Bom,
depois de já termos dado uma boa olhada nas questões a respeito de
Proteção por Aterramento, Proteção por Interruptor DR, e outras
questões pertinentes às Instalações Elétricas Residenciais,
vamos voltar mais uma vez o nosso olhar para a história dos Veículos Elétricos - VEs,
ainda visando questões de segurança, mas também olhando para o (nosso) Sistema Elétrico (a rede elétrica CA), de uma maneira mais
integral.
A
história da tecnologia dos VEs e dos ECVEs (Equipamento de Carregamento de Veículo Elétrico), começou, de modo mais
sério quando, em 1991, nos EUA, um consórcio nacional entre as
montadoras de automóveis, fabricantes de equipamentos, empresas da
construção civil, órgãos e departamentos do governo começaram a
abordar as questões enfrentadas pela operação de carregamento de
VEs.
Sob a
denominação de “National Electric Vehicle Infrastructure Working
Council (IWC)”, o consórcio iniciou os esforços paralelos para
desenvolver equipamentos de carga para veículos utilizando uma
abordagem sistêmica.
O
resultado deste esforço foram padrões de equipamento e de segurança
que resultam em equipamentos que usam tecnologia para lidar com
riscos de choque elétricos e de baterias sem gaseamento de
hidrogênio. O IWC submeteu esses padrões para várias outras
instituições de desenvolvimento, normalização e certificação,
tais como: o Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos
(IEEE), o National Fire Protection Association (NFPA), o American
National Standards Institute (ANSI), a Society of Automotive
Engineers (SAE) e o Underwriters Laboratories (UL).
A SAE,
mais especificamente, desenvolveu padrões de equipamentos com
especificações em nível de detalhes operacionais e arquitetônicos
para os carregadores e para os componentes embarcados do VE, que
atuam durante o carregamento. A UL desenvolveu normas de segurança
para certificação de equipamento de carregamento. A NFPA
contribuiu, adotado normas de segurança, na forma do National
Electrical Code - NEC 1996 ®
Em 1994,
a California Energy Commission (Comissão de Energia do Estado da
Califórnia) começou a trabalhar em conjunto com IWC, com
representantes da Construção Civil e do Corpo de Bombeiros do
Estado para modificar o artigo 625 (artigo que trata especificamente
do sistema de carregamento para Veículos Elétricos) do NEC 1996 ®
para acomodar questões específicas da Califórnia e aprová-lo
dentro do prazo para a Califórnia adotá-lo em seu plano trienal.
Em Junho
de 1996, uma versão modificada do artigo 625 do NEC 1996 ® passou a
vigorar como novo artigo 625 do Código Elétrico da Califórnia.
Toda essa
movimentação, causou a primeira grande bolha de desenvolvimento e
produção de VEs, ainda no final dos anos '90 e, após a ocorrências
de eventos complicadores controversos que sugeriam uma aparente
derrota dessa tecnologia na época, dez anos depois o carro puramente elétrico
retornou ao mercado, e agora com muito mais força ainda, com as tecnologias de baterias de Íons de Lítio mais amadurecidas e a nível mundial, não apenas na Califórnia EUA.
Em 2020 o
Brasil poderá ter entre 1 e 2 milhões de carros elétricos rodando
e mais de 2/3 deles poderão ser dotados de carregadores de
baterias domésticos associados a eles. Profetizar isso não é
surpreendente, pois isso é o que se espera nos EUA ainda para o
início de 2016. Estes tais carregadores domésticos aos quais me
refiro, são exatamente aqueles que permitem que os VEs façam um
“Carregamento Normal” ou seja, um processo de carregamento
que não é “Carregamento Rápido”.
Paralelamente
ao carregamento doméstico dos VEs, toda uma infraestrutura pública
comercial de carregadores rápidos está sendo implantada por lá
mas, estes terão, sempre, a característica de forçarem uma
diminuição da vida útil relativa à bateria e, não existe, a
curto prazo, a perspectiva de “grandes mudanças” na tecnologias
de baterias para esse fim.
Assim, o
carregamento normal, apesar de ser uma operação mais demorada,
continuará sendo aquele que é o recomentado pelos fabricantes de
VEs e de baterias, a ser feito com maior frequência nas operações
de carregamento, a fim de maximizar a vida útil da bateria que, na
composição da base de custo dos VEs, tem um peso bastante
considerável.
O sistema
para carregamento normal ou carregamento doméstico que se tornou o
mais aceitável, principalmente nos EUA e no Japão, é o definido
pelo padrão SAE J1772, que contempla operações de
cargamento com correntes que vão desde 16A até 50 A. O SAE J1772 é
também o padrão mais adequado para o Brasil e terminará por ser
adotado aqui, adaptado às nossas próprias normas.
Em 2020,
tanto as Baterias quanto os Carregadores Embarcados dos VEs
estarão, fatalmente, com valores de parâmetros atualizados, em
relação àqueles que se encontram hoje. Como um exemplo, a Bateria do
Nissan Leaf, que hoje tem uma capacidade de armazenar energia
de 24 kW.h, em 2020 poderá armazenar, muito provavelmente, uma quantidade de energia bem
maior, algo em torno de 45 kW.h a 55 kW.h.
Já,
quanto ao carregador embarcado, que hoje apresenta uma potência de
3,3 kW, no caso do mesmo VE da Nissan, ele passará para a potência
de 6,6 kW, antes mesmo de 2014 e deverá ser algo em torno de 9,9 kW
em 2020.
A
atualização da capacidade de energia da bateria está sendo
providenciada para poder aumentar a autonomia do VE, que é um
atributo muito desejável pelos consumidores e, a atualização
da potência do carregador embarcado, é para que o tempo de operação
de um carregamento normal seja diminuído, ou no mínimo mantido,
outro desejo dos consumidores.
Quando elevarmos a capacidade de energia da bateria do VE (a fim de elevar a autonomia), mas, ao mesmo tempo, mantermos o carregador embarcado de mesma potência, fatalmente, o tempo para carregar tal bateria em CA (carregamento doméstico) aumenta, e este tempo não convém aumentar, sob pena de se comprometer sobremaneira, ou mesmo de se inviabilizar, os VEs como solução de mobilidade.
Por isso precisamos tanto de carregadores embarcados nos VEs de boa potência, quanto de estações domesticas de recargas de VEs de boa capacidade de corrente (entre 32 e 45 amperes).
Assim,
então, se precisamos dobrar a capacidade de armazenar energia
da bateria para obter a autonomia tão desejada, precisamos
quadruplicar a potência do carregador embarcado, para que o
carregamento se possa ser realizado na metade do tempo que
o carregamento levava atualmente.
Olhando para o estado atual das tecnologias, pode-se afirmar que este
é um cenário bastante factível para a indústria automobilística,
a ser realizado na transição dos VEs de segunda geração, que são
os que estão sendo vendidos agora e que entraram no mercado dos
países desenvolvidos a partir de 2010 e os VEs de geração três,
que são os que estarão no mercado em 2020. Todavia, a necessidade
de manutenção do estado de competitividade entre as grandes
montadoras, é possível que a oferta prevista para 2020, poderá vir
entrando aos pouco, para atender os anseios das suas “clientelas
verdes”.
O paradigma da elevação da autonomia pode até ser visto como uma
mera questão de capricho do consumidor, que deseja ter, além de um
carro de tecnologia limpa, também um alcance de mobilidade
compatível ao dos motores a combustão interna: deseja-se poder
viajar 300 km, antes de precisar abastecer, mesmo sabendo que uma
autonomia de rodagem de apenas 170 km, já resolve mais de 80% das
suas necessidades de mobilidade automotiva comuns.
Já,
o aumento da potência do carregador embarcado, tem com motivação a
manutenção ou, se possível, até mesmo o encurtamento do tempo de
abastecimento dos VEs e, a soma dessas duas atualizações demandadas
e perseguidas, acabam por gerar preocupações muito sérias quanto
ao futuro, com respeito a curva de carga do sistema elétrico: o fato
é que um grande número de VEs existentes não poderão
dispor, em tempo integral, da rede elétrica para serem abastecidos.
Olhando
para 2020, devido as atualizações perseguidas, as estações de
carregamento doméstico deverão ser, todas, para trabalhar em tensão
de 220V, e com uma corrente nominal de 50A, nem mais, nem menos do
que isso. Cinquenta Ampères é a corrente máxima que se pode
utilizar em modo de carregamento normal pois, pela norma
atual, acima disso, com 50A ≤
ICARGA
≤
80A, já é equivalente ao carregamento rápido, que não
convém ser usado com uma frequência cotidiana, por tender
comprometer a vida útil das caras baterias.
Além do
mais, a perspectiva de se ver surgir, em uma escala muito rápida e,
em um grande número de residência, um novo aparelho consumidor (a
estação de carregamento de um VE), de 220V, 50A (ou seja,
equivalendo a uma carga nova de 11 kV.A), já é algo bastante (muito
mesmo) alarmante para quem cuida do sistema elétrico, em nível de
geração, transmissão e distribuição, que hoje mesmo, já não
tem um limite da capacidade muito acima da demanda dos horários de
pico.
Assim
sendo, há que se desenvolver uma “cultura de carregamento de VEs”
nova e adequada, a fim de que as operações de carregamento
doméstico dos VEs, possam vir ser realizadas de modo programado,
drenando energia da rede elétrica apenas nos horários que convém,
ou seja, da madrugada, no período das 0hs até as 6hs, quando a
demanda é, tipicamente, a mais baixa possível.
Futuramente,
VEs que eventualmente estiverem parados em suas garagens no horários
de pico de consumo, poderão, até mesmo, servir como fontes de
alimentação para a rede, desde que estejam conectados às suas
estações de carregamento e poderão, então, “devolver” parte
da energia armazenada em suas baterias, de sua voltas para a rede
elétrica, a um valor de preço maior do que aquele com que ele se
carregou durante a madrugada, ajudando assim, a manter um
balanceamento do sistema elétrico da sua região, nestes horários
de pico.
Então,
finalmente, chegamos a uma boa razão real, para você trocar o
sistema de aquecimento de água para chuveiros, de principio
de funcionamento elétrico para o de funcionamento a gaz: não tem
nada nisso que remeta a questões de segurança contra choques
elétricos mas, é sim, por outras três questões que são:
- Tornar disponível recursos da sua instalação elétrica residencial para finalidades de carregamento de VEs;
- Poder dirigir um veículo de tecnologia limpa, máquina simples, silenciosa, durável e que atende a suas plenas necessidades de mobilidade;
- Participar do maior programa de reorganização do perfil diário de consumo de energia da história da humanidade, não apenas deixando de consumir, diariamente, combustíveis, mas também reduzindo o consumo de energia elétrica nos horários de pico (e ainda tendo o possível sonho de ajudar o sistema a suprir alimentação).
Cada
chuveiro elétrico a menos, substituído por sistema a gás,
significará uma carga de 20A a 25A em 220V a menos na rede. Vale
dizer, uma carga que, tradicionalmente, costuma ser ligada nos piores
momentos dos horários de pico de consumo, entre 18hs e 22hs, ao
passo que um VE, mesmo que demandando o dobro de corrente para se
carregar do que um chuveiro elétrico consome e, apesar ainda de ter
que ficar ligado, consumindo, por um tempo, em média, doze vezes
maior que o de um banho, está poderá ser uma carga consumidora que
entra no sistema apenas nós horários de menor demanda.
Para isso
ocorrer, basta que seus inteligentes proprietários, mesmo que
conectando-os a estação de carregamento doméstica em qualquer
momento do dia ou da noite, configurem a operação de carga para ser
realizada, automaticamente, apenas no período da madrugada, enquanto
ele desfruta de seu sagrado sono. É simples assim!
Usuários
de VEs que não puderem fazer o carregamento de suas baterias em casa
no período compreendido entre 0hs e 6hs, comporão uma minoria de
consumidores que poderão fazê-lo, ainda na parte da manhã, entre
as 6hs as 11hs, quando o consumo médio de energia elétrica, apesar
de já ter aumentado, ainda é menor do que aquele que ocorre no
período da tarde e nas primeiras horas da noite, quando,
tipicamente, o consumo médio cresce ainda mais e o pico maior de
consumo acontece.
Portanto,
juntamente com o advento dos VEs, nos chega toda uma nova
necessidade, mas também toda uma nova oportunidade, de praticarmos
um grande rearranjo de cultura e de perfil de consumo, apoiados em
tecnologia. Não apenas de energia elétrica mas, envolve também uma
“inter racionalização” entre as várias formas de energia
consumida, como gás natural e outros combustíveis, combinada ainda
com uma maximização da exploração de fontes alternativas, como,
principalmente, a solar.
Vale
citar ainda mais, o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento
intermediário de energia elétrica, visando a infraestrutura de uma
rede de abastecimento por carregamento rápido de VEs, assim como
aquela que já vem sendo pesquisada atualmente pela Itaipu
Binacional, tudo resultando em um melhor balanceamento da
distribuição do consumo da energia elétrica ao longo do dia,
evitando picos de consumo.
Uma
outra coisa importante sobre a Operação de Carregamentos de VEs é
com respeito ao que é tecnicamente denominado Fator de Potência.
O parâmetro Fator de Potência (cos φ)
indica e quantifica a existência de uma forma de perturbação no
sistema elétrico e esta perturbação é caracterizada por
defasagem entre as grandezas Tensão e Corrente, que são
relativas a energia elétrica que é consumida.
A
defasagem é representada pela amplitude de um ângulo de defasagem
(φ)
e do ponto de vista do sistema elétrico, havendo defasagem, quanto
maior ela for, pior será para suportá-la. Então busca-se por meio
de compensações adequadas, reduzir ao mínimo o ângulo da
defasagem entre a Tensão e a Corrente e, quanto mais próximo de
zero graus se aproximar o ângulo da defasagem, mais de valor
unitário se aproximará o seu cosseno, que é o Fator de Potência
(se o ângulo é zero, o fator de potência = 1).
Olhando
para este aspecto, a operação do sistema de carregamento de um VE,
quando realizado por meio do seu conector SAE J1772, se comportará
muito bem, segundo todas as fontes que tenho consultado, ou seja,
como uma carga que garante um fator de potência ≥
0,95, sem que haja preocupação com a
inserção de componentes adicionais, que teriam a função exclusiva
de prover compensações.
Muito
embora um fator de potência ruim não signifique, para o consumidor
residencial, elevação de custo de tarifa de consumo de energia
elétrica, apenas para o consumidor industrial ou grande consumidor
isso acontece, pensar-se num futuro com alguns alguns milhões de
VEs, sendo carregados simultaneamente em suas garagens, mesmo que no
período da madrugada, seria um problema considerável, para o
sistema elétrico, se a operação provesse um fator de potencia
ruim.
Para
os carregadores de nível 2 (domésticos ou públicos), tem-se como
requerimentos básicos que os Equipamento de Carregamento de Veículo
Elétrico (ECVE), operando em conjunto com os Carregadores Embarcado
nos VEs, devam, sempre, minimizar o seu impacto sobre
qualidade de energia, consumindo corrente com um alto
fator de potência para maximizar a aproveitamento da energia tomada
do sistema elétrico. Isso é atingido, tipicamente, por se empregar
topologias de Correção de Fator de Potência
Ativa, pelo emprego de Conversores CC-CC
BOOST (Unidirecionais ou Bidirecionais), enquanto a topologia de
intercalamento pode reduzir a ondulação e o tamanho dos indutores.
Já,
no caso dos Carregadores para a Rede Pública, os Carregadores
Comerciais de Carregamento Rápido em CC, a topologia de Conversores
Multiníveis é propício para esses carregadores de nível 3. Para
mais detalhes, ver ….............................
Mesmo que
uma estratégia de carregamento que resulte em um perfeito
balanceamento do consumo ao longo do dia não seja algo factível,
tê-la como meta é necessário, ou melhor, inevitável. Vale lembrar
ainda, que as variações do consumo não ocorrem apenas ao
longo de dia, mas elas seguem ainda, tendências sazonais, também
tendencias regionais e ainda questões relativas aos custos da
energia para os consumidores.
Curiosamente,
não é impossível de acontecer que, num mesmo determinado mês em
que ocorra um consumo médio relativamente baixo, ocorrer
picos de consumo consideravelmente elevados. Dados associados
a consumo médio remetem a observação da
Situação dos Reservatórios, que é a energia armazenada mas, têm
pouca relevância quanto às necessidade de dimensionamento da
transmissão da energia pelo sistema elétrico, mas sim, muito mais,
os picos de consumo é que são determinantes. Assim, para os
efeitos do dimensionamento necessário ao sistema elétrico, uma
notícia que divulgue a ocorrência uma diminuição de consumo médio
mensal, poderá perder boa parte da sua aparente relevância,
diante do registro da ocorrência de um único breve momento de pico,
recorde de consumo de energia elétrica.
Uma
notícia veiculada no dia 24 de Janeiro de 2012, da conta de que as
altas temperaturas, associadas ao maior consumo da indústria, vinham
fazendo com que o consumo de energia alcançasse níveis recordes no
País. Segundo a notícia divulgada em:
De acordo
boletim do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) divulgado na
ocasião, foi registrado na tarde de uma dada segunda-feira, um
pico histórico de demanda por energia elétrica. Às 15h32, a
carga gerada chegou a 71.428 MW, superando o recorde anterior, que
era de de 71.246 MW, verificado no dia 7 de dezembro anterior.
Naquele dia, o consumo médio de energia havia sido 61.517 MW,
dos quais 94% foram gerados por usinas hidrelétricas.
A notícia
salientava que, o grande volume oriundo da produção elétrica a
partