Dando sequência a dissertação anterior, continuamos a traduzir e
adaptar o relatório do The Boston Consulting Group de 2010,
“Baterias para Carros Elétricos – Desafios, Oportunidades e uma
Visão até 2020”
O Desafio dos Custos:
A entidade governamental norte americana U.S. Advanced Battery
Consortium (USABC) estabeleceu uma meta de custo de US$ 250 por kW.h
para as baterias de íons de Lítio. Todavia, ainda que os
fabricantes de baterias possam enfrentar os desafios técnicos
descritos na primeira parte desta dissertação. Ver a 1ª parte em:
http://automoveiseletricos.blogspot.com.br/2012/07/baterias-de-ions-de-litio-tecnologias-e.html
O custo da bateria poderá permanecer acima desse nível e, enxugar o custo das baterias é algo que irá desempenhar um papel crítico na determinação da viabilidade comercial dos Veículos Elétricos (VEs) no futuro imediato.
http://automoveiseletricos.blogspot.com.br/2012/07/baterias-de-ions-de-litio-tecnologias-e.html
O custo da bateria poderá permanecer acima desse nível e, enxugar o custo das baterias é algo que irá desempenhar um papel crítico na determinação da viabilidade comercial dos Veículos Elétricos (VEs) no futuro imediato.
As estimativas dos níveis de custos atuais e futuros encontradas,
variam amplamente e são ainda mais complicados pela falta de clareza
sobre qual é, precisamente, o custo que está sendo estimado: É o
custo de uma célula individual, de uma bateria empacotada vendida a
uma montadora, ou de uma bateria de reposição vendida a um
consumidor? Como a célula representa cerca de 65% da bateria, e
porque as remarcações das montadoras podem adicionar outros 35% a
45% ao preço do pacote, estas distinções se tornam importantes.
Custos Atuais e Metodologia de Previsão:
A maioria das fontes estimam que o custo atual de uma bateria de iões
de Lítio para um VE, tal como ela é vendida para as montadoras,
estejam entre US$ 1.000 e $ 1.200 por kW.h. Olhando para o custo
atual das baterias de consumo geral (que é cerca de US$ 250 a $400
por kW.h), eles ainda preveem que este preço vai cair para entre
para algo em torno de US$ 250 e $ 500 por kW.h para produção em
escala. No entanto, vale lembrar que as baterias de consumo são mais
simples do que as baterias para aplicação em VEs e atendem a
requisitos significativamente menos exigentes, especialmente em
relação a segurança e tempo de vida.
Entretanto, o valor estimado de US$ 250 por kW.h persiste como a meta
de custo para uma bateria de VE. Dadas as opções os recursos
tecnológicos atuais, vemos desafios substanciais para alcançar esse
objetivo até 2020.
Para prever os custos da bateria, foi construído um modelo de item
de linha dos custos de componentes individuais envolvidas na
fabricação de uma bateria em 2009 e variáveis atribuídas
susceptíveis de influenciar o custo de cada componente em um nível
estimado de produção. De modo abrangente, a estrutura de
custos de 2009 inclui uma lista de materiais completa à nível do
pacote de bateria, a mão de obra direta e indireta necessária
à operação das plantas, a depreciação de equipamentos, a
pesquisa e desenvolvimento (P & D), as taxas de sucateamento e as
remarcações para cima. (Ver Quadro a seguir).
Nesta análise, classificou-se o custo de cada componente, sob
duas óticas: ou como sendo dependente de volumes de produção
de baterias, ou sendo independente deles A previsão da evolução
dos custos dependentes de volume assumiu ambos fatores: a
aquisição de experiência no setor e uma crescente automação.
Já, os custos independentes de volume incluem matérias-primas,
taxas de trabalho, e máquinas em geral. Foram estimados que cerca de
70% dos custos das células e 75% dos custos das baterias são
dependentes de volume, efetivamente criando um “custo piso de
vidro" (1) para a tecnologia atual das baterias.
