domingo, 8 de julho de 2012

O Brasil e a Energia do Lítio

Matriz Energética Brasileira e os Carros Elétricos:

O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 45,3% de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além das energias eólica e solar. As usinas hidrelétricas são responsáveis pela geração de mais de 75% da eletricidade do País. Vale lembrar que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes renováveis no caso de Países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento.

Se Fortaleza viesse a fazer como Nova York, dispondo-se a substituir toda a sua frota de táxis de veículos comuns por carros elétricos, de onde viriam baterias de lítio? Eternamente da China, da Coreia, do Japão ou dos EUA? Não necessariamente pois, o Estado do Ceará possui lítio no seu subsolo e o Brasil possui expertise tecnológica para a fabricação competitiva da bateria.

O lítio do Ceará, nos municípios de Solonópole e Milhã, está contido nos minerais que formam rochas denominadas de pegmatitos, ricas em insumos para cerâmica.

Estes minerais cearenses de lítio possuem nomes extravagantes, como ambligonita, espodumênio, lepidolita, dentre outros. Podem ter nomes exóticos, mas são minerais que possuem teores de lítio dez vezes maiores do que os teores encontrados nos cloretos dos salares da Bolívia, do Chile e da Argentina, considerados privilegiados futuros fornecedores.

Quando geólogos do United States Geological Survey - USGS e oficiais das forças armadas dos Estados Unidos que ocupam o Afeganistão declararam que o Afeganistão possui imensas reservas minerais de ferro, cobre, cobalto, ouro e lítio, alegorizando que aquele pais é "a Arábia Saudita do lítio", numa alusão ao petróleo saudita, uma missão do Ministério de Relações Exteriores, especificamente da Agência Brasileira de Cooperação, composta de técnicos dos setores de mineração e agricultura, entre eles o geólogo pela UnB e doutor em geociências pela Unicamp, João César de Freitas, viajou para Cabul e lá se decepcionou, tanto com os dados dos geólogos russos, quanto com os dos norte-americanos. Ele afiança que a crosta terrestre do Ceará convence muito mais do que aquela que é observada naquele país.

Sabe-se hoje que o lítio no Brasil está sendo tratado como mineral estratégico pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, que em recente encontro no CPqD, em Campinas, discutiu as baterias de lítio para uso em carros elétricos. É voz comum a afirmação de que a Bolívia tem as maiores reservas de lítio do mundo e que seu presidente Evo Morales afirmava não abrir mão dessas reservas para industrializar seu país. Ano passado anunciou-se que a produção de Carbonato de Lítio disparará com o início da extração no Salar de Uyun (Bolívia).

Lítio em Salar Uyun - Bolívia
O Ceará pode e deve dar mais um exemplo em relação ao uso de energia alternativa, aproveitando o lítio que as condições geológicas lhe deram. Atenção governo e empresários!

No Afeganistão existem minérios de lítio similares aos minérios brasileiros assim como minérios de lítio similares aos minérios bolivianos, com um pequeno detalhe: não estão quantificados e nem qualificados devidamente para serem lavrados.

O Brasil tem lítio nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais, assim como no Vale do Jaguaribe, no Ceará. Tem lítio com jazidas definidas pela Companhia Brasileira de Lítio que fabrica carbonato e hidróxido de lítio. Assim, o Brasil não dependerá da Bolívia, Argentina, Chile ou até mesmo do agitado e maltratado Afeganistão para suprir de lítio para quem quiser fabricar baterias para carros elétricos aqui.

A Estratégia Brasileira do Lítio e Uma Primeira Suposta Desventura:

Desde 2010 o Lítio passou a ser considerado estratégico no âmbito do  novo Código de Mineração Brasileiro. O lítio, insumo fundamental para baterias, poderá ganhar papel de protagonista na política mineral nacional, se aprovado na forma como foi enviado ao Congresso o novo código regulatório do setor. Por ele, cria-se a figura do mineral estratégico, cujas jazidas conhecidas poderão vir a ser leiloadas pela futura Agência Nacional de Mineração (ANM). 

O governo considera o lítio estratégico pela sua capacidade de armazenamento de energia, que pode ser aplicada aos veículos elétricos, e pelo fato de haver apenas uma grande jazida explorada, no Vale do Jequitinhonha (MG), pela Companhia Brasileira de Lítio (CBL), no município de Araçuaí. Por isso, as pesquisas e exploração de lítio podem aumentar consideravelmente no Brasil caso o Novo Código Regulatório de Mineração passe no Congresso. Isso é de grande importância, num momento em que  a corrida pela fabricação de baterias para carros elétricos começa a ficar desenfreada.  

Como já foi dito anteriormente, existe grande potencial de extração mineral no Ceará também. A CBL informa que há espaço para mais empresas explorarem o lítio, que no Brasil é utilizado em vidros, cerâmicas e tintas, produtos de menor valor agregado do que baterias de aparelhos eletrônicos. Neste caso, o lítio das baterias de aparelhos celulares é 100% importado.

Recentemente anuncio-se que o Estado do Ceará havia conseguido atrair a fábrica de veículos elétricos  Oxxor Motors Group do Brasil S.A. para a cidade de Trairi e que essa nova fábrica vai produzir desde pequenos carros de passeio até ônibus e caminhões elétricos. Além destes, bicicletas, vans, utilitários e até um trator elétrico serão produzidos no futuro.

Anunciou-se que os carros elétricos da Oxxor terão baterias de lítio e que poderão ser recarregados em tomada doméstica ou em estações de recarga rápida. Segundo a Oxxor, a unidade instalada em Curitiba – PR já vendeu cerca de 3 mil utilitários elétricos no país.

