quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Os Custo das Baterias de Íon de Lítio e a Irrealidade Brasileira

A postagem de hoje, infelizmente, não é sobre tecnologias (da forma como eu sempre prefiro que seja) mas é sobre economia e política (fatores que afetam os empreendimentos e, conseguintemente, as tecnologias, seja para o bem, quando é para o bem ou seja para o mal, quando é para o mal).


Se por um lado o custo das baterias de íons de Lítio é um dos maiores empecilhos para uma maior adoção de VEs, por outro, a baixa demanda dos compradores destes carros poderá se tornar um fator que tenda a atrasar a queda nos preços das baterias.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos estabeleceu a meta de reduzir o custo do pacote de bateria para US$ 300 por quilowatt/hora até 2014 mas, preços, não se podem ajustar apenas por desejo e mesmo decretos de governo, só o podem fazer, por um tempo, debaixo de forte contingência.

O conjunto de bateria de 23 kW.h usado no Focus Electric, primeiro carro elétrico da Ford a ser lançado, por exemplo, pode custar entre US$ 12 mil e US$ 15 mil (preço para a montadora), afirmou o seu presidente-executivo, Alan Mulally, em uma conferência em abril. Isso sugere que a Ford está pagando até US$ 652 por quilowatt/hora.

Volumes maiores de produção é o principal fator na queda dos preços das baterias, afirmam os consultores da McKinsey. Os preços também podem cair se os fabricantes de baterias aprimorarem seus processos de manufatura e usarem equipamentos padronizados.

Os custos das baterias também podem cair conforme a indústria de bens eletrônicos de consumo continuam a fazer avanços no aumento da carga e da potência das baterias de íon de lítio, segundo o estudo.

Ao longo do tempo, essas melhorias serão aproveitadas na indústria automotiva, afirma o consultor John Newman, da McKinsey, que também é autor da pesquisa. As baterias no setor de produtos eletrônicos de consumo são disponíveis hoje em dia por cerca de US$ 300 o kW.h. "É a indústria de eletrônicos de consumo que está empurrando os custos para baixo", afirmou Newman.

De fato, todos os fatores anteriormente mencionados, estarão ocontecendo de forma concorente nos próximos 10 ou 12 anos, de modo que existe uma forte expectativa de que, o custo das baterias de íons de Lítio usadas em VEs possa cair em algo mais do que 70% até 2025, ainda que possa vir a ter todos os seus parâmetros qualificativos melhorados, dobrados, até lá.

O principal motivo propulsor disso: a realidade da economia mundial, no que concerne a mobilidade, baseada em uma fonte não sustentável de energia: economia baseadas em alta do preço do petróleo e os padrões rigorosos de economia de combustível continuarão sendo o principal incentivo para que as montadoras fabriquem mais carros com a tecnologia, enquanto que os governos dos países que tem poder, continuarão sustentando incentivos por um longo período (na verdade investindo em mais poder no futuro).

As questões ligadas a fabricação dessas baterias, em uma escala maior, representará algo perto de um terço da potencial redução de preço até 2025, afirma a empresa de pesquisa de mercado McKinsey no estudo. A esperada entrada de mais e novas companhias no setor, assim como a tecnologia nova herdada de fabricantes de produtos eletrônicos como Apple também podem ajudar a reduzir o custo das baterias de íon de lítio, acrescentou a consultoria.

"Baterias mais baratas podem proporcionar uma maior adoção de veículos elétricos, o que potencialmente afetará os setores de transporte, energia e petróleo", declarou a McKinsey.

A consultoria previu que o preço de um conjunto completo de bateria de íon de lítio cairá de US$ 550 a US$ 650 por kW.h atuais para cerca de US$ 200 em 2020 e US$ 160 até 2025.

Se o preço da gasolina ficar em torno de US$ 3,50 por galão (3,8 litros), ou acima disso, montadoras que compram baterias por US$ 250 por kW.h poderão oferecer veículos elétricos a um custo muito mais competitivo do que o que já é atual (e eu não estou falando de Brasil, onde o preço atual é só uma fantasia uma vez que o mercado é inexistente), significativamente mais baratos, o que tenderá a acelerar o fim da era dos carros a combustível, entre 2025 e 2035.

Aqui no Brasil, andaremos sempre bastante defasados, por que a legislação brasileira não favorece carros elétricos. Não há nenhum incentivo tributário à produção, comercialização e licenciamento de veículos elétricos aqui, o que acontece em outros lugares do mundo – graças ao conceito ambiental ligado aos carros elétricos, que não prejudica tanto o meio ambiente.

Montadoras como a Nissan, Renault, Mitsubishi e General Motors tentam pressionar o governo brasileiro a conceder benefícios para os modelos elétricos e híbridos, mas o que acontece é o absurdo de uma situação completamente inversa: os elétricos pagam 25% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), porque nossa legislação não prevê carros sem motores a pistão. O Brasil continua sendo o pais da anedota criminosa: Isso significa que o governo enquadra o VE da mesma forma que um superesportivo com motor V12. A legislação brasileira compara os elétricos como ‘carros para ricos’.

A carga tributária brasileira agregada ao preço final do produto é desproporcional e torna inviável, por exemplo, a comercialização do Nissan LEAF. O IPI de veículos elétricos é o mesmo dos veículos mais poluidores a combustão: 25%. A contribuição ao Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) é de 11,6%. O ICMS varia entre 18% e 19% dependendo do estado, enquanto o IPVA, apesar da isenção em sete estados, pode atingir até 4% em outros.

E ai, Tia Dilma?? Pense, mulher: Eu mesmo seria o primeiro a comprar um carro elétrico, se ele estivesse ao meu alcance. Mas não deixo de pensar na coletividade e no meio ambiente, quando eu olho para o cenário no qual o contexto dos VEs está inserido no Brasil, por uma óticas conturbante, porém bem sincera:
  • O Brasil possui uma alta capacidade de produção energética, tanto instalada como latente. Porém para construção de mais hidroelétricas, teríamos que invadir o eco sistema e prejudicar o meio ambiente. Por outro lado, quando falamos em emissão de gases poluentes, o carro elétrico fica de fora da culpa poluidora. A Petrobrás que não é boba, já deu passos largos para investimentos na produção alternativa de energia não poluidora, de olho no futuro do carro elétrico desembarcado aqui.  Quando a política enxergar os fatos, já será tarde e, como sempre, vamos receber presentes de grego, ou seja: os carros elétricos quando aportarem por aqui, comercialmente viável, já estarão fora de moda nos países que saíram na frente 10 anos atrás (isso já aconteceu com outros produtos antes).
  • Quanto à coletividade, sempre teremos os pobres babões com vontade de ter um carrão, à gasolina é óbvio: enquanto a minoria rica é subsidiada pelo governo em caminhonetes à diesel, circulando vazias nas cidades, poluindo e afrontando a burguesia, bem como atiçando a cobiça dos donos de ferrovelho, alimentando a indústria do crime de assaltos seguidos de mortes, cada vez mais frequentes nas super caminhonetas das cidades, que deveriam estar na roça trabalhando, já que foram financiadas com ajuda do governo para tal finalidade. Pode prestar atenção e me dizer, se não é assim que está o tal negócio. A coisa toda tá, continua "maus", como sempre foi!
  • Pobre, que é o que nunca faltou no nosso país, tem carro à gasolina, em geral velho, que também pode rodar a gás de cozinha (adaptado com botijão junto ao motor), sem segurança, sem regulamentação e sujeito à apreensão, ou a explodir tudo a qualquer momento ou, então, ele tem uma moto de baixa cilindrada que vive derrubando-o no trânsito caótico das grandes cidades, quando não vai parar numa fila de espera eterna numa unidade do SUS que já está na UTI há décadas. E querem criar (não, recriar) mais um imposto pra mesma saúde, que eles, políticos corruptos EM MAIORIA, já deixaram em frangalhos com a mal aplicada, desviada e roubada CPMF. No que diz respeito a isso tudo, muitos de nós também vêm se tornando bastante favoráveis a uma outra máquina movida a energia elétrica, só que esta, sem rodas ou motor e, que deveria estar instalada em todas as unidades prisionais do Brasil, mesmo que até o presente momento não exista um poder executivo e judiciário com culhão o bastante, para colocar o público alvo a devidamente encarcerado ali.
Eu disse, e está dito! Só que tem um pequeno grande detalhe: Mesmo que o governo brasileiro deixasse de andar na contra mão e passasse a fizer a parte dele direito, mesmo assim, nós continuaríamos não tendo acesso aos VEs aqui pois, não há investidores nacionais REALMENTE disposto a produzi-los no pais, há um monte de "historinhas", algumas até que bem intencionadas mas, é só isso, nem mesmo para produzir baterias adequadas tem investidor aqui e as grandes montadoras detentora das tecnologias, por uma série de motivos, não se interessarão, tão cedo, em vir produzi-los aqui.