Levou-se em consideração vários produtos químicos, vários
celulares configurações pacote de módulos, e os custos de produção
em países diferentes.
(1) O Termo “Custo “Piso de Vidro””, refere-se a expressão
idiomática da língua inglesa cost "glass floor" que
é um neologismo empregado para designar uma formação de base de
custos em que interagem vários fatores relativos a matéria-prima e
a mão de obra, sendo que, neste caso, custos
das matérias-primas, em primeiro lugar são afetados por parâmetros
relativos a ela, em uma relação que não é linear, e interagem com
o custo da mão de obra, também numa relação não linear, como
ocorre, tipicamente, com o parâmetro espessura das chapas de
vidros utilizados para confecção de pisos.
(2) Argonne
National Laboratory:
Organização sem fins lucrativos - laboratório de pesquisa operado
pela Universidade de Chicago para o Departamento de Energia (DOE).
Para fins de referência e
comparação, assumimos um fornecedor típico de baterias NCA (ver a
Parte 1 desta dissertação para maiores detalhes sobre tecnologias
das baterias de íon de Lítio) de 15 kW.h, com uma produção
modesta automatizada, produzindo 50.000 células, com processo
de montagem altamente manual,
para produzir 500 baterias (100 células por bateria sem descontar o
sucateamento). Estes pressupostos estão em consonância com os
níveis atuais de produção observados neste estudo.
Estimou-se que os custos das células
desse fornecedor em 2009 foi de US$ 650 a $ 790 por kW.h, sendo este
responsáveis por aproximadamente 65% do custo total para a bateria.
Os custos de um pacote de 15 kW.h, para uma montadora, seria entre
US$ 990 e $ 1.220 por kW.h, ou seja, algo em torno de
US$ 16.000 o custo total do pacote.
Os custo por kW.h para baterias
menores, tais como um pacote de 2 kW.h para um carro híbrido, por
exemplo, seria maior, por duas
razões:
- Alguns custos em nível de pacote, tais como sistemas de gerenciamento de energia e cablagens, de certo modo, independem do tamanho da bateria;
- Baterias menores são otimizadas para potência, em vez de capacidade de armazenamento de energia. Neste artigo vamos nos concentrar em baterias maiores, pois estes são mais relevantes para os VEs puros.
Sucateamento:
Uma área em que há uma clara oportunidade para reduzir os custos
são as taxas de sucateamento, onde observou-se uma ampla gama de
desempenho nos processos de produção, relativamente manuais, em uso
em 2009.
As estruturas de custos da indústria automotiva, as margens e os
padrões, demandam uma taxa de sucateamento de menos de 0,1%, no
entanto, foram observadas taxas de sucateamento reais variando de
10%, até valores tão altos quanto 30% a 60%. Os fabricantes que
estão incorrendo as taxas de sucateamento mais elevadas, são
susceptíveis de ter os seus custos de baterias mais elevados, na
faixa de US$ 1.500 a $ 1.900 por kW.h.
Capacidade Utilizável e Remarcações:
Os valores discutidos acima, assumem a capacidade nominal da bateria,
que pode ser significativamente maior do que a capacidade, utilizável
real.
Dependendo da química da bateria, a sua capacidade utilizável, ao
longo de um período de vida de 10 anos, está na gama de apenas 50%
a 80% da sua capacidade nominal.
Além disso, os custos aqui descritos são os custos para montadoras.
Assumindo uma montadora típica e as margens dos distribuidores, o
preço que os usuários finais irão pagar por baterias é
susceptível de ser de 40% a 45% superior ao preço de compra das
montadoras, ou cerca de US$ 1.400 a $ 1.800 por kW.h.
Além do mais, montadoras e
revendedores podem subsidiar essa marcação, um pouco, durante os
períodos de lançamento, mas no longo prazo eles terão de retirar
tais subsídios, a fim
de compensar a comercialização e operação da bateria ao longo do
seu ciclo de vida.