Mesmo o Brasil não tendo uma política tributária para incentivar o mercado de carros elétricos, a Oxxor aposta em incentivos estaduais, onde há isenção de IPVA, rodízio e tributação menor para este tipo de veículo.


Eu fico deveras feliz em saber que já devem existir, circulando por ai, Brasil afora, cerca de 3 mil carros elétricos. Todavia, o que realmente se sabe atualmente é que a Oxxor tem sede nacional no Paraná e pretende vender aqui vários modelos elétricos de origem chinesa. Entre os modelos há opções de picape, minivan, ônibus, caminhão, triciclo, quadriciclo, compactos, entre outros modelos elétricos.

Segundo a empresa, os modelos já têm até nome nacionalizado e há alguns modelos que são mais conhecidos como Chery M1 elétrico, uma picape cabine dupla da FAW, Changhe Ideal (Effa M100), Chery QQ3, Chana Benni, Wagon-R, Zotye 5008 (Terios), Tipicri (nome da empresa para o Toyota RAV-4 de nova geração), entre outros modelos elétricos de tamanho menor.

A questão é que essa empresa passou a ser denunciada tendo em vista a constatação de possível prática de pirâmide financeira e desde o final de 2011, o Ministério Público do Estado do Paraná vislumbrou a possibilidade de cometimento do crime de estelionato por parte da administração da Oxxor Motors Group do Brasil S.A. e, segundo consta, hoje, 3 anos após os primeiro anúncios, a OXXOR MOTORS BRASIL não tem nenhuma fábrica de automóveis no Brasil e que o seu presidente se apresenta em algumas cidades com uma carta de intenção, o que leva muitos prefeitos a ficarem eufóricos, cabendo destacar que isso pode ser uma estratégia para aparecer na imprensa e, assim, tornar mais fácil a aplicação do golpe.

Diante disso eu fico impressionado em ver como que, por mais que Deus nos abençoe grandemente com riquezas naturais e com potencial humano criativo, as coisas no Brasil acabam, quase sempre, sendo feitas de uma maneira completamente errada, fazendo nos parecer um pais de gente desonesta e incompetente. Parece até que, no seio da humanidade, não conseguimos ser outra coisa a não ser uma nação fadada estar sempre enrolada com maracutaias e vigarices. Até quando será assim?


2 comentários:

  1. O Governo Brasileiro espera o que? A construção de uma base militar ?

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    1. Eu não posso dizer ao certo o que o nosso governo espera ou pretende, Sr. Marco, mas eu creio que estamos no momento certo de fazermos uso de bocado do nosso Lítio, não para, simplesmente, entregá-lo em nossos portos em estado bruto, como ainda estamos, de modo lamentável, acostumados a fazer.

      Agregar o máximo de valor ao nosso Lítio, em processos industriais, alocados em nosso próprio território, é necessário e isso significa produzir aqui as baterias de íon de Lítio e os pacotes de baterias para VEs.

      A oportunidade de inserção no mercado (mundial) agora é real e efetiva e o volume de produção de baterias com qualidade e preço será a chave para conseguirmos que o carro elétrico não venha em 4 ou 5 anos a ser morto pela segunda vez, e desta vez a nível mundial, o que seria uma ignomínia imensurável para a engenharia humana.

      “O negócio do carro elétrico é irreversível. A pessoa que gasta R$ 200 por mês em combustível, num carro elétrico, botando ele na tomada à noite, vai gastar menos que R$ 20. O problema hoje ainda é que o custo inicial da compra do carro está caro, mas o preço das baterias está despencando. Tem uma revolução acontecendo nessa área”.

      A frase acima não é minha, mas é atribuída ao 8º homem mais rico do mundo e foi dita já a coisa de 2 anos atrás. Acredito que ele goste de investir em produção, então, se Eike Batista não puder tomar a dianteira nesse negócio, quem poderá? Produzir carros, carros elétricos ou pacotes de baterias, é coisa para a iniciativa privada, não para o governo!

      Espero, sinceramente, desejo de coração, que Deus o faça sábio para ele entender que se ele quiser mesmo, de verdade, produzir carros elétricos em quantidade competiva, terá que fabricar o seu próprio pacote de baterias, montando uma fábrica delas.

      Se ele tiver fé, irá construí-la para capacidade de produzir, no mínimo, 100.000 pacotes/ano iniciais. E, por que não construí-la aqui mesmo, onde está o Lítio verde-amarelo e onde o governo possa (talvez) dar-lhe um suporte especial que ele não teria em nenhum outro lugar do planeta?

      Só quero fazer dois esclarecimentos mais:

      Quando se diz " ... botando ele na tomada à noite ..." espero que todos "companheiros e companheiras" entendam que um EV pode ser conectado a qualquer hora, mas ele deverá ser cuidadosamente programado para efetivamente carregar DE MADRUGADA, ou seja, das 00hs até as 07hs. Notem que pico de consumo nas grandes metrópoles brasileiras é próximo das 20hs. Se 1.000.000 de VEs estiverem carregando entre as 19hs e 22hs corremos sério risco de derrubar o sistema, literalmente e teremos apagões.

      A segunda coisa é que, se for pra entrar mesmos nessa roda, não se pode demorar tanto assim, principalmente se for por esperar INICIATIVAS do governo: iniciativa é coisa para empresários, se não tiver fé, ficar discutindo o formato da roda, o cachimbo cai ... já era! Eu vou estar fazendo quadros para carregadores domésticos, limitado na minha região, que é um "pequeno negócio" possível a mim, mas vou fazer minha parte, o resto é sonho de Deus!

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