Nem mesmo empresas multinacionais já instaladas aqui e detentoras de tecnologia, produzirão aqui para exportação, seja VEs, ou mesmo só baterias e nem mesmo apenas eletroeletrônica embarcada. Esquece isso! Estamos fora da rota de interesses.

De modo que, teremos simplesmente que, fazer o de sempre: esperar a boa vontade de alguma grande montadora que venha a ser a pioneira em VE no Brasil pois, toda a produção dos VEs nestes próximos primeiros anos, que será muito limitada (menor que a demanda reprimida), será toda, apenas para atender mercados do primeiro mundo (do qual nós estamos ainda muito longe de fazer parte). E, quando houver algum salto tecnológico, seja em baterias ou em carregadores embarcados, nós poderemos, se tivermos sorte, receber aqui um pouco dos rejeitos industriais do primeiro mundo.

Quem sabe até o dia que isso venha a acontecer, o governo brasileiro retire a sua mão absurdamente pesada em tributação contra os VEs e, assim, a gente consiga até mesmo adquirir alguns bons obsoletos. C'est lá vie, my friend! Dura ...

8º Salão de VEs (Veículos Elétricos) acontece junto com Eco Business




Trazendo ainda mais qualificação para seus participantes acontecerá durante a ECO Business o VE 2012 - Salão Latino Americano de Veículos Elétricos e Componentes

Depois de passar por uma completa reformulação para se tornar ainda mais completa e inovadora nos temas relacionados à sustentabilidade, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, a 5ª edição da ECO Business - Congresso e Feira de Econegócios e Sustentabilidade acontecerá nos dias 14 a 16 de agosto de 2012 no Centro de Convenções Imigrantes, em São Paulo.

Com direção de Guilherme Brammer, a edição 2012 contará com a participação de 30 palestrantes que abordarão temas ligados ao transporte, matéria-prima, energia, recursos hídricos, construção civil, tecnologia, gestão ambiental, certificações, reciclagem, logística e varejo, entre outros.

Basf, PepsiCo, P&G, Dow, Gilberto Dimenstein, Gui Brammer, Vivian Blaso, Rachel Biderman, ZazCar, Locomotiva, Metalsinter, Sautil, Caronetas, FAAP, FGV, ESPM, Natura, WiseWaste, Camargo Corrêa e Green Mobility são algumas das empresas e palestrantes confirmados no evento.

Este ano, o Congresso e Feira ECO Business foi dividido em 3 tópicos temáticos, cada um sendo abordado em um dia do evento.

A ECO Business é referência e fonte de informação no desenvolvimento da gestão sustentável, pois apoia o setor empresarial brasileiro na busca pela implementação constante da sustentabilidade, contribuindo e impulsionando empresas, produtos e serviços que gerem ganho ambiental.

A ECO Business é uma realização da Mastran Business Fairs e tem como executivos Marco Antonio Mastrandonakis – diretor presidente da Mastran, Guilherme Brammer – diretor do evento e conta com a colaboração de Ricardo Guggisberg – idealizador da feira e presidente da MES Eventos.

VE 2012

Trazendo ainda mais qualificação para seus participantes acontecerá durante a ECO Business o VE 2012 - Salão Latino Americano de Veículos Elétricos e Componentes.

O evento tem como objetivo promover o desenvolvimento, a demonstração, comercialização e a utilização de veículos elétricos no país, intensificando o posicionamento das modalidades e modelos de veículos elétricos no Brasil e na América do Sul.

O VE visa também o desenvolvimento de programas de informação dirigidos à indústria, imprensa e instituições de ensino e pesquisa e, a ampliação do conhecimento do mercado sobre as oportunidades existentes nos negócios que envolvem veículos elétricos.

Afinal, a utilização dos veículos elétricos, veículos automotores que utilizam pelo menos um motor elétrico para sua tração, vem aumentando em todo mundo, pois este é um meio de transporte muito mais limpo, eficiente, sustentável, e que acarreta inúmeros benefícios para a população, o meio ambiente e a sociedade em geral.

Sobre a Mastran Business Fairs

A Mastran Business Fairs é uma empresa de consultoria, planejamento e promoção de Feiras de negócios e Congressos.

Atuando nos mais variados setores da economia, a Mastran vem construindo uma história de sucesso calcada numa ampla visão de negócios e em seu know-how nas áreas comercial, de planejamento, marketing e comunicação adquirido nas maiores e mais importantes feiras e congressos do país.

A empresa desenvolve ainda projetos customizados para entidades associativas e adaptação de feiras internacionais para o mercado brasileiro e Latino Americano, criando parcerias estratégicas internacionais de longo prazo.

Com expertise de duas décadas dedicadas ao setor de feiras de negócios, seu principal executivo, Marco Antonio Mastrandonakis, criou e desenvolveu diversas feiras internacionais que geraram com suas realizações excelente repercussão e impacto nos negócios da América Latina.

O executivo foi eleito em 2010 Vice-Presidente do Conselho de Administração da UBRAFE – Associação Brasileira dos Promotores de Feiras e Eventos, cargo que exerce na defesa do setor e no estímulo constante a seu desenvolvimento.

Sobre a MES Eventos

Com uma proposta inovadora, a MES Eventos planeja, cria, produz e viabiliza eventos que têm foco no desenvolvimento sustentável e ações sociais que ajudam a disseminar a cultura da sustentabilidade no mundo corporativo.

Cada evento da empresa é planejado de forma personalizada para que as parcerias com grandes marcas estejam diretamente ligadas ao tema sustentabilidade.

Com mais de 15 anos de experiência na área, a empresa tem como diretor presidente, o executivo Ricardo Guggisberg, empresário que atuou na gestão de grandes eventos como a Expo celular e que idealizou a ECO Business.

Sobre a GreenBusiness

Comandada por Guilherme Brammer, a GreenBusiness é uma holding focada em Negócios Sustentáveis, baseados nos conceitos de Economia Criativa e Negócios Sociais, e concentra quatro unidades de negócios: gestão de resíduos, consumo colaborativo, negócios sociais e inovação.

