torque do Motor, assumem por convenção, ambas valores positivos. O motor está absorvendo energia da bateria (a energia vai da bateria para o motor) e este converte em energia mecânica (cinética) tracionando as rodas, movendo a Carga do veículo;
  • No 2º Quadrante: Frenagem do veículo, com locomoção em Sentido Avante. Caracteriza-se pela situação de Frenagem do Motor e, pela natureza operacional do sistema, ocorre sempre que a Referência de Velocidade (sinal Throttle) imposta pelo motorista ao Controlador do Motor (informada pelo Potenciômetro do Acelerador) passa a solicitar uma velocidade de valor inferior do que o valor da velocidade atual (nREF < nATUAL).
Em outras palavras, bastaria que se alivie a torção do acelerador para que entremos no Modo Frenagem (Modo Freagem Regenerativa). Em oposição ao que ocorre no 1º Quadrante, não estamos tomando energia da bateria (ou de qualquer outra fonte), mas, sim, procuramos um caminho para consumir a energia que já estava acumulada antes na máquina (e que agora causa o movimento de inércia dela).

A regeneração tem forte efeito de frenagem, mas, como nem sempre existem efetivas condições que garantam a realização da regeneração (nem sempre a bateria pode assimilar uma carga extra), o consumo feito por via mecânica (freios) é sempre requerido.

Como o veículo (e toda a massa contida nele) continua se movendo para avante, a variável Velocidade, tal qual no 1º Quadrante, ainda tem sinal positivo mas, a variável Torque, que precisará, agora, agir contra o movimento de inércia, por conta disso passa a ter sinal negativo;
  • No 3º Quadrante: Aceleração ou manutenção da velocidade estável, com consumo da energia da bateria e com tração da carga (portanto, também é Modo Tração), tal como no 1º quadrante, só que agora a locomoção é no sentido reverso, ou seja, isso ocorre quando estivermos acelerando ou mantendo velocidade, com o veículo em Marcha a Ré. Agora, neste caso, ambas as variáveis, Velocidade e Conjugado têm o mesmo sinal, ambos sinais são negativos. Todavia, em geral, operação em marcha a ré não se aplica ao caso da operação de motocicletas;
  • No 4º Quadrante: Modo Frenagem do veículo, só que agora no sentido reverso, ou seja, de desaceleração em Marcha a Ré. Obvio, então, que a Velocidade é de sinal negativo e, o torque da máquina elétrica, que se opõe ao movimento de inércia, é de sinal positivo.
A motocicleta Zero DS 2010 requer operar apenas nos 1º e 2 º quadrantes (para tracionar, deslocando-se avante, e para frenar avante, com frenagem regenerativa). Note que, apesar da frenagem regenerativa ajudar a motocicleta a parar mais rapidamente, um outro objetivo do emprego dela, tão ou mais importante, é o de recuperar energia, recarregando o pacote de bateria. 

Ao contrário da sua linha de motocicleta de trilha Zero modelos X e MX (atualmente FX), que usam atuadores manuais de estilo bicicleta, com transmissão do freio por cabo de aço, tanto para o freio dianteiro, quanto para o traseiro, os modelos S e DS do ano 2010 empregam um atuador de freio dianteiro acionado pela mão direita e uma alavanca com retorno por mola interna para o freio traseiro, acionado pelo pé direito, em ambos os casos com a atuação do freio por transmissão do tipo hidráulica.

A freio dianteiro é realizado por um único disco rotor de aço inoxidável (com botões de montagem que permitem flutuação), premido por uma pinça de pistão duplo, enquanto o disco rotor (também flutuante) traseiro é premido por uma pinça de pistão simples. A luz de freio também acende quando o pedal do freio traseiro é aplicado, o que indica a existência de um sensor de freio específico que informa a atuação do freio traseiro. O manete de freio dianteiro atua diretamente no Cilindro Mestre (anexo ao reservatório de fluido de freio dianteiro), o que torna uma eventual troca do manete de freio dianteiro, além de uma operação custosa, também complicada.

Contudo, qualquer esforço em se tentar adaptar sensores de freio mais adequados para a motocicleta Zero S / DS 2010 pode ser algo muito importante para ser considerado, pois, uma característica ruim do projeto original dessa motocicleta é, justamente, quanto a um grande cuidado que se deve tomar para operá-la, a fim de coibir um hábito inadequado que é comum aos motociclistas que aprenderam a dirigir a partir de motocicletas com motores a combustão.

Segundo consta em vários pontos do manual do proprietário da motocicleta Xero S / DS 2010, ao frear, o acelerador já deverá estar retornado na posição neutra, enquanto também se deve usar apenas o freio (em geral, o traseiro) quando se está parado em um aclive, sendo altamente recomendável não se segurar a motocicleta usando aceleração parcial, pois esse hábito de condução é conhecido por causar as avarias mais comuns do motor elétrico (o motor Agni 95-R controlado pelo Alltrax AXE, causando (bastante frequentemente) a queima do coletor desse motor escovado original da motocicleta.

Com a adaptação de sensores de freio adequados em ambos, dianteiro e traseiro, com seus contatos atuando em uma associação em paralelo (perfazendo uma função lógica “ou”), então informa-se ao controlador Kelly KEB, tanto da ocorrência do acionamento do freio dianteiro, quanto do freio traseiro, a fim de que o controlador tome de imediato a ação correta: o interruptor do sensor de freio é usado para iniciar a Função Regen.