Compostos Químicos:
Diferenças nas estruturas de custos a nível dos componentes para
os materiais, nem sempre se refletem em diferenças de custos a
nível das células. Por exemplo, considere duas tecnologias de íon
de lítio, NCA e LFP:
Embora na NCA os custos dos materiais seja algo em torno de 50%
superiores aos da LFP, por causa do custo elevado de Níquel e do
Cobalto, essa desvantagem é amplamente compensada pelo fato de que
as NCA precisar de quantidades menores de materiais ativos, graças à
sua capacidade de energia específica 30% superior e uma tensão mais
elevada (3,6 volts, em vez de 3,2 volt).
No entanto, a competição entre as duas tecnologias pode virar em
favor de LFP, dada a sua maior capacidade de utilizável.
Independente de qual seja a tecnologia da bateria de Lítio (NCA,
LFP, e afins), os materiais ativos do cátodo e as peças adquiridas
de terceiros, somam quase da metade dos custos da bateria, tanto em
nível de célula e quanto de pacote.
Enquanto as fontes de Lítio economicamente viáveis são, de certo
modo, concentradas geograficamente, como são as empresas mineradoras
deste material, não prevemos restrições de oferta que afetam
significativamente os preços do Lítio. Além disso, como o lítio
representa menos de 2% dos custos a nível de células, qualquer
aumento de preço em potencial teria apenas um impacto limitado.
Olhando para Custos das Bateria em 2020:
Os custos das bateria irá diminuir acentuadamente, com dos volumes
de produção. As peças individuais se tornarão menos caras graças
aos efeito de experiência e de escala.
Os custos dos equipamentos também irão cair, baixando a
depreciação. Níveis mais altos de automação irão reduzir ainda
mais os custos através do aumento da qualidade, redução dos níveis
de sucateamento, e corte nos custos trabalhistas.
No entanto, algo em torno de 25% dos custos atuais das baterias -
principalmente os custos de matérias-primas e peças padronizadas,
comoditizadas, provavelmente permanecerão relativamente
independente dos volumes de produção e mudarão apenas modestamente
ao longo do tempo.
Na previsão do mercado de massa, assumiu-se que 26% dos carros novos
vendidos em 2020 - ou cerca de 14 milhões de automóveis - serão
VEs puros ou híbridos motrizes. Assumimos que todos os veículos com
extensor de alcance e VE puro terá baterias de íon de Lítio, assim
como 70% dos híbridos vendidos. Os restantes 30% dos híbridos - os
veículos menores e de menor custo - ainda irão usar o níquel metal
hidreto (NiMH) popularizado por veículos híbridos da primeira
geração, como o Toyota Prius.
A meta de custo de US$ 250 por kW.h é pouco provável de ser
alcançada para qualquer dos níveis, seja de célula ou de pacote em
2020, mesmo assim, no total, cerca de 11 milhões de carros novos
vendidos em 2020 será equipado com baterias de íons Lítio.
Na previsão de custos da bateria, antecipa-se que os materiais
ativos e as peças adquiridas de terceiros irá tornar-se quase a
metade dos custos geral da bateria em 2020, enquanto o processamento
e a amortização irão, cada um, representar mais 10% dos custos, P
& D, remarcação e custos relativos a despesas gerais e
administrativas de vendas, em conjunto, representarão os 30%
restantes. Nós também assumido altamente automatizado, produção
de alto volume, especialmente ao nível da célula. Assumiu-se um
volume de produção anual, de um fornecedor individual, de cerca de
73 milhões de células e 1,1 milhões de baterias.
Notavelmente, o custo da bateria não é substancialmente sensível
ao local de fabricação.
O modelo do The Boston Consulting Group assume a produção na Coreia
do Sul. No entanto, por causa do baixo conteúdo de trabalho da
produção de baterias, haveria elevação de custos para se produzir
baterias nos EUA, em torno de 6%, enquanto que,
produzindo-as simultaneamente na China iria reduzir os custos de
cerca de 8%.
A análise sugeriu que até 2020, o preço que as montadoras irão
pagar por baterias NCA irá diminuir em cerca de 60% a 65%. (Ver
quadro a seguir). Assim, uma bateria NCA de capacidade nominal de 15
kW.h, que atualmente custa US$ 990 a $ 1.220 por kW.h, irá custar
US$ 360 a $ 440 por kW.h em 2020, ou aproximadamente US$ 6.000 para a
bateria (contra atuais US$ 16.000).
O preço para os consumidores também irá cair, de US$ 1.400 a $
1.800 por kW.h para US$ 570 a $700 por kW.h, o que significa que o
consumidor pagará por uma bateria de reposição, cerca de US$ 9.500
em 2020. Paralelamente o custo das células será reduzido para
apenas US $ 270 a $ 330 por kW.h.
Concluímos, portanto, que a meta de custo de US $ 250 por kW.h é bastante improvável de ser alcançado em cada célula de nível ou o nível
de bateria em 2020 - a menos que haja uma química bateria grande
avanço que leva ao fundamentalmente maiores densidades de energia
sem aumentar significativamente o custo dos materiais, quer da
bateria ou o processo de fabricação.
O Tamanho do Mercado de Baterias:
Num relatório anterior do BCG sobre o carro elétrico, eles haviam
modelado a provável penetração no mercado de concorrentes de
tecnologias de tração elétrica em 2020 na China, Japão, Estados
Unidos e Europa Ocidental em três cenários de desenvolvimento de
mercado: com desaceleração, com ritmo constante e com aceleração.
Essa análise nos levou a prever que os híbridos e os VEs juntos
alcançariam um penetração em vendas entre 11% e 42% desses
mercados: no cenário ritmo constante, com uma penetração de
probabilidade global de 26%.
Continuamos a apoiar essa previsão para 2020. Embora a atual crise
econômica e a recente queda dos preços do petróleo possa aparecer
para mitigar o forte entusiasmo do mercado por tecnologias
alternativas, o interesse na sustentabilidade, a longo prazo, faz com
que o público continue interessado na compra do VE.
Entre os governos e os seus órgãos reguladores, prevê-se que esses
grupos vão continuar a incentivar o desenvolvimento das tecnologias
relacionadas aos VEs, ou, ao menos, nada fazendo para
dissuadi-las. Também, é razoável supor que os preços do
petróleo deverão prosseguir em patamares elevados, e
continuando a sofrer eventuais majorações, até 2020.
Antecipa-se que cerca de 14 milhões de carros elétricos previstos
para serem vendidos em 2020 na China, Japão, Estados Unidos, Europa
Ocidental e será composta por cerca de 1,5 milhões de carros
totalmente elétricos, 1,5 milhões “carros de longo alcance” e
11 milhões de híbridos.
Nesse mesmo ano (2020), o mercado de baterias para automóveis
elétricos naquelas regiões (China, Japão, Estados Unidos e Europa
Ocidental), atingirá um valor de cerca de US$ 25 bilhões. Este
mercado em expansão será de cerca de o triplo do tamanho de hoje
todo o mercado de bateria de iões de lítio para aplicações de
consumo, tais como computadores portáteis e telefones celulares.
Esta previsão se aplica a somatória de todos os componentes
vendidos para montadoras, desde matérias-primas até baterias
completas, não se aplicando ao mercado de usuário final das
baterias. Se o cenário de aceleração em vez do cenário ritmo
constante vier a prevalecer, o mercado de baterias de carros
elétricos poderá chegar a US$ 60 bilhões em 2020. No entanto, se o
apoio econômico do governo for muito aquém das nossas expectativas,
o mercado iria crescer mais lentamente, atingindo apenas apenas US $
5 bilhões.