Guilherme também comanda a WiseWaste - empresa que tem como foco transformar resíduos em eco-produtos utilizando tecnologias avançadas de reciclagem, logística reversa e design.


sábado, 4 de agosto de 2012

A Eletroquímica do Lítio e sua Aplicação em Baterias de VEs (Parte 3/5)

Capacidade Teórica Versus Realidade (ou ... por que a teoria na prática é outra?):

Para melhor compreender este artigo técnico, talvez requeira olhar para as partes anteriores. Eis aqui os links: Parte1, Parte 2

A primeira coisa a considerar é que os números teóricos anteriormente apresentados assumem que o metal de Lítio possa ser convertidos com 100% de eficiência em íons e elétrons livres, em uma reação química usando eletrodos fisicamente reais, eletrolitos e os demais componentes de uma bateria real. Isso é um engano!

No mundo físico, 100% de eficiência nunca pode ser alcançado e, portanto, uma bateria nunca irá desempenhar 100% da capacidade teórica dos seus materiais ativos. De fato, a capacidade teórica de uma célula só se aplica para o caso de “corrente zero”. Assim que a corrente passa a ser demandada a partir de uma célula, ela perde "energia livre" (ΔG) e a sua capacidade real cai.

Pela equação fundamental:                

Onde:    ΔG   =   A variação da energia livre de Gibbs;
                n   =   O número de elétrons por mol da substância;
               F   =   A Constante de Faraday (Coulombs por mol);
              E0  =   A d.d.p. (diferença de potencial) entre os eletrodos da reação (em aberto).

Esta pequena equação é o elo fundamental entre a eletroquímica e a termodinâmica. Ela estabelece uma relação entre a diferença de potencial elétrico gerada na célula e a diferença de potencial químico entre produtos e reagentes, por unidade de reação. A equação significa que a quantidade de energia ΔG que pode ser entregue por uma célula galvânica é igual a d.d.p. (Força Eletro Motriz) de circuito aberto da célula de Lítio (E0) multiplicado pela carga entregue (n.F)o sinal é negativo para mostrar que as células liberam essa energia e assim terminam com menos energia do que quando descarregado. é a tensão da célula em circuito aberto, ou seja, com zero de corrente, que automaticamente cai, logo que a bateria é ligada para alimentar um consumidor (carga).

Fora isso, um grande número de outros fatores intervem para reduzir significativamente a capacidade teórica dos materiais ativos em uma bateria, de modo que para as aplicações exigentes de condução de Veículos Elétricos (VEs), as baterias estão com eficiência entre 10% e 25%, para entregar a energia puramente teórica que elas contêm.

Isto significa que uma bateria de verdade irá precisar de cerca de 4 a 10 vezes mais material ativo (Lítio) por kW.h do que o mínimo teórico anteriormente calculado (ver Parte 2).

Se olharmos para a energia específica teórica de uma bateria Li-íon, os números amplamente citados são entre 400 e 450 W.h / kg. Todavia, a energia específica real conseguida está entre 70 e 120 W.h / kg. Baterias íons de Lítio práticas, portanto, estão usando, pelo menos, umas quatro vezes mais Lítio por kW.h do que a quantidade "teórica".

Os principais fatores que afetam tal capacidade são:
  • Taxa de descarga ou de entrega de potência;
  • Material do anodo;
  • Material do catodo;
  • Eletrolito;
  • Perda de capacidade relacionada ao ciclo;
  • A velocidade da reação.

Além disso, em uma bateria carregada e pronta para realizar trabalho, apenas o Lítio que ora estiver armazenado no anodo fornece energia para a carga, mas Lítio é usado também no eletrolito, bem como no catodo da bateria. Assim, vai ficando patente a necessidade de alguma quantidade de Lítio extra por kW.h, para além da quantidade teórica de material ativo que compõe o kW.h de energia armazenada. As baterias são um compromisso entre inúmeras variáveis.

Taxa de Descarga  (Taxa C):

Nem todos os fabricantes de baterias determinam a capacidade de seus produtos pelo mesmo método. Tais fabricantes tomam uma dada bateria cheia e a fazem descarregar em 3, 5, 7, 10 ou 20 hs. Variando-se o consumo, ou seja, a corrente elétrica que a carga (ou consumidor) demanda, consegue-se variar o tempo que levará para descarregar. Com o resultado deste teste determina-se, então, a capacidade, seja em kWatt.hora, ou ainda em Ampere.hora para aquela bateria.

Por exemplo: Se a uma bateria plenamente carregada mantém a sua capacidade de alimentar uma carga ao longo de 20 horas para uma corrente de alimentação de 2 Ampères, então a avaliação da capacidade seria rotulada em 2 x 20 = 40 Amp-hora.

No entanto, o problema é que esta relação não é linear pois, quanto mais rápido se descargar uma bateria, tanto menor será a sua capacidade efetiva. Se o método de avaliação da mesma bateria usada acima fosse feito feito para uma corrente de carga de 4 Ampères (o dobro de 2), de fato, a mesma carga completa da bateria não duraria 10 horas (metade de 20) mas, com toda certeza, duraria algo menos, o que faria resultar numa capacidade menor. Assim, a capacidade não é uma constante.

A verdade é que a real capacidade de uma dada bateria não se mantém constante ao longo da variação das Taxas de Descarga (isto é, quando se emprega taxas de descarga diferentes no método de avaliação da capacidade de uma mesma bateria). 

Quando falamos sobre a capacidade de uma bateria (Ampere-hora ou kilowatt-hora) esta é uma figura nominal definida para uma taxa de descarga especifica e, em geral, espertamente adotada para ser relativamente baixa: de C/20, por exemplo, o que significa que a avaliação foi feita considerando 20 horas para descarregar a bateria, enquanto que, na prática de uma dada aplicação (como alimentar o sistema de tração da motocicleta elétrica, por exemplo), poderá acontecer uma situação normal que a faça ela descarregar em apenas 1 h. 

Então fique esperto você também: quanto mais lentamente uma bateria for descarregada, mais energia, no total, ela fornece, mas, ela está fornecendo uma quantidade relativamente pequena de energia por unidade de tempo, ou seja, a sua entrega de potência é baixa.


Inexoravelmente, quando uma bateria é descarregada rapidamente, a uma taxa elevada de descarga, a sua capacidade total de energia nominal cai. Em outras palavras, ela pode fornecer energia elevada, mas durante um período curto de tempo, e fornece uma energia total menor do que se fosse descarregada lentamente. Então, sempre ao depararmos com a informação capacidade de uma bateria, seja em Ampere-hora ou kilowatt-hora, precisamos perguntar: Para qual Taxa de Descarga isso foi avaliado?

As taxas de descarga são dadas no formato:

Exemplos:

P/ descarga em 3 hs => C/3
p/ descarga em 20 minutos = 1/3 hs => C3

A taxa de descarga padrão geralmente utilizada para avaliar o desempenho de uma bateria VE puro é C/3, o que significa que na taxa de descarga "média" esperada para um VE puro, a bateria irá durar 3 horas.


Portanto, por exemplo, para uma bateria de 32 kW.h, esperada para entregar a faixa média de 3,125 milhas por kW.h, ou 100 milhas no total, sobre as 3 horas, o que equivale a uma velocidade média de 33,3 mph (milha por hora), com a bateria entregando a potência de cerca de 10 kW ao longo desse período, variando a velocidade, temos dois possíveis cenários:
  • Se o carro vai mais rápido do que as 33,3 mph, a capacidade da bateria cairá com o aumento da entrega de potência e o alcance vai ficar abaixo das 100 milhas esperadas;

  • Inversamente, se o carro vai mais lentamente do que 33,3 mph, ele poderá ao final ir mais longe do que 100 milhas, mas, obviamente, levará mais tempo para fazer isso.
Ora, isso já era algo conhecido desde sempre pelos motoristas que usaram veículos com armazenagem de energia em combustível líquido. Quando se tem pouco combustível, busca-se andar mais devagar (modo econômico), a fim de prolongar o alcance e poder chegar aonde se precisava chegar. Eu mesmo já fiz isso, muitas vezes pois, eu sei que efetivamente funciona.