Mesmo que a Função Regen esteja desabilitada na configuração de parâmetros do controlador, ele ainda assim precisa ser informado sobre a ocorrência de frenagem a fim parar de enviar energia ao motor. Entretanto, por não poder aumentar custos, no caso, optou-se por aproveitar os sensores de freio originais da motocicleta Zero DS 2010 (mesmo eles não sendo os mais adequados).

Desse modo, criamos uma derivação a partir do mesmo sinal (de 12 V) que comanda o acendimento da luz de freio para acionar, também, um relé extra. O ponto da derivação a ser feita pode ser encontrado seguindo-se a fiação a partir do ponto imediatamente após o Fusível D, até localizar o ponto que fica imediatamente após a associação paralela dos Brake Switchs dianteiro e traseiro. Assim, a derivação a ser feita conduzira o sinal da Luz de Freio para acionar a bobina do relê que está sendo adicionado ao sistema. Obviamente que o relé extra precisa ter a bobina para ser acionado com tensão nominal de 12 V e, por sua vez, um contato normalmente aberto desse relê é que servirá para produzir o sinal Brake_SW para o controlador de motor Kelly KEB.

Assim, quando algum (ou ambos) dos freios é acionado, a associação paralela dos brake switchs produz o sinal de Luz de Freio, o qual aciona a bobina do relé extra de 12 V que, por meio der seu contato N.A., liga a entrada Brake_SW do controlador para GND (RTN).

Apenas para comentar, antes de concluir esse sub-tópico, adaptar sensores de freio adequados, e de preferência fazê-lo de modo que não que requeira a troca das alavancas do sistema atual (por conta do sistema ser hidráulico), deve se tornar uma operação extra, mandatária para uma mais perfeita atualização da motocicleta Zero S / DS 2010, a fim de empregar de uma maneira ótima o novo conjunto motor / controlador.

Sensor de freio (Brake Switch) do tipo Hall com conector e cablagem padrão Bafang – Para adaptação em alavancas de sistemas de freios hidráulicos

Isso poderá ser feito, em um novo retrabalho, a ser realizado futuramente, porém, por enquanto, simplesmente aproveitaremos os sensores de freio que já hão no sistema (e incluiremos o relé extra). Não obstante o fato de já termos decidido por isso, ainda precisamos falar de uma outra maneira (ainda mais adequada e refinada) para comandar a função regen.
  • Brake_AN (Pino 6 do conector J2 do controlador Kelly KEB): Como o próprio nome já diz, é uma entrada do tipo Analógica (AN) para receber o sinal de um outro sensor de freio, diferente e além do sensor de freio do tipo interruptor (digital) que se conecta para a entrada Brake_SW. O sensor que se conecta a entrada Brake_AN deve ser um sensor que apresente uma resposta linear, variando em tensão, de 0 ~ 5 V, em função da quantidade de frenagem mecânica que é empregada pelo motociclista. O emprego desse sensor é mandatário para que se possa desfrutar do modo de ativação da função regen denominado 0 ~ 5V Analog Signal Variable Regen (o modo mais inteligente de se comandar a função regen em uma motocicleta).
Este sensor pode ser um elemento do tipo potenciômetro, no que ele se assemelha ao sensor Potenciômetro Throtlle, só que a função dele é informar ao controlador em a quantos graus está sendo puxada da alavanca de freio. Há a possibilidade do emprego, também, de alavancas de freio com sensor do tipo Hall ativo, um tipo de sensor de efeito Hall que tem resposta linear, adequado para detecção de variação de posição angular ou da posição linear, conforme o tipo de instalação, se na alavanca ou no cabo, quando a transmissão do freio é por cabo de aço.

A função dessa entrada é a de, exclusivamente, dosar a função regeneração, ou seja, controlar a intensidade da frenagem regenerativa, controlando, consequentemente, a corrente com a qual o pacote de bateria da motocicleta é recarregado durante a atividade da função regen.

Desse modo, quanto mais premida é uma alavanca de freio, maior deve ser a intensidade associada a função regen (exceto se, por já estar, de antemão, muito carregada, a bateria não puder receber de volta sobre si a corrente de regeneração). Salvo a exceção mencionada, o sinal analógico de tensão 0 ~ 5 V que chega a entrada Brake_AN do controlador do motor Kelly KEB é empregado para controlar uma corrente de regeneração que é variável de acordo com a intensidade de frenagem aplicada pelo piloto da motocicleta.

Apesar de que este é o tipo de controle de regeneração não foi o empregado nesse retrabalho da motocicleta Zero DS 2010 (pois ele iria requerer uma complicada e custosa troca / adaptação de sensores às alavancas de freio), é importante lembrar que ele é tanto o mais adequado para o sistema, quanto o mais suave para o motociclista, dentre todos os três possíveis métodos de controle da regeneração previstos para o controlador de motor Kelly KEB, principalmente para uma motocicleta tal como é a Zero DS.

Assim, somando tudo o que vimos até aqui, então sabemos que são três os possíveis métodos de controle da regeneração previstos pela configuração de parâmetros do controlador de motor Kelly KEB são:
  • Regeneração a partir do comando do interruptor de freio (que é o método sugerido para ser empregado nesse retrabalho da motocicleta, por ele não requerer nem a troca, nem uma adaptação mais complicada de nenhuma das alavancas de freio originais da motocicleta);
  • Regeneração a partir da liberação do acelerador;
  • Regeneração por corrente variável a partir de sinal analógico 0 ~ 5 V.


Algo Mais Sobre Frenagens em Motocicletas e a Função Regen:


Não apenas o manual do usuário da motocicleta S/ DS 2010, mas, vários outros artigos que falam sobre frenagem em motocicletas recomendam os freios dianteiro e traseiro devam ser aplicados em conjunto, com uma pequena quantidade a mais de frenagem na parte da frente.

A Honda, por exemplo, sugere diferentes posturas de frenagem em função dos cenários:
  • Em uma frenagem branda, a potência de frenagem do freio dianteiro será de aproximadamente 60% e do freio traseiro será de 40%;
  • Já, em uma frenagem de emergência, esta porcentagem será de 80% para o freio dianteiro e 20% para o traseiro.
Fato é que, se você acionar os freios bruscamente, as rodas tentem a travar (deixando de girar de repente) e, com isso, os pneus escorregarão sobre a superfície. Fato é que quando o pneu escorrega, o atrito entre ele e a pista se torna menor do que quando o pneu ainda está rodando, enquanto a velocidade é reduzida.

Assim, o atrito é algo que possibilita tanto a movimentação, como a frenagem da motocicleta, de modo que, na frenagem, se a moto derrapar, caracterizando perda de aderência do pneu na pista, não apenas a frenagem é prejudicada, mas, também, o equilíbrio do motociclista sobre a moto.

Contudo, o fato é que, seja o sistema de transmissão do freio por cabo ou hidráulico, a eficácia da ação anti bloqueio da roda fica por conta do controle exercido totalmente pela habilidade das mãos e pés do motociclista, algo bastante difícil de ser realizado.

Já, quando o sistema opera a frenagem regenerativa, não significa apenas que estamos salvando parte da energia cinética do conjunto moto mais motociclista para convertê-la em energia elétrica de volta a bateria, mas, também, melhorando muito a performance de frenagem, reduzindo a distância total de parada, por conta da adição da assistência do freio motor, como ela ajuda, também, na função ABS (anti bloqueio da roda) aumentando a segurança, quando o sinal Brake_AN é empregado para controlar a corrente variável de regeneração de acordo com a intensidade de frenagem aplicada pelo motociclista.

Contudo, a realização da frenagem regenerativa pode, eventualmente, falhar caso ocorra da bateria já estar com plenamente carregada (não aceitando mais receber corrente de carga). Nos veículos que são dotados da função regeneração, o BMS (e, de modo redundante, também o Carregador Embarcado) provê o bloqueio do carregamento da bateria a fim de poupar as células de Li-íon de uma eventual sobrecarga.

Veja Também:




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sábado, 22 de outubro de 2016

Motocicleta Zero DS 2010 - Modificada e Emplacada com Certificado de Segurança Veicular (Parte 3/4)


Motor Revolt RV-160 Pro e Controlador Kelly KEB Aplicados à Atualização de uma Motocicleta Zero DS ano 2010


A princípio eu estranhei que a motocicleta Zero DS 2010 original empregasse o controlador de motor Alltrax AXE modelo 4855, em vez do Alltrax AXE modelo 7245. Note que a principal (e maior) diferença entre esses dois modelos de controladores está denotada nos números expressos em seus próprios códigos. Os dois primeiros dígitos (48 ou 72) significam para qual tensão máxima de pacote de bateria o controlador é especificado. Nestes casos, um é para pacote de bateria com tensão máxima de 48V e o outro é para um pacote de bateria com tensão máxima de 72V.

Isso não está no manual do proprietário da motocicleta, mas, a Tensão Nominal do Pacote de Baterias da Zero DS 2010 é 53,2 V. Todavia, quando ele é carregado ao máximo, a tensão do pacote pode chegar quase a 60 V. Dai a estranheza pela escolha do fabricante dessa motocicleta por um controlador de motor que é especificado para tensão de 24 V até 48V (Alltrax AXE 4855), quando havia um modelo específico para tensão 24 V até 72 V (Alltrax AXE 7245), ainda que controlador Alltrax de 48 V possa operar considerando 60 V como máximo absoluto (será que o "segredo" da Zero Motorcycles com essa escolha foi a busca por uma capacidade de fornecer corrente um pouco maior?).

Porta Escovas Queimado - Motor Agni 95-R
Não obstante a isso, foi o motor Agni 95-R (e não o seu controlador Alltrax AXE) a parte da motocicleta Zero DS 2010 original que apresentou problema, por duas ocasiões distintas, enquanto a motocicleta se encontrava em operação. A queima do motor Agni 95-R ocorreu de um tal modo que tornou, em ambas ocasiões, principalmente o conjunto do porta escovas em algo irrecuperável, além de afetar, também, por diminuir a vida útil do comutador desse motor, que requereu ser restaurado.

Retomando a partir do ponto em que nós paramos a narrativa na postagem anterior, há, ainda, mais outros detalhes que precisamos considerar e tratar sobre a entrada Micro_SW do controlado de motor Kelly KEB, principalmente detalhes relacionados ao fato de que o sistema original da motocicleta Zero DS 2010 não emprega uma manopla de acelerador dotado de uma micro-chave (nem de um sensor Hall) para que ela possa ser ligada até essa entrada.

Isso se deu, principalmente, porque no Controlador de Motor Alltrax AXE 4855 (original da Motocicleta Zero DS 2010) não existe um comando externo que seja provido para ele iniciar a Função Regeneração. Porém, no controlador de motor Kelly KEB há tal entrada, apresar de seu emprego não ser obrigatório.