Neste ponto, eu gostaria de acrescentar alguns adendos ao
relatório do BCG e o primeiro deles é o meu próprio testemunho de
credito a este relatório: eu não estaria empregando aqui, o meu
esforço em traduzi-lo e adaptá-lo, se eu mesmo não desse elevado
credito a ele, considerando-o uma excelente ferramenta de apoio a
decisão, mesmo porque agora, depois de dois anos da sua divulgação,
ele se mostra ainda extremamente realista, e os números seguem
apontando, até aqui, a ocorrência de um mercado, algo entre, ritmo
desacelerado e ritmo constante, como observado, ou seja, tudo dentro
das expectativas lançadas pelo BCG em 2010.
Outra questão, é quanto a um termo técnico que surgiu nos
últimos parágrafos apresentados, o qual eu considero de relevante
importância que o leitor entenda bem: Trata-se do termo “carros
de longo alcance”. O termo “carros de longo alcance” é
algo um pouco mais do que, simplesmente, um termo técnico. Carros de
longo alcance são, tecnicamente, antes de tudo, carros híbridos, do
ponto de vista da fonte de energia mas que, todavia, foram concebidos
para ter uma autonomia maior que carros convencionais sempre tiveram,
ou seja, eles tem um tanque de combustível do mesmo tamanho como
sempre tem sido e uma bateria extra que lhe provê uma extensão do
alcance, ou seja, que serve para garantir que o autonomia vá além
daquela que o tanque de combustível sozinho permitiria.
Antes de prosseguir, preciso fazer dois esclarecimentos e uma
confissão:
- Eu sou de fato um apaixonado, não apenas pela tecnologia, mas pelo efetivo emprego dos VEs como solução de mobilidade. Não vou negar que tenho isso como causa e, que é para isso que eu estou aqui: para defender e propagar essa causa. Eu sou grato a tudo que o motor de combustão interna fez pela humanidade mas, tudo tem um começo, um meio e um fim e, o fim chegou para ele. Deste modo, para mim soa como absurdo, insistir em mantê-lo como protagonista, mas é aceitável que ele permaneça, pelo tempo da nossa necessidade, apenas como coadjuvante. Eu não sou o único a pensar assim e a advogar essa causa, mas existe também o outro lado e, no meio disso, uma inevitável guerra se trava, onde as melhores armas são os fatos e as propagandas dos fatos.
- Do outro lado, como já ocorreu no passado, pessoas, associações, entidades, empresas e governos, farão de tudo para, mais uma vez, tentar impedir o desenvolvimento do mercado dos VEs, pois ele resultará, fatalmente, na gradual substituição, em larga escala, dos automóveis e do seu perfil de consumo, afetando amplamente toda a cadeia de abastecimento hoje estabelecida. Neste sentido tem sido e continuará sendo ainda, sobremaneira relevante, a força opositora imposta aos VEs, promovida por agentes ligados aos interesses econômicos de se manter uma permanente dependência do petróleo, como fonte de energia para a mobilidade. Acredite: eles nunca se darão por vencidos!