O problema é exacerbado quando o tamanho da bateria torna-se menor (como ocorre, drasticamente, no caso dos carros híbridos). A potência necessária para conduzir o veículo em qualquer velocidade continua a ser substancialmente a mesmo e, se a bateria é menor, a taxa relativa em que a bateria está a ser descarregada aumenta. Portanto, sua capacidade efetiva cairá ainda mais devido ao aumento da taxa de descarga.

Assim, para um veículo híbrido, com uma bateria de apenas 1,5 kW.h nominal, nem mesmo um alcance de até 5 milhas pode ser conseguido apenas com a bateria sozinha, porque a capacidade da bateria é muito pequena comparado com a demanda de energia necessária para conduzir o veículo: uma demanda de 10 kW (condução a 30 mph) é uma taxa de descarga de 10 kW / 1,5 kW.h = 6,67, ou seja, cerca de C7 o que significa que a bateria descarrega em 1/7 de uma hora ou, melhor dizendo, 9 minutos.

Assim, a 30 mph seria de esperar que uma faixa de 4 - 5 milhas. O problema é que a capacidade nominal de 1,5 kW.h aplica-se a C/20 e não a C7. C7 é uma taxa de descarga 21 vezes mais rápido que a taxa de descarga C/3 (padrão para avaliação de uma bateria de VE puro, que é muito maior, ex. de 32 kW.h) e, 140 vezes mais rápida do que C/20.

Assim, a capacidade nominal de 1,5 kWh cai ainda mais sob esta maior taxa de descarga e o veículo fornece apenas 1 quilômetro de alcance, e não 4 ou 5 como alguns poderiam esperar.

O Diagrama de Ragone:

Estas dinâmicas dependentes da Taxa de Descarga podem ser ilustradas com um diagrama conhecido como a diagrama de Ragone, que é utilizado para mostrar como a capacidade total de energia de uma bateria declina, tanto com o aumento da sua taxa de descarga, quanto com o aumento da potência entregue.

O exemplo de gráfico a seguir é para uma bateria de tecnologia de catodo em Fosfato de Ferro Lítio (LFP) - LiFePO4 (revestido de carbono), utilizando um material de fosfato em quatro diferentes densidades.



Por conseguinte, os valores geralmente indicados para a capacidade do material de LiFePO4 de 160 mA.h / g , são para taxas de descarga baixas, de 0,1C ou menos, assim, este é um número teórico. Olhando (no diagrama acima) para a taxa de descarga C/3 (0,33 C), que pode ocorrer em uma bateria VE puro de grande porte, a capacidade cai para algo mais realista: apenas cerca de 130 mA.h / g.


Para fazermos um exercício de avaliação, vamos dar uma bateria de 16 kW.h para um PHEV (como é o caso do Chevy Volt) e assumir uma velocidade máxima em “modo VE” de 60 mph e ainda assumir com otimismo que nesta faixa de velocidade um rendimento de 2,19 milhas por kW.h é obtida, ou seja, 35 milhas de alcance nominal até a descarga completa.

Deste modo, a descarga é feita em 35 minutos, ou seja, a uma taxa de 60mph/35mi , que corresponde a aproximadamente 1,7C.

Olhando para o gráfico encontramos que a capacidade específica diminui para algo entre 95 -110 mA.h / g. Vamos considerar a média, que é 102,5 mA.h / g: se 160 é o valor teórico, então 102,5 corresponde a 64% do valor teórico. Portanto, a capacidade disponível seria apenas 16 kW.h x 0,64 = 10,25 kW.h. Nosso cálculo baseado apenas no gráfico se aproxima bem do valor declarado pelo fabricante, que é de 10,4 kW.h utilizável.

Assim sendo, a bateria descarregaria após ter rodado apenas 22,4 milhas (e não 35 milhas, como previa) e teria se passado apenas 22,4 minutos até o fim da carga (e não 35 minutos) nesta taxa de descarga.

(Em uma apresentação a Volkswagen assumiu uma exigência de energia média para um Golf VE classe de 320 W.h / milha e energia necessária de 20 kW.h para atingir 60 milhas de alcance, com uma bateria completa 30 kW.h a uma velocidade "média". Portanto, o nosso exemplo teórico acima foi bastante otimista).

O gráfico de Ragone reflete o fato de que, quando o consumo de energia em uma bateria aumenta, a tensão cai, análoga à pressão em um tanque de água que cai mais rapidamente se a válvula está totalmente aberta. À medida que a tensão cai, e a quantidade de carga armazenada também cai enquanto a bateria se vai sendo descarregada, por depender de ambos os fatores, a energia armazenada cai também, exponencialmente.

Polarização:

A queda na capacidade acima apresentada, é devido a um fenômeno que ocorre com os elétrodos de todas as baterias conhecido como polarização ou de sobretensão. Estas sobretensões ocorrem pois as reações nos eletrodos não ocorrem perfeitamente numa bateria real ocasionando quedas de tensão devido ao surgimento de uma resistência interna à bateria que surgem em decorrência da cinética das reações químicas. Tal queda de tensão é debitada da tensão de circuito aberto nominal e faz reduzir a tensão de funcionamento da bateria – isto é, a densidade de energia cai e as razões disso são três:

A Polarização Ativa aciona a reação eletroquímica na superfície dos elétrodos (isto é, Li → Li e- no anodo e Li e- → Li no catodo): estes processos, em si só, consomem energia (a energia de ativação das reações químicas, o coeficiente de atividade iônica, etc). Em outras palavras, os átomos de Lítio no anodo não pode ionizar sem um custo mas, consomem parte energia armazenada na bateria para o fazer.

A Polarização de Concentração é um outro efeito devido às diferenças na concentração dos reagentes nas superfícies do eletrodo que interferem com a difusão / migração dos íons. Quanto mais elevada a taxa de descarga, mais rápida é a reação química nos produtos da bateria é exigido e existe menos tempo para os reagentes se combinarem: um gradiente de concentração mais íngreme surge definindo uma maior resistência interna, ou seja maior perda de energia.

A queda de tensão I.Rint ou polarização de resistência interna (Rint) é causada pela passagem da corrente que é produzida pela bateria pela resistência interna das suas próprias células. Isto provoca uma queda de tensão (queda I.Rint) durante a operação que reflete em perda de energia na forma de calor, que dissipado no corpo da própria bateria. Quando falamos em termos ideais costumamos desprezar (considerar igual a zero) a  Rint de uma dada fonte de energia elétrica (um gerador ou uma bateria) mas, na pratica, infelizmente, todas as fontes a tem e ela é alvo de preocupação, quando trata-se da questão da máxima transferência de potência, ou seja, máxima eficiência energética. No diagrama abaixo, considerou-se uma Rint = 0,8 Ohms, apenas como um exemplo, para demonstrar o efeito da perda que ocorre na resistência interna da bateria.

Neste exemplo exacerbado, quase 45% da energia é dissipada na resistência interna da própria bateria, em forma de calor.