Desse modo, no Alltrax AXE uma micro-chave de manopla de acelerador não tinha sequer onde / como ser ligada, de modo independente. Alias, fato é que o controlador de motor original dessa motocicleta (como todos os controladores da linha Alltrax Model AXE) tem uma quantidade bem menor recursos por meio de entradas de controle, comparativamente ao Kelly KEB.

Ilustração do Painel do Controlador de Motor BLDC Kelly KEB
e sua respectiva pinagem
Deveras, o Alltrax não possui sequer um conector específico para sinais de controle diversos, tal como o Kelly KEB o tem (o seu conector J2). Por isso, para efeito de controle do motor ele não usa (não requer) ser informado por sinal de sensor algum, exceto por um único sinal analógico que é a referência para a intensidade da aceleração (que faz variar a aceleração), que também vem da manopla do acelerador e é aplicado entre os pinos 2 e 3 do Alltrax, assim como, obviamente, ser suprido da devida tensão aplicada ao pino 1 (alimentação) Key Switch (KSI) Voltage.

É por isso, também, que o Controlador Dedicado da Motocicleta é um dispositivo muito importante (praticamente impossível de ser descartado do Sistema da Motocicleta). Ele é o subsistema central que, na versão original da Motocicleta Zero DS 2010 é responsável por todas as Funções de Controle, enquanto que o controlador do motor, na mesma versão original do sistema, é apenas um "ator coadjuvante".

Porém, isso já não será mais assim, quando terminarmos esse trabalho de atualização da motocicleta.

Assim, como no controlador Alltrax AXE 7245 (original da Motocicleta Zero S / DS 2010) não existe uma via para entrada de comando externo ao controlador para iniciar a Função Regen (Frenagem Regenerativa), uma micro-chave de acelerador (comumente denominada Foot Switch) também não se encontra presente na manopla do acelerador original da motocicleta Zero DS 2010.

De fato, os controladores Alltrax da série AXE não operam Frenagem Regenerativa, mas, sim, o que eles chamam de Plug Brake: um tipo de frenagem dinâmica que não é usado durante as operações normais de frenagem, mas, sim, pode ser realizada somente quando a direção do motor é invertida, o que é causado por se aplicar sinal ao pino 4 (entrada Reverse) do controlador Alltrax, coisa que na motocicleta Zero DS não é aplicável (tal pino de entrada não é ligado, pois, a motocicleta não anda em marcha a ré).

Assim, nas operações normais de frenagem ocorre apenas o bloqueio (corte do suprimento de energia) do motor. O sistema original da motocicleta Zero DS 2010 é bem simples: nele, a função Bloqueio do Motor, simplesmente deixando de entregar-lhe energia ele, é iniciada pelo Controlador Dedicado da Motocicleta, podendo ser, de fato, realizada de duas formas distintas:
  • Pela interferência do Controlador Dedicado da Motocicleta sobre a Referência de Aceleração (o sinal do Potenciômetro do Acelerador). Isso é possível, pois, o Controlador Dedicado da Motocicleta primeiro recebe o sinal do potenciômetro do acelerador para, só depois, repassa-lo para o controlador do Motor Alltrax AXE;
  • Pela interferência do Controlador Dedicado da Motocicleta sobre o sinal Key Switch (KSI) Voltage (pino 1 do controlador Alltrax AXE, que é, de fato, a via pela qual os circuitos internos do Alltrax AXE são alimentados).
Desse modo, um diagrama que é relativo a documentação do controlador Autrax AXE (ver figura a seguir) sugere que, no caso de existir uma chave associada à manopla do acelerador (Foot Switch), seus contatos sejam ligados em um arranjo de associação em série com os contatos da chave de segurança Kill Switch e, também, em série com os contatos da chave de partida (Key Switch), formando um conjunto de condições que equivale a função lógica “E” (o motor só entra em marcha se todas essas condições forem concomitantemente satisfeitas, caso contrário, faz o controlador bloquear o motor).

Repare que é sugerido que tal comando atue sobre duas vertentes distintas (tal como é mostrado, em destaque, no diagrama a seguir):
  • na energização da bobina do Contator Principal (Main Contactor), além de atuar, também;
  • na linha de alimentação do próprio controlador Alltrax (Key Switch (KSI) Voltage, pino 1), com corrente quiescente (ligado) < 75m A.

Contudo, esse diagrama mostrado acima não corresponde, exatamente, ao mesmo tipo de arranjo de ligações que foi adotado pelo projeto da motocicleta Zero DS 2010 original. Porque tal motocicleta elétrica é dotada de seu Controlador Dedicado, é esse dispositivo eletrônico que, em última instância, tem exclusividade para poder comandar o ligamento / desligamento do Contator Principal da motocicleta, bem como alimentar, ou não. o próprio controlador Alltrax.
Controlador Dedicado da Motocicleta (Main Motorcycle Control Module)
Visão interna, apenas de um dos lados
O Controlador Dedicado da Motocicleta é um pequeno dispositivo caixa-preta, um módulo eletrônico dotado de um único conector de 34 pinos, que existe em separado do controlador do motor, e que se encontra alojado dentro do painel elétrico anexo ao pacote de baterias (na parte traseira da caixa do pacote de baterias).  