Então, eu vou buscar apoio fora de mim mesmo, para tentar definir
o termo “carro de longo alcance” para poder escapar de incorrer
em algum tipo de julgamento preceituoso, feito por mim mesmo pois, se
fosse fazê-lo, começaria dizendo que o termo“carros de longo
alcance” é um termo lúdico, criado pela indústria
automobilística tradicional, para manipular o mercado consumidor,
com um duplo objetivo:
- O de manter o perfil de consumo de energia dos automóveis, atuais e futuros, inalterado, priorizando o consumo de combustíveis e a manutenção do “status quo” do motor a combustão / explosão interna;
- O de menosprezar a Tecnologia Elétrica Pura para carros, diante do mercado consumidor, atribuindo a ela uma mera função secundária, que seria a de apenas estender o alcance, e nada mais, enquanto que, por adotar uma cadeia de transformações em série, com múltiplas etapas de conversores de energia (Química – Mecânica / Mecânica – Elétrica / Elétrica – Mecânica), incide em um rendimento inadequado, caracterizado por inevitáveis perdas entre cada etapa
O que ocorre é que, paralelamente ao que os VEs vinham se
preparando para voltar ao mercado, a indústria automobilística
tradicional, vinha também preparando, uma “enxurrada” de
inovações, de terminologias novas (e também complicações),
relacionadas a tecnologia do motor a explosão, a fim de tentar,
desesperadamente, desviar o foco de atenção que viria sob a
tecnologia do VE puro e prolongar, ao máximo, o tempo de vida de
emprego do motor a combustão interna.
Para que eu possa lançar aqui, definições, algo melhores do que
a que eu fiz acima, eu precisei pesquisar a fim de encontrar uma
fonte que viesse a elucidar, não só a mim mas a muitas outras
pessoas que eu percebo ter a mesma carência, quanto a uma
classificação mais esclarecedora com respewito a “carros
híbridos” e “carros de longo alcance”. Eu penso que encontrei
isso, em uma parte de um artigo de autoria da escritora inglesa Faye
Sunderland, publicado em 17 Janeiro de 2012 no site:
http://www.thegreencarwebsite.co.uk/blog/index.php/2012/01/17/do-you-know-your-hybrids-from-your-range-extenders-the-green-piece/
, cuja parte em questão se encontra sob o subtítulo: “Hybrid
types and terminology.”, o qual eu traduzi e, com pequenas
adaptações, transcreverei nos entremeios do que vem a seguir, nesta dissertação.
Tipos
de híbridos e terminologia:
Para
começar, é bom deixar claro que a SAE - Society of
Automotive Engineers, entidade respeitada a nível
internacional pela sua competência, que associa globalmente mais de
128.000 engenheiros, especialistas e técnicos relacionados,
principalmente, ao mercado de veículos automotivo, desenvolvendo
padrões de consenso, em seu relatório SAE J1715 (2008),
que contém definições para terminologias de veículos elétricos,
para servir de recurso para aqueles que escrevem outros documentos
sobre veículos elétricos, especificações, normas ou práticas
recomendadas, não o fez contemplando, especificamente, os veículos
híbridos, mas sim os VEs,
de modo que o termo “carros de longo alcance”
não aparece ali e eu não conheço ainda, documento SAE mais
recente, sobre o assunto, que contemple tal termo.
Veículo
Elétrico (VE): Seguindo a
nomenclatura conforme definido na norma SAE J1715 um veículo
elétrico é um veículo no qual sua propulsão é feita
totalmente por motores elétricos,
independentemente do meio de obter
energia elétrica.
Portanto, segundo a interpretação corrente, aquilo que
anteriormente era conhecido como uma Veículo Elétrico
Híbrido em Série, passou a ter a POSSIBILIDADE, de também ser referido como um Veículo
Elétrico.
Deste
modo, um veículo elétrico pode ter um ou mais sistemas de
armazenamento de energia (mesmo que seja gasolina), todavia, para se
aceitar isso, há uma condição sine qua non: Se um veículo
elétrico tem um motor a combustão de potência de propulsão, o
motor de combustão não poderá estar acionando as rodas diretamente
através de uma transmissão mecânica, caso contrário NÃO PODE SER
CONSIDERADO VEÍCULO ELÉTRICO. Então
vejamos:
Micro-Híbrido:
é simplesmente um carro de motor a explosão, que usa uma função
partida / parada, que desliga o motor quando o carro está parado e
automaticamente reinicia quando a embreagem é pressionada e uma
marcha é selecionada. Eles não são híbridos realmente
(muito embora, o relatório do BCG o tenha classificado como
“Híbridos Moderados”)e, como tal, geralmente apenas incluem,
além da tecnologia de partida / parada, o sistema HDi (high-pressure
direct injection), que é tecnologia de injeção direta do
combustível, através de Common Rail, que propicia uma boa
diminuição no índice de emissão de partículas, tornando-os e-HDi
em combinação com um sistema partida / parada de segunda geração
e uma caixa manual pilotada.