As Polarizações e a queda de I.Rint serão desprezíveis apenas se a corrente de descarga for muito baixa.  Com correntes menores, principalmente a  parcela I.Rint se torna proporcionalmente menor e a célula pode, então, funcionar com tensão mais próxima da tensão de circuito aberto e entregar a maioria da energia armazenada teoricamente. Já, em taxas de descarga mais realistas, estes se tornam fatores importantes e provocam a alta taxa de perda de capacidade descrita.

Estes efeitos de polarização causam perdas nos eletrodos que consomem parte da energia e a dissipam na forma de calor. Portanto, nem toda a energia teoricamente disponíveis na bateria será convertida em energia útil.

Apesar de considerar a queda de I.Rint, deve também ser lembrado que as baterias LiFePO4 operam em voltagem mais baixa do que baterias LiMnO2. A tensão em aberto cai a partir de 3,6 V para 3,3 V ou mesmo 3,2 V. Isto aumenta a quantidade teórica de Lítio necessária por kW.h para este modelo de bateria, a partir de 73 g (conforme cálculo demonstrado no final da PARTE 2 deste artigo) para 80 g ou 82 g (cerca de 436 g de carbonato de Lítio) e da quantidade real de pelo menos quatro vezes mais do que isso (ou seja 1,74 kg de Carbonato de Lítio), estimado apenas para o que deve ser envolvido na reação, íons potencialmente migrados para o anodo durante o carregamento.

Condutividade do Eletrolito  Orgânico:

Um eletrolito que contenha H2O, simplesmente não poderia ser usado em conjunto com a tecnologia de íons de Lítio, uma vez que os íons Li+ iriam, naturalmente, reagir com o hidrogênio (H) contido nele para formar hidróxido de Lítio. Assim, um eletrolito complexo orgânico de LiPF6 (Hexafluorofosfato de Lítio) dissolvido em um solvente orgânico é o mais utilizado. Isto tem condutividade de 10 a 100 vezes menor do que os eletrolitos aquosos como os utilizados em baterias de tecnologia convencional como NiMH, ZnAr ou PBA.

Por conseguinte, em função disso, a resistência interna (Rint) da bateria de Li-íon tende a se tornar, relativamente, ainda mais elevada, em comparação com as das tecnologias concorrentes e isso, obviamente, leva a ainda maiores preocupações com perdas de energia, por aumentar a queda de tenção I.Rint, ao mesmo tempo em que a energia desperdiçada se transforma em indesejável calor nesta Rint da bateria. Assim, uma vez mais a "densidade de energia teórica" do par de metal de Lítio, por si só, 3,6 V x 3800 mAh / g = 13.680 Wh / kg, encontra motivos para ser reduzida.

Um certo número de pacotes de baterias de íons de lítio concebidos para utilização em VEs utilizam arrefecimento líquido para dissipar o calor gerado. Isto é incomum para qualquer uma das baterias química aquosa tradicionais, para as quais o ar de arrefecimento é suficiente. Esta geração de calor interno maior é indicativo da maior resistência interna e das consequentes perdas de energia mais elevadas, que se traduz em densidade de energia eficaz reduzida em relação ao que teoricamente poderia ser disponível.

Assim, vão se apresentando uma série de fatores: Polarização ativa, polarização de concentração, baixa condutividade do eletrolito, queda I.Rint, todos apontando para aumento das perdas de energia nas baterias Li-íon e que acarretam, por um lado, para a necessidade de um sobredimensionamento da quantidade efetiva de Lítio a ser empregada e, por outro lado, a possível necessidade de um sistema de arrefecimento para corrigir a indesejada elevação do aquecimento da bateria.

Então, vamos precisar de ainda mais Lítio (carbonato de Lítio) para tentar compensar as perdas e, para estimá-lo, prosseguiremos o este estudo na próxima postagem.

Nota Sobre a relação entre massa de Lítio e massa de Carbonato de Lítio:


Massa atômica do Li = 6,941 u.m.a.
Massa atômica do C = 12,0107 u.m.a.
Massa atômica do O = 15,9994 u.m.a.
Massa molecular do Carbonato de Lítio: Li2CO3 = (2 . 6,941) + (1 . 12,0107) + (3 . 15,9994) = 73,891 (u.m.a. => unidade de massa atômica)

Assim, precisamos de 73,891 / (2 . 6,941) = 5,323 vezes em massa de Li2CO3 , a partir da massa de metal de Lítio que desejamos ter. Para conferir estes cálculos, existe uma Tabela Periódica de Elementos Químicos completa, na PARTE 1 desta postagem.

Outros Fatores Relativos ao Eletrolito:

Além dos processos dos eletrodos físicos que descrevemos anteriormente, o potencial de trabalho de uma célula de íon de Lítio é também é afetada pelos processos da reação química no eletrolito.

O quanto a tensão de uma célula (ou da bateria) cai devido a uma corrente que é demandada, pode ser previsto pela famosa equação de Nernst, cuja derivação não vamos apresentar aqui. Os estados de equações que o potencial de trabalho efetivo de uma célula é reduzido por um fator derivado da extensão da reação ou em que medida ela se procedeu e a atividade dos reagentes.

O fato é que quanto mais a reação se estende, mais ainda a tensão irá cair. Interrelacionado com isto está a atividade dos reagentes. Simplesmente porque os íons Li + passaram do anodo para o eletrolito, isso não significa que todos eles vão se mover para o cátodo para se recombinar. Em uma solução concentrada, os íons tendem a interferir uns com os outros e reduzir a sua atividade global, assim, a reação é abrandada.

Isto é exacerbado pelo Número de Transporte baixo para os íons de Lítio (assunto que trataremos também na próxima postagem), o que significa que eles tendem a se acumular, no eletrolito, um pouco mais perto do anodo causando um aumento da interferência uns sobre outros e do aumento da concentração de íons de carga oposta de PF6, contidos no eletrolito complexo orgânico de LiPF6.

É por isso que vários solventes orgânicos são misturados, não apenas para buscar diminuir a viscosidade do eletrolito e para aumentar da solubilidade dos sais de lítio mas, para fazer aumentar a mobilidade dos íons de Lítio no eletrolito, resultando em maior desempenho da bateria.

Na figura ao lado, o eletrolito LiPF6 comumente empregado para baterias de íons de Lítio LiMn2O4 (LMO) e LiFePO4 (LFP), produzido pela MTI Corporation, em um recipiente de aço inoxidável de segurança contendo 1 kg (US$ 499 e em queda). Devido às propriedades químicas do LiPF6, ele deve ser operado  no vácuo ou gás inerte seco para evitar a umidade.

Hasta la vista, baby!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Eletroquímica do Lítio e sua Aplicação em Baterias de VEs (Parte 2/5)

Prosseguindo com a dissertação que se iniciou na Parte 1 desta postagem, agora baseada em um estudo a partir de uma pesquisa da Meridian International Research (incluindo tradução e adaptação para parte do conteúdo postado aqui), voltamos ao questionamento:

Quanto de Lítio que uma bateria de Veículo Elétrico (VE) realmente precisa?

Lítio é o mais leve dos metais conhecidos, mas o seu consumo sob a forma de produtos não-metálicos, tais como cloreto de Lítio, carbonato de Lítio e hidróxido de Lítio são núcleo para um número de mercados finais, tais como as baterias, mas também cerâmica, vidro e graxa industrial.

Nos últimos três anos, o Lítio chegou à atenção da grande mídia e as instituições financeiras devido ao papel crítico que exerce na fabricação das baterias de íons de Lítio - as baterias que foram eleitas para a atual e próxima geração dos VEs.