Algo lamentável é que o fabricante da motocicleta Zero não fornece, em seu Manual do Usuário da Motocicleta, nenhum diagrama elétrico, seja do todo do sistema dela, ou seja de qualquer um dos seus sub-conjuntos. Obviamente que, elaborar o diagrama completo da placa eletrônica do Controlador Dedicado é algo que não tem necessidade, mas, para poder realizar a tarefa de atualização da motocicleta, com a adoção do novo conjunto motor / controlador, evidentemente que isso implicou a necessidade que se fizesse o levantamento (quase que 100% completo) do Diagrama Elétrico Geral do Sistema da Motocicleta, visando entender e poder adequar todos os detalhes de circuito e de cabeamento, a fim de instalar o novo controlador Kelly KEB, adequadamente.

Assim, eu posso afirmar que as condições que o Controlador Dedicado verifica, a fim dele decidir se inibe que a motocicleta seja conduzida (bloqueando o motor), além de não constar o emprego de uma Micro Chave (Throttle Switch ou Foot Switch) na manopla do acelerador, isso é algo que inclui, sim, além das condições dadas pela Key Switch (ou Power Switch) e pela Kill Switch, também outros elementos de intertravamento, tais como:
  • o estado ativo (aberto) da micro chave que informa a condição do pezinho de descanso da motocicleta (que opera, de fato, em série com a Kill Switch), ou;
  • o estado de falha relativa a informação do sensor de corrente de acionamento, ou;
  • o estado de falha da tensão de alimentação de 12 V (que, na verdade, é de 13,5 V fornecida pelo Conversor CC/CC Sevicon, o qual, tal como o Carregador Embarcado, recebe alimentação para si, mesmo que o Contator principal não esteja atracado), ou;
  • o estado de sobre-temperatura do motor;
Todas estas são situações que requerem inibir que a motocicleta seja conduzida (bloqueando a passagem do sinal Throttle desde o Potenciômetro do Acelerador para o Controlador do Motor, ou simplesmente, cortando a alimentação do controlador do motor – KSI Voltage). Em ambos os casos resulta em não entregar energia ao motor, mas sem impedir o atracamento do Contator principal do sistema;

Outras condições de falha, se verificadas, fazem com que o Controlador Dedicado sequer energize, ou sequer mantenha energizado, o Contator Principal do Sistema, tais como:
  • a constatação da presença do cabo de força conectando o Carregador Embarcado à tomada da rede CA, ou;
  • a que é informada pelo BMS (Battery Management System) dando conta de que o estado do pacote de bateria não está OK (o BMS emite, também, um sinal sonoro toda vez que se aciona a Key Switch da motocicleta, que pode ser de OK, ou de NÃO OK):
  1. se o pacote de bateria estiver vazio de carga, ou;
  2. se ele estiver muito quente, ou;
  3. se ele estiver com seus módulos do pacote de bateria com carga desbalanceadas.
As observações feitas a seguir são baseadas no diagrama sugerido no manual de operação para ligação padrão do cabeamento de potência e de controle do Controlador Kelly KEB que é mostrado na figura que seguirá mais a adiante, porém, confrontado com a necessidade premente de se manter o Controlador Dedicado da Motocicleta operante naquilo que ele é essencial:
  1. O Contator Principal (Main Contactor) permite ligar / desligar o polo B+
    da Bateria ao terminal de energia B+ do Controlador do Motor
    Os contatos N.A. (normalmente abertos) do Contator Principal (Main Contactor) devem permitir ligar / desligar o polo B+ da Bateria para o terminal de entrada de energia B+ do Controlador. É recomendável, ainda, o emprego de um Fusível de Proteção Geral para a ligação do polo B+ da bateria até terminal do contato do contator principal (no sistema original da motocicleta já existe tal fusível geral que é de 425 A, e que deve ser mantido);                                                                             
  2. Por outro lado, a ligação do polo B- da Bateria para o terminal B- do controlador (GND da potência para o acionamento do motor) só deve ser interrompido pela Chave Geral (que já é pré existente na versão original do sistema da motocicleta). Exceto pela existência da Chave Geral em seu percurso, o polo B- deve ser sempre conectado via um cabo direto, curto e grosso, desde o polo da bateria. Para segurança geral do equipamento, ao proceder a ligação, a do polo B- deve ser feita primeiro, enquanto a do polo B+ (via os contatos N.A. do contator principal e resistor de pré-carga) deve ser ligada depois;
  1. Entre os contatos do Contator Principal deve haver a ligação do Resistor de Pré-Carga, que é sugerido pela Kelly para ser 1 kΩ x 10 W. O emprego de um resistor de pré-carga é recomendado, também, pela documentação do controlador Alltrax AXE, entretanto (e eu não sei explicar o porquê) ao que tudo indica ele não foi empregado pelo projeto da Zero no sistema original da motocicleta (a menos que ele esteja embutido no Controlador Dedicado da Motocicleta, o que não me parece provável, pois, não é fácil ocultar um resistor de 10 Watts).
    Tal resistor é requerido para que, no momento da energizar o Controlador do Motor, o Banco de Capacitores que há internamente a esse controlador (e que é conetado ao barramento CC que irá prover, internamente ao controlador, a energia de acionamento do motor) já esteja previamente carregado (o que é realizado via o resistor de pré-carga), antes mesmo de se proceder a ativação da Chave de partida do sistema.

    Uma vez que o banco de capacitores já está previamente carregado, no momento de ligar a energia (ativando a Chave de partida), os contatos do contator principal que se fecham se sobreporão ao resistor de pré-carga, e ele passa a não ter mais efeito.