Híbridos
em Série: é também conhecido como “carro de
longo alcance”. Neste tipo, nunca o motor a combustão
aciona diretamente as rodas. Em vez disso, ele gira um gerador, que
por sua vez, então, carregará de energia a bateria ou suprirá de
potência para o motor elétrico, que, em seguida, acciona as rodas.
Apenas a baixas velocidades e para uma gama limitada, é que as
baterias podem alimentar o motor elétrico diretamente e fazer este
conduzir as rodas e os Híbridos em Série tem a particularidade de,
permanecer preferencialmente neste modo diretamente elétrico, quando
sua condução e feita na cidade. Carros de longo alcance, como o
Chevrolet Volt e o Ampera Vauxhall, também podem ter suas baterias
recarregadas, a partir da rede elétrica, e, neste sentido, eles são
semelhantes aos demais híbridos plug-in e aos próprios VEs puros.
Híbridos
em Paralelo - Neste tipo, tanto o motor a combustão
quanto o motor elétrico pode fornecer energia para a transmissão,
de modo concorrente. Como ambas as fontes de energia podem girar as
rodas, o sistema de controle pode buscar maximizar o desempenho e
economia. Comparado com o carro Series ou de longo alcance, o híbrido
paralelo é especialmente eficiente na condução em estrada quando
um motor de combustão pode maximizar a velocidade, enquanto a a
bateria não é dimensionada para ser capaz de fornecer energia
suficiente por conta própria, para maiores velocidade.
Híbrido
Divisor de Potência ou Híbrido Misto ou Híbrido Série-Paralelo:
é outro tipo de híbrido paralelo, mas que também incluem um
dispositivo de divisão de potência que permite que o carro para
capitalizar sobre a capacidade de um motor elétrico em fornecer
torque a partir de uma paralisação total. Ao utilizar o motor
elétrico a partir de baixas velocidades, isto permite que o
fabricante do carro use um motor a combustão menor e menos potente,
sem terf sensação de baixa potência e de falta de aceleração
final. Carros como o famoso Toyota Prius são híbridos série-
paralelo.
Híbridos-Diesel:
estes podem
potencialmente funcionar como qualquer dos regimes de híbridos de
tração a gasolina que vimos anteriormente. Híbridos a diesel têm
sido referidos como uma boa maneira de realmente maximizar a economia
de combustível do carro híbrido. Estes modelos chegaram ao mercado,
por exemplo, com o Volvo V60 Plug-in Hybrid e com o Peugeot 3008
Hybrid4, no mercado inglês. O carro da Peugeot usa uma configuração
série-paralelo, enquanto a Volvo também é um híbrido Plug-in.
Veículos
Elétricos Híbridos Plug-in (PHEVs): Nem todo hibrido
pode ser conectado a a rede elétrica para poder recarregar baterias.
O motor a explosão precisava queimar combustível para carregá-la.
Todavia, o advento dos VEs vem forçando os híbrido a terem também
com ector para recarga da bateria. Qualquer híbrido cuja bateria
pode ser recarregada diretamente a partir da rede elétrica, para
permitir que uma maior utilização da capacidade de condução
elétrica é denominado “Plug-in”. Em 2012, pode-se observar o
lançamento de dois carros desses, o Toyota Prius Plug-in e o Volvo
V60 Híbrido Plug-in. O alegado é que eles levam os consumidores a
um passo de veículos totalmente elétricos, mas sem comprometer o
alcance ou o desempenho que, todavia, continuam providos por um bom
tanque de combustível.
Conforme
foi definido pela SAE J1715, um Veículo Híbrido Plug-in é:"Um
veículo híbrido com a capacidade de armazenar e utilizar energia
elétrica não-embarcada, em um sistema de armazenamento de energia
recarregável." Esses sistemas passam a estar em vigor com uma
melhoria incremental sobre o híbrido, com a adição de uma bateria
de grandes dimensões, com uma maior capacidade de armazenagem de
energia, inclusão de um carregador embarcado, e os controlos
modificados, para gestão da bateria e utilização de energia.
Segundo
a ATC – Automotive Technology Center (o centro
de referência em tecnologia automotiva de classe mundial da
Holanda), uma definição sobre Veículo Elétrico de
Alcance Estendido (Extended Range Electric Vehicle –
EREV), é atribuído a Tate, Harpster e Savagian da General Motors
Corporation. Ela diz o seguinte: "Um veículo que funciona como
um veículo elétrico de puro desempenho à bateria, quando a energia
está disponível a partir de um sistema de armazenamento de energia
recarregável embarcado (RESS) e tendo um fornecimento de energia
auxiliar que é apenas envolvida quando a energia RESS não está
disponível. "
A
General Motors usa esta definição para descrever o seu Chevrolet
Volt, o Holden Volt, o Opel Ampera e o Vauxhall Ampera, mas outras
empresas do setor se referem a estes veículos como um tipo de
híbrido apenas e isto poderia estar correto, se estes veículos, em
um determinado modo de operação, usarem os seus motores a
combustão, para acionar diretamente as rodas através de uma
transmissão mecânica. O fato é que qualquer carro que tem um modo
de tração com motor a explosão, não pode querer enganar o
público, ensejando querer passar-se por um Veículo Elétrico.
Pela
definição da SAE J1715, em se tratando de carros híbridos, apenas
os híbridos em série, os que são, de fato, estritamente em série,
podem ser chamados de Veículos Elétricos.
Na
terceira e última parte, prosseguiremos falado dos Custos
da Infraestrutura para Carregamento, da Dinâmica Industrial e
concluiremos. Até mais!
Linque p/ Parte 3/3:
Linque p/ Parte 3/3:
Baterias de Íons de Lítio – Tecnologias e Bases de Custos (Parte 3/3)
Outros tópicos correlacionados:
André, parabéns por sua pela iniciativa. Tenho lido aos poucos os seu posts e estou gostando muito. Reconheço seu esforço em tentar deixar o assunto (cheio de termos e conceitos técnicos) de uma forma mais clara (adaptado aos iniciantes no assunto).
ResponderExcluirQuanto a possível desilusão relacionados aos VE (comentado no post), saiba que para quem decide trabalhar na fronteira do conhecimento sempre enfrentará isso. É constantes indagações como: "Para que fazer isso, se aqui já funciona bem?". Se não questionarmos o que já existe, não avançaremos ...
Obrigado, Júlio, pelo seu retorno! São pessoas interessadas e sinceras como você que me fazer crer que a continuidade deste blog vale a pena!
ExcluirQuanto ao restante do seu comentário, saiba que estamos de pleno acordo!
Oi. Poderia me passar o link da terceira parte desta matéria? Não consigo achar o link que encaminha para ela. Peguei as partes 1 e 2. preciso da parte 3 que é a conclusão desta maravilhosa matéria, riquíssima em detalhes. Parabéns!!! Meu e-mail para mandar o link jtmsonline@hotmail.com
ResponderExcluirObrigado (jtmsonline@hotmail.com) por gostar da matéria em nosso blog! Saudações!
ExcluirO linque que você pediu para Baterias de Íons de Lítio – Tecnologias e Bases de Custos (Parte 3/3) é:
http://automoveiseletricos.blogspot.com.br/2012/07/baterias-de-ions-de-litio-tecnologias-e_25.html
André Luis Lenz