O carbonato de Lítio é a matéria-prima para fabricação das baterias, cuja produção tem sido o foco de uma inundação de exploradores que chegaram à cena nos últimos anos.

É produzido a partir de salmouras continentais, predominantemente na América do Sul e das rochas minerais pegmatita e espodumênio, principalmente na Austrália.

Existem duas maneiras muito diferentes de extração de lítio:
  1. Salmoura é bombeada a partir de reservatórios subterrâneos para tanques de superfície. A energia do sol evapora o excesso de água e concentra o conteúdo mineral na água salgada. Uma vez que o teor de Lítio atinja a marca de 6%, o licor é removido e transformado em produtos químicos de Lítio;
  1. “Hard rock” é a mineração no espodumênio no sentido mais tradicional que é extraído e triturado para formar um concentrado. Este concentrado mineral é vendido para as indústrias químicas que utilizam a matéria-prima para produzir produtos químicos de Lítio (quando a massa em concentração de Li2O 7,5%) ou de vidro e cerâmica (quando a massa em concentração de Li2O > 5%) onde os produtores o utilizam como um aditivo.
No momento, nenhuma mineradora de Lítio em rocha produz produtos químicos para usuários finais. Outras fontes de lítio a serem desenvolvidas ou exploradas são: hectorita (argila), jadarite. salmoura geotérmica, salmoura de campo petrolífero, água do mar.

Pegmatita                                                          Salmoura

Mercados:

A capacidade global de suprimento de Lítio é de 155.000 tpa (tonnes per annum, toneladas por ano) e os principais produtores são as empresas SQM , a Chemetall, a FMC Corp, e a Talison Minerais.

Demanda de lítio Global 2009: 85-90,000 tpa;
Demanda de lítio Global 2010: 120-125,000 tpa.

Aplicações em baterias deverão ser o motor de crescimento para emprego do Lítio e as previsões dos desenvolvimentos futuros do VEs vai liderar esse crescimento, sustentado também pelo consumo de eletroeletrônicos portáteis, e dispositivos aplicados a armazenamento de energia nas redes elétricas, cuja grande maioria deverá usar a tecnologia de Lítio.

Armazenamento de Energia em Redes Elétricas

Cerâmica e vidro vão compartilhar a demanda, que deverá cair em certa proporção devido ao aumento do consumo do setor de baterias, mas continuará a exigir concentrados. especialmente na Ásia, onde a indústria está vendo um crescimento rápido.

Aplicações industriais, como o uso de lítio em massa (predominantemente hidróxido), alumínio e fundição contínua vai continuar a apoiar a indústria e flutuar de acordo com a atividade industrial global.

Nota: Todos os três valores são expressos em termos de carbonato de lítio equivalente (LCE), para fins de normalização, porém, nem todo lítio é convertido em carbonato de lítio.

Para chegarmos a resposta sobre a quantidade de Lítio que deve ser estimada, vamos antes tentar entender melhor, como uma bateria de íons de Lítio é carregada para que a eletricidade produzida a partir de Lítio seja aproveitada.

Basicamente, todos os átomos consistem de um núcleo central que é carregado positivamente rodeado por orbitas de elétrons (denominada eletrosfera), que são carregados negativamente. A carga total positiva do núcleo e negativa dos elétrons tende, naturalmente, ao equilíbrio mútuo, de modo que um átomo é, em geral, eletricamente neutro.

A Eletricidade é ocasionada pela mobilidade dos elétrons e pelo consequente desiquilíbrio na quantidade de cargas elétricas o que tal mobilidade eletrônica acarreta. Na verdade, em termos práticos, é necessário que já exista, antecipadamente, um desequilíbrio elétrico entre dois pontos, ou seja, uma diferença de potencial (d.d.p.) que atue como força propulsora, para que os elétrons sejam forçados a movimentação para fora da eletrosfera de um determinado átomo imóvel, se tornando elétrons livres (o que ocorre nos condutores elétricos sólidos) ou, que os próprios átomos eletricamente carregados (íons) se ponham em movimento (denominada condução iônica, que ocorrem em meios materiais em estado gasoso ou líquido).

Os fluxos elétricos descritos acima podem ocorrer de duas maneira:
  • Movimento caótico (aleatório ou desordenado) ocorre ao longo de todo o universo físico onde exista matéria em qualquer estado, desde que a temperatura da matéria esteja acima do valor zero absoluto. Por exemplo, qualquer peça metálica que você possa estar observando neste momento, mesmo que fisicamente ela aparente estar desconectada de qualquer outra peça, ela possuirá uma quantidade enorme de elétrons em movimento dentre de seu corpo material e mesmo alguns elétrons poderão estar saltando para fora ou para dentro do corpo dessa peça.


    Todavia, esse movimente eletrônico natural, inerente a matéria e dependente de sua temperatura é desordenado e tem a propriedade de que a somatória de todos os seus vetores de movimento seja igual a zero. A medida de a temperatura do corpo aumenta, tanto a quantidade, quando a velocidade de movimentos aleatórios dos elétrons (ou dos íons) aumenta também mas, a somatória total dos vetores, continuará sendo zero. Existe uma estreita relação entre esse fenômeno e o conceito que existe no contexto a termodinâmica denominado “entropia”, que está relacionado não apenas à indisponibilidade de energia para realizar trabalho, como também é uma medida da desordem de um sistema. Por exemplo, fundir (ou derreter) um bloco de gelo significa ter-se um sistema altamente estruturado e ordenado das moléculas de água e convertê-lo em água líquida, desordenada, em que as moléculas não têm posições fixas.

Todavia, esse movimento desordenado de cargas elétricas não pode ser chamado de “corrente elétrica” e, dificilmente poderia vir a produzir algum tipo de trabalho do qual possamos nos beneficiar.
  • Movimento ordenado de elétrons, é o que denominamos “corrente elétrica”. Ele existe quando a resultante dos vetores de movimento das cargas elétricas não é zero e de modo que existe uma tendência de movimento síncrono de cargas ocorrendo. A resultante indica que, num dado momento as cargas estão a fluir para uma mesma direção e um mesmo sentido e, mesmo que ocorra variação de velocidade ou mesmo de sentido do movimento, isso afeta, de modo sincronizado, todo o conjunto de cargas que se movimenta.
Então definimos que, corrente elétrica e o movimento ordenado de elétrons, de um ponto para outro ponto, entre os quais haja, necessariamente diferença de potencial elétrico (d.d.p.). É exatamente isso que existe entre os polos de uma bateria, d.d.p., também chamada de tensão elétrica. Quando ligamos um consumidor elétrico (ex., uma lâmpada) aos polos de uma bateria (dois pontos entre os quais há d.d.p.), por meio de fios condutores, estamos formando o que é denominado “circuito elétrico”, que é o caminho por onde flui a corrente elétrica.

No caso de uma bateria, a d.d.p. é contínua, ou seja, tem sempre a mesma polaridade definida (+ e -), de modo que a corrente elétrica fluirá sempre numa mesma direção e mesmo sentido. Exceto pelo fato de que uma bateria pode se descarregar (e, de fato, se descarrega por perder consideravelmente suas cargas elétricas previamente acumuladas), a intensidade da d.d.p. também pode ser considerada praticamente constante, ou seja, o valor da tensão elétrica entre os polos é, teoricamente, constante.