     Segundo a Kelly, a falta de resistor de pré-carga pode danificar gravemente o controlador do motor, no momento de ligar a energia, contudo, a função dele é, também, a de evitar surtos violentos de corrente sobre a bateria, além de evitar, também, alguma eventual falha do próprio contator principal por motivo de “colagem” dos seus contatos, por conta do eventual surto de corrente ao energizar o controlador.

    Note que o manual do usuário da motocicleta Zero DS 2010, quando trata do assunto Main Power Indicator (o sinalizador luminoso que há na parte superior direita do Painel de Instrumentos da Motocicleta, logo acima da coluna de barras que indica a energia presente no pacote de baterias) menciona que esse indicador permanece apagado (quando, de fato, ele permanece aceso), sempre que o sistema da motocicleta está energizado e não há nenhuma falha detectada. Havendo falha, este indicador pisca. Dentre os doze tipos de falhas alistados, (que são indicados pelo Main Power Indicator piscando) um se refere à falha de pre-carga do controlador do motor.
   

Contudo, na versão original do sistema da motocicleta, se não há o tal resistor de pre-carga, então o procedimento de pre-carga não é realizado. Para garantir uma adequada adaptação do novo controlador Kelly KEB, a inserção do resistor de pre-carga (conforme especificado, 1 kΩ x 10 W), junto aos contatos do contator principal (veja foto da postagem anterior) é, certamente, requerida.
  1. Com a Chave Geral do sistema da motocicleta ativada, a tensão B+ da bateria já se encontra presente tanto para alimentar o Conversor CC/CC de 12 V (SEVICON), via o fusível F2, de 20 A (que está presente na tampa do Painel Elétrico Principal, anexo à caixa do pacote de baterias), quanto para alimentar o Carregador Embarcado (QUIQ), via o fusível F3, de 25 A, (também presente na tampa do mesmo painel). Entretanto, o Carregador Embarcado só pode efetivamente entrar em operação, mediante a habilitação dele, que é provida pelo BMS (Battery Management System).
  • Durante um ciclo de recarga do Pacote de Bateria com as células devidamente balanceadas, normalmente é o Carregador Embarcado (e não a BMS) que detecta quando o Pacote de Bateria já está cheio, e termina o ciclo de carga, naturalmente;
  • Entretanto, a fim de aumentar a proteção, evitando o sobreaquecimento do Pacote de Bateria, o BMS também realiza detecções, tanto da temperatura, quanto do estado de carga do pacote de bateria, de modo que ele pode, também, determinar (de modo redundante) o término de um carregamento. Assim, se o Carregador Embarcado não termina um ciclo de recarga tão logo quando ocorre do pacote de Bateria estar cheio, a BMS irá terminar o carregamento por si, desativando o Carregador Embarcado, para evitar danos ao Pacote de Bateria;
  • Também é o BMS que desabilita o Carregador Embarcado, impedindo que o Pacote de Bateria seja normalmente recarregado, caso ocorra dele se descarregar em excesso, com alguma das tensões dos módulos do pacote de bateria indo abaixo de 2,5 V, uma situação infeliz que pode ocorrer, no caso da motocicleta ser deixada desligada, sem recarga do Pacote de Bateria, por um período de tempo muito longo. Isso ocorreu com todas as motocicletas elétricas Zero S / DS 2010 vendidas em leilões da Receita Federal no Brasil.
      Também, com a Chave Geral estando ativada, a tensão B+ da bateria já se encontra presente, diretamente, a um dos terminais do contato do Contator Principal e, por via do fusível F1 (Fused B+), de 10 A, a um dos terminais da Bobina de Comando desse mesmo contator. Entretanto, o Contator Principal somente terá a sua bobina energizada (e, portanto, irá atracar) mediante a permissão que é concedida pelo Controlador Dedicado da Motocicleta, que é feita, internamente a esse controlador, via uma chave MOS-FET (2SK2504).

     A tensão B+ da bateria, após o fusível F1 (Fused B+) segue, via o pino 6 do Conector J11 do Painel Elétrico Principal (conector de 12 pinos machos alojado na tampa desse painel elétrico) para a Power Switch (ou Key Switch, ou Chave de Partida). Assim, a energização da bobina do contator principal só pode ocorrer após a ativação da Chave de Partida (Key Switch), desde que o Controlador Dedicado da Motocicleta não detecte alguma eventual falha que o impeça de permitir que o contator principal atraque. A Bobina de Comando do Contator Principal é energizada a fim de, efetivamente, conectar o polo B+ da Bateria ao terminal de entrada de energia B+ do controlador do motor.

Vista Interna da Tampa do Painel Elétrico Principal
      A partir daqui aqui que entra uma questão nova que é sobre o emprego do Transdutor de Corrente. Na versão original do sistema da motocicleta Zero DS 2010, o Transdutor de Corrente monitorava a corrente que saia do Controlador do Motor (Alltrasx) e seguia para o motor CC escovado (Agni 95-R). Já, com o emprego do novo conjunto Motor / Controlador, isso equivaleria a medir, não apenas uma, mas, sim, a somatória das correntes de fases do novo motor (Revolt), que é CC sem escova (BLDC) trifásico. Isso não é conveniente para o sistema com o novo conjunto motor / controlador e, assim, a modificação requerida aqui é que o mesmo Transdutor de Corrente seja empregado para monitorar a corrente CC que entrará para o terminal B+ do novo controlador de motor, que é a corrente consumida pelo controlador Kelly KEB a partir da bateria para o acionar o motor BLDC.
     