Na tecnologia LCO, por exemplo, que é usada para construir baterias de consumo em eletroeletrônicos, mas não é adequada para baterias de VEs, o eletrodo positivo (catodo) é feito de óxido de lítio e cobalto (LiCoO2), enquanto o eletrodo negativo (anodo) é feito de carbono (grafite). Não obstante as diferenças tecnológicas, que implicam em um jogo de vantagens e desvantagens entre custo, vida útil, performance, segurança, potência específica e energia específica, todas as baterias de íons de Lítio trabalham, em geral, da mesma maneira.

Entre os eletrodos há o separador que, como o nome indica, tem a função de separar os dois eletrodos, e é constituído por uma folha muito fina (cerca de 20μm de espessura uniforme) de plástico (em geral Polipropileno (PP) ou Polietileno (PE)) microperfurada (isolante elétrico, porém poroso), que permite a passagem dos íons Li+ pelos microfuros. Como meio de mobilidade para os íons, tudo é embebido em um gel solvente orgânico que atua como o eletrolito.

Enquanto a bateria é vai sendo carregada, o eletrodo à positivo (eletrodo a base de Lítio) irá perdendo parte de seus átomos de Lítio que, uma vez ionizados (se tornando carregados positivamente Li+) pela ação da força da fonte de corrente contínua empregada no carregamento que lhes toma um elétron, vão migrando para o eletrodo negativo, penetrando e se alojando em meio ao carbono. Vale ressaltar que elétrons não conseguiriam passar sozinhos pelo eletrolito pois, o separador provê uma isolação galvânica efetiva no que concerne ao movimentos de apenas elétrons.

Assim, por conectarmos uma fonte externa de tensão elétrica contínua de valor adequado aos polos da bateria, podemos fazê-la carregar-se, ou seja que ela estabeleça um considerável estoque os átomos de Lítio no seu anodo. Deste modo, iniciamos um processo em que os átomos de Lítio que se movimentam durante operação de carregamento, começam por perder, cada um, um elétron, para o polo positivo da fonte de carregamento, se tornando em Li+ (íon positivo, também denominado cátion, de Lítio) enquanto eles ainda estão no eletrodo base (o eletrodo de catodo, de LiCoO2), e imediatamente passam a se deslocar em direção ao outro eletrodo (o anodo de carbono grafite, ou seja, o anodo), onde eles receberão de volta o elétron que haviam perdido, e se anexarão em meio ao carbono deste eletrodo.

Deste modo o eletrodo de carbono (anodo) vai sendo dopado de Lítio, enquanto que o Lítio, ao penetrar no Carbono, vai reagindo diretamente com o ele, de modo a formar carbetos iônicos, compostos por intercalação de grafite (especificamente LiC6, LiC12 e LiC18). Esse fenômeno ocorre mesmo nas condições normais de pressão e temperatura.

Nenhum outro metal alcalino apresenta essa propriedade além do Lítio e por isso ele apresenta uma tendência maior em formar compostos complexos do que os demais metais alcalinos, mais pesados. Mas vale lembrar que isso só é possível por estar combinado com a propriedade do carbono, de formar compostos complexos por intercalação de grafite, permitindo que os átomos de Li se intercalem, ou seja, sejam inseridos entre as camadas de grafite: esta é a uma das razões da superioridade das baterias de tecnologias de íons de Lítio.

Neste tipo de composto, as camadas de grafite permanecem em grande parte formada por moléculas intactas e o hóspede (os átomos de Li) estão localizados no meio. Quando o hospedeiro (grafite) e o convidado (Li) interagem por transferência de carga, a condutividade elétrica no plano aumenta e o composto  se torna eletricamente carregado negativamente. Este processo é um mecanismo de armazenagem de carga reversível.

O elemento carbono (símbolo C, número atômico 6) faz parte do seleto conjunto de elementos químicos que apresenta a característica de alotropia, fenômeno em que um mesmo elemento químico pode originar substâncias simples diferentes. Assim, o carbono forma tanto a substância grafite e quanto diamante, de forma natural e, ainda os fulerenos de forma artificial (ou natural, com raridade).

O grafite, um alótropos do carbono, é um sólido escuro e pouco duro e, por si só tem uma estrutura em camadas planares (que aparenta uma grade de hexágonos com um átomo em cada vértice). Em cada camada, os átomos de carbono estão dispostos em uma rede hexagonal com separação de 0,142 nm, e a distância entre os planos é 0,335 nm. A condutividade e outras características físicas da grafite, como plano de clivagem se devem ao arranjo dos átomos no material, formando as estruturas em forma de folhas (as camadas planares), que são atraídas entre si por ligações fracas.

Grafite forma compostos de intercalação com alguns metais (e com pequenas moléculas), entre eles o Lítio. Nestes compostos, os átomos de Li ficam como que o “recheio de um sanduíche" entre as camadas do grafite, resultando em um tipo de compostos com estequiometria variável, ou seja, a proporção da composição LiC6X é variável, com a taxa de Li em crescimento ao longo do tempo do processo de carregamento e com a taxa de Li em decrescimento ao longo do tempo do processo de descarga, ou de utilização, da bateria.

Um exemplo importante de um composto de intercalação do grafite é o Lítio, denotado pela fórmula LiC6. Compostos de intercalação de grafite, como o CaC6, sob certas condições de pressão elevada e temperatura relativamente baixas, têm propriedades supercondutores. Também, quanto maior for a uniformidade da orientação das camadas planares de carbono nos grânulos do grafite, mais baixa a resistência elétrica do material resulta e, consequentemente, menor será o aquecimento da bateria ao se se carregar.

O mercado de VEs tem o potencial de fazer crescer a demanda de grafite. Por exemplo, a bateria Li-ion do Nissan Leaf (VE totalmente elétrico) contém cerca de 40 kg de grafite. Prevê-se que a demanda global de grafite irá dobrar entre 2010 e 2020 por causa do atendimento às necessidades da indústria de baterias de íons de Lítio. 

A Nacional De Grafite em M.G., no Brasil, está atualmente desenvolvendo a produção de graus esféricos de grafite, com grânulos redondos, diâmetros finos 25 μm, onde ≥ 99.95% do carbono está fixo, propiciando um material de muito melhor consistência de orientação cristalina do que o grafite amorfo, que deve permitir uma capacidade de descarga mínima de 360 mA.h / g , apropriados para as baterias Li-ion.

Nesta arquitetura, os átomos de Li, penetram no carbono pelo espaço existente entre as camadas planares e vão como que "escorrendo", com facilidade, em direção a proximidade da conexão do terminal negativo para receber de volta o um elétron que haviam perdido e, enquanto a quantidade de carga elétrica acumulada vai crescendo no composto LiC6X, os átomos de Li vão se comprimindo intercalados na estrutura das folhas de carbono. Olhando pelo lado do anodo (de carbono), considerando o limite da capacidade estrutural em realizar a reação como sendo o ponto em que todas as moléculas do composto por intercalamento se tornam LiC6 , relação 1:6, um anodo de “grafite ideal”, com 40 kg de carbono, poderia receber até 3,853 kg de Lítio quando a bateria se encontrar plenamente carregada.


Todavia, na prática, acaba-se ficando aquém dessa marca, sendo que a transferência de carga também é limitada pelas imperfeições do grafite mas, a sonhada perfeição, muito aproximadamente,  poderá ser atingida algum dia, quando se tornar viável a construção de baterias de íon de Lítio com o anodo (ou talvez ambos eletrodos) a base em Grafeno, ou seja, de folhas de carbono da espessura de um único átomo, que corresponde a uma única camada planar, formando moléculas em grade hexagonal perfeita ao longo de toda sua extensão.


Pesquisas para aplicação de grafeno são relativamente recentes e ainda não atingiram a maturidade comercial (mas existem anúncios de  uma 3ª geração de baterias de íon de Lítio) e vários experimentos estão sendo conduzidos atualmente, principalmente combinado grafeno com outras substâncias, dentre elas o Silício (Si). Na verdade os grãos do grafite não constituídos de fragmentos de grafeno empilhados e a força de coesão parece vir do desordenamento existente entre os grãos pois, peças de grafeno individuais, quando empilhadas, em condições ambientes normais, por si só não produzem interação que as mantenha unidas.

Por outro lado, olhando pelo lado do catodo existem limitações pois, obviamente que apenas uma parcela de Lítio, originalmente presente no eletrodo positivo (catodo a base de Lítio), poderá vir a ser removido dele para ser movido para o eletrodo negativo (anodo de carbono). Isto também limita a capacidade de transferência e armazenamento de carga elétrica da bateria e é nesse ponto que reside, boa parte da diferença existente entre parâmetros, comparativamente às cinco tecnologias de catodo a base de Lítio (NCA, NMC, LMO, LTO, LFP) atualmente mais utilizadas em baterias de VEs.

Já, durante o processo de descarga (ou de utilização da bateria para realizar trabalho), uma vez fechado o circuito elétrico que possibilite a circulação de corrente elétrica, os íons de Lítio mover-se-ão de volta, a partir do carbono para o LiCoO2. É no exato instante em que ocorre o destacamento do átomo de Lítio da estrutura entre-camadas de carbono, que ele cede um elétron (tornando em íon Li+ novamente) para poder então, passar a mover-se de volta, novamente via o eletrolito, a sua origem (de volta para o catodo de LiCoO2).

Quanto ao elétron que foi cedido pelo Lítio, este escapará para fora da bateria fluindo através do terminal de anodo, circulando pelo consumidor (também chamado de carga) e, por fim, retornando ao interior da bateria, entrando pelo terminal de catodo e recombinando com um átomo de LI+ (íon de Lítio) que acabou de migar de volta para o material do catodo. A medida que os elétrons vão sendo cedidos e o Li+ vai retornando, a bateria está se descarregando. Também aqui, mais uma vez, essa reação química controlada só é possível pelas mobilidade dos átomos de Lítio ionizados, fluindo pelo meio do gel polímero eletrolítico e passando através dos microfuros do separador.

Os eletrolitos utilizados em baterias de íons Lítio são uma mistura de sal e Lítio e solvente orgânico. Vários solventes orgânicos são misturados para diminuir a viscosidade do eletrolito e aumento da solubilidade dos sais de lítio. Isto aumenta a mobilidade dos íons de Lítio no eletrolito, resultando em maior desempenho de bateria, porém, componentes do eletrolito não devem penetrar nos eletrodos mas, sim, apenas os íons de Lítio. As baterias de Lítio usam gel polímero eletrolítico para evitar vazamento de eletrolito para fora do invólucro laminado da célula. O gel de eletrolito é composto de eletrolito com um precursor de gel agregado. Os materiais abaixo são comumente usados para compor electrolito:

Materiais usados nos sais de Lítio: Hexafluorofosfato de Lítio (LiPF6); Perclorato de Lítio (LiClO4); Hexafluorarseniato de Lítio (LiAsF6).

Solventes orgânicos: Metiletil Carbonato (EMC); Dimetil Carbonato (DMC); Dietil Carbonato (DEC); carbonato de polipropileno (PC); Carbonato de etileno (EC).

Materiais usados para criar o gel eletrolito (para baterias de polímero de Lítio): Óxido polietileno (PEO); Poliacrilonitrila (PAN); Fluoreto de polivinilideno (PVDF); polimetilmetacrilato (PMMA).

Assim, quando utilizamos uma bateria de íons de Lítio, os elétrons fluem pelo circuito, entre os dois polos da bateria, energizando a consumidor (também chamado de carga), por exemplo, o motor elétrico de um VE. Então fica claro que, pela parte do circuito exterior à bateria, circulam elétrons, tanto no processo de recarga quanto de descarga, em sentidos de circulação associados, respectivamente opostos, todavia, pela parte interna a bateria Li-íon, apenas usando os íons de Lítio como “cavalo” é que as cargas elétricas podem se mover e se alojar, seja em um ou em outro eletrodo, de modo que, assim, temos um deslocamento de matéria (o que equivale dizer que a massa dos eletrodos varia, seja durante o uso ou durante a recarga), com o íons de Li ( e não apenas de elétrons) se deslocando de um lado para o outro.

Então voltamos a pergunta do inicio: Quanto de Lítio que uma bateria de Veículo Elétrico (VE) realmente precisa?

Capacidade Teórica de Lítio:

Precisamos agora considerar o quanto o Lítio pode, teoricamente, gerar eletricidade.

A corrente elétrica é medida em ampères (A), que é proporcional ao número de elétrons que fluem através do circuito por segundo:

, onde C Coulomb, 1 C = 6,2415 x1018 elétrons

Quanto maior for a corrente, maior o fluxo do elétrons por segundo e quanto maior o número de átomos de Lítio que deve ser ionizados e perder elétrons por segundo, a partir do estoque de átomos de lítio no anodo da bateria (estocado entre as camadas planares do carbono).

A densidade de carga teórica do metal de Lítio em eletroquímica fundamental é 3,8 A.h / g. Em química,  densidade de carga  refere-se à distribuição de carga sobre o volume de uma partícula, tal como uma molécula, um átomo ou um íon. Portanto, um íon de Lítio irá transportar uma maior densidade de carga do que um íon de Sódio (Na), devido ao íon de lítio possuir um raio atômico menor, mesmo que o Na tenha mais elétrons (11 e) do que o Li (3 e). Na verdade, ambos costumam ceder apenas 1 elétron mas, o Li o faz em um nível de energia muito maior, pelo fato do elétron do Li estar mais próximo do núcleo do átomo e também por causa da relação 1/3 ser maior do que a relação 1/11.

Isto significa que, se tomamos 1 g de metal de Lítio, que ora se encontraria no anodo e, supondo que eu possa convertê-la 100% em íons de Lítio e, em seguida, enviar todos os elétrons liberados pelo Lítio através do circuito elétrico para fazer o trabalho (acionando um VE), teoricamente, essa 1 g de Lítio poderia fornecer 3,8 A de corrente elétrica durante 1 hora. Ao final deste tempo a carga da bateria se esgotaria pois, todo o Lítio (1 g) teria sido convertido em íons e teria migrado de volta para o catodo.

Se o metal é Lítio em uma célula de bateria Li-íon desenvolve uma tensão nominal de 3,6 V entre o eletrodo base de Lítio (catodo) e do anodo, podemos dizer que, a energia entregue por que 1 g de metal de Lítio seria 3,8 A.h multiplicado por 3,6 V ou seja, 13,68 W.h.

Portanto, a partir de uma perspectiva puramente teórica, de cada 1 kW.h de energia, a unidade básica de energia, consideramos que, para armazenamento da bateria de um VE, exigirá 1000 dividido por 13,68 = 73 g de metal de lítio. Isto equivale a 389 g de carbonato de Lítio (Li2CO3).

O número teórico de 385 g de carbonato de lítio por kW.h de capacidade da bateria é substancialmente menor do que o número de orientação de mundo real que demos na primeira parte desta dissertação, de 1,4 kg de Li2CO3 por kW.h.

Por que há essa diferença e por que as baterias de Lítio reais exigirem muito mais Lítio (ou Carbonato de Lítio) do que a quantidade teórica?

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