Ao proceder esta modificação, os mesmos cabos de bitola larga (cabos de energia vermelhos, porém recobertos de capa isolante branca) originais da motocicleta, que existem no interior do painel elétrico principal, podem ser reaproveitados, contudo, mudando-se a forma como eles estão arranjados ali: apenas um deles, o de comprimento maior, é que será mantido em uso. É exatamente esse cabo que conduzirá a energia da alimentação para o acionamento do motor, partindo diretamente do terminal de saída (à esquerda) do Contator principal, ele passará, de acordo com o sentido que a corrente é conduzida, pelo interior do núcleo do elemento Transdutor de Corrente, e seguindo, então, para terminar conectado, firmemente parafusado, ao terminal B+ do Controlador do Motor.
Efeito Hall em malha aberta

O Transdutor de Corrente empregado, o HASS 200-S, é basedo em tecnologia de Efeito Hall em malha aberta: o fluxo magnético criado pelo Corrente Primária é concentrada num circuito magnético e medido no intervalo de ar usando um dispositivo de Hall. O sinal de saída do dispositivo de Hall é, então, condicionado para fornecer uma representação exata da corrente primária na saída.


     Com a Chave de Partida (Key Switch) ativada, isso ainda não significa que a entrada PWR: Controller power supply (Pino 1 do conector J2 do Controlador Kelly KEB, a entrada por meio da qual é provida alimentação para todo o circuito de controle interno a esse controlador) esteja energizada. Tal alimentação só é efetivamente provida mediante a liberação da passagem da alimentação B+ que sai do contato do contator principal, e que chega ao pino 10 do Controlador Dedicado da Motocicleta, por meio da ativação de uma chave MOS-FET (IRFR3110, que existe internamente ao Controlador Dedicado). Deste modo, o Controlador Dedicado da Motocicleta tem a autoridade para permitir, ou para recusar, fornecer alimentação para o Pino 1 do conector J2 do controlador Kelly, ainda que o contator principal já esteja atracado.

  • Temistor (Pino 4 do conector J2 do controlador Kelly KEB): É uma entrada analógica de padrão 0 ~ 5 V. Termistores são semicondutores sensíveis à temperatura que se prestam para operar como sensor para fins de proteção térmica, a fim de evitar sobreaquecimento (no caso, o sobreaquecimento do motor), limitando a corrente elétrica (no caso, desligando-a, tornando o motor inoperante, até que a temperatura baixe, retornando para um patamar seguro) quando uma determinada temperatura limite é alcançada nos enrolamentos do motor (local onde o termistor se encontra instalado, interno ao motor).
A proteção térmica provida pelo termistor é importante para garantir preservar a integridade do motor diante de eventual sobreaquecimento dele, porém, o uso dessa proteção não é obrigatório para o funcionamento do controlador, mas altamente recomendável. Caso o sistema não empregue um Termistor para monitorar o limiar de temperatura operacional segura para o motor, essa entrada pode ser reconfigurada para comportar, também, a função High-Brake Sensor (ou seja, uma entrada de sensor de freio de 12V).

O tipo de termistor empregado no novo motor é uma informação que deve ser fornecida ao novo controlador controlador Kelly KEB durante o procedimento de ajustes de parâmetros, que é realizado com tal controlador conectado (via um cabo de comunicação serial padrão RS-232, mas que pode ser adaptada para USB) a um computador onde esteja rodando o programa Kelly KEB Controllers Configuration Program (que atualmente está na versão 0406 e cuja interface é apresentada na figura a seguir).


O termistor sugerido pela Kelly (e também o que a Revolt empregou no motor RV-160 Pro que nos forneceu) é o sensor de temperatura semicondutor KTY84/130. Caso seja empregado o termistor KTY84/130, ele tem variação de resistência com coeficiente positivo de temperatura (PTC), sendo esperado, tipicamente (segundo informações oferecidas em tabelas contidas nos datasheets de fabricantes), uma variação da resistência dentro da faixa de operação entre 359 Ω (para temperatura de -40 °C) e 2624 Ω (para 300 °C).

Ao conectar o termistor do motor para o controlador Kelly KEB, a inclusão de um resistor externo extra, em série, em geral é requerida, e deve ter seu valor definido de acordo com o modelo do termistor. Por isso, é altamente recomendável conhecer qual o modelo exato do termistor que foi empregado no fabrico do motor.

Deveras, a entrada para se ligar o termistor é apenas uma dentre um conjunto de três entradas analógicas de padrão 0 ~ 5 V que existem no conector J2 do controlador Kelly KEB. As outras duas entradas analógicas são relativas, respectivamente, às funções do acelerador e do freio (Analog Brake and Throttle Inputs, ambas serão vistas mais adiante).

Uma questão importante envolvendo o Termistor empregado para Proteção Térmica do Motor é que, diferente do controlador Kelly KEB72121E, que tem uma entrada para Termistor, que o torna hábil a realizar o controle da função proteção térmica do motor, por sua vez, o controlador do motor original da motocicleta Zero S / DS 2010, o Alltrax AXE 7245 não tem uma entrada para Termistor e, portanto, ele não realiza o controle da função proteção térmica do motor Agni 95-R (motor original da motocicleta).

Dada a importância de se estabelecer um controle sobre a proteção térmica do motor, o motor Agni 95-R que é empregado na motocicleta Zero S / DS 2010 também é dotado de um termistor, de modo que nessa motocicleta, originalmente, o controle da função da proteção térmica é exercido pelo Controlador Dedicado da Motocicleta. O Controlador Dedicado da Motocicleta é um pequeno dispositivo caixa-preta, um módulo eletrônico dotado de um único conector de 34 pinos, que existe em separado do controlador do motor, e que se encontra alojado dentro do painel elétrico anexo ao pacote de baterias (na parte traseira da caixa do pacote de baterias).

Assim, com a troca do controlador original Alltrax AXE 7245 pelo novo controlador Kelly KEB72121E, o controle da função de proteção térmica do motor deixa de ser realizado pelo Controlador Dedicado da Motocicleta, e passar a ser realizado pelo próprio controlador Kelly KEB. a partir do sinal de informação da temperatura proveniente do sensor de temperatura semicondutor KTY84/130 (que já vem instalado integrado ao motor Revolt RV-160 Pro), de moto que o motor continuará termicamente protegido.


Contudo, diferente do motor Revolt RV-160 Pro (que emprega o KTY84/130) o motor Agni 95-R original da motocicleta Zero S / DS 2010 possui um termistor de modelo bem diferente, que é do tipo NTC (cuja resistência varia com coeficiente negativo de temperatura), com o valor de sua resistência variando de 35 kΩ a 15 Ω na faixa de temperatura ambiente de operação, e que atinge o valor de cerca de 2 kΩ à temperatura máxima aceitável para ser suportado pelo material do coletor das escovas e porta escovas do motor Agni.

Caso a entrada do Controlador Dedicado da Motocicleta onde antes se conectava o Termistor (do motor Agni) fique, simplesmente, aberta, isso equivale a esse controlador estar lendo nela uma informação de resistência infinita, o que representa uma informação relativa à uma temperatura do motor extremamente baixa (o que não seria problema algum).

Porém, não convém que tal entrada fique desconectada, para que ela não se torne suscetível em receber ruido por interferência eletromagnética induzida por fontes externas, de modo que convém que a essa entrada seja ligada um resistor fixo, para “enganar” o Controlador Dedicado da Motocicleta com uma falsa informação de temperatura do motor, para que ele “pense” que está operando, sempre, com uma temperatura segura no motor, o que corresponde a uma resistência R, onde 2 kΩ R ≤ 35 kΩ (no caso, nós optamos por empregar um resistor fixo de 15 kΩ).

Todavia, não havendo na entrada Termistor do Controlador Dedicado da Motocicleta uma informação real a respeito da temperatura do motor, surge um inconveniente que é fato desse controlador não poder mais comandar o acionamento da turbina do ar de arrefecimento do motor, ligando-a e desligando-a, conforme se faz necessário, enquanto a temperatura varia (com um resistor fixo de 15 kΩ no lugar do termistor a ventilação ficará permanentemente desligada).

Outra consequência é que o sinalizador luminoso “Warning (Indicador de "Aviso", que fica próximo e logo abaixo do Painel de Instrumentos de leitura) não mais irá informar o piloto da motocicleta sobre os estágios progressivos da ocorrência de sobretemperatura no motor, uma função que existia versão original dos sistema da motocicleta). Para que tais inconveniente não ocorram seria preciso que o Motor Revolt RV 160-Pro viesse dotado de dois termistores internos, um para informar o Controlador Kelly KEB e outro do mesmo tipo daquele há no motor Agni 95-R, que serviria para continuar informando o Controlador Dedicado da Motocicleta sobre a temperatura da motor.

Entretanto, vale lembrar que com o emprego do novo conjunto motor / controlador, o motor irá operar com a proteção térmica provida pelo controlador Kelly KEB, com uma faixa de temperatura para proteção configurável via parametrização desse controlador (parâmetros Controller Stop Output Temperature e Controller Resume Output Temperature), enquanto que a ocorrência sobretemperatura será apresentada no pelo código piscante do LED vermelho do painel desse controlador (não mais no sinalizador Warning).


Talvez fosse algo bom, se o código piscante do LED vermelho do painel controlador Kelly pudesse ser enviado para o sinalizador luminoso “Warning” no painel da motocicleta. De fato, o LED que existe no painel do Controlador do Motor é de difícil visualização por parte do motociclista enquanto a motocicleta está em operação. Entretanto isso não é possível de ser realizado sem abrir a caixa (“a prova de água”) do controlador Kelly para se ligar, internamente, fiação extra para isso, ao passo que, no conector J2 do controlador não existe nenhum pino livre, disponível, para se enviar esse sinal.

Os parâmetros Controller Stop Output Temperature e Controller Resume Output Temperature foram configurados, respectivamente, para os valores 160°C e 130°C. Além do mais, nós optamos por descartar o sub-sistema de ventilação do motor original da motocicleta (o Z-Force Air Induction System) devido a excelente capacidade que Motor Revolt (um motor outrunner) para operar em temperaturas bem elevadas, e adaptamos uma simples ventoinha atachada à ponta traseira do eixo desse motor, cujas pás coletam e forçam uma quantidade razoável de ar a entrar pelas janelas da tampa traseira desse motor (e, consequentemente, saindo pelas janelas da tampa dianteira), produzindo ventilação de arrefecimento na direção axial do motor.

Veja Também:


Motocicleta Zero DS 2010 - Modificada e Emplacada com Certificado de Segurança Veicular (Parte 1/4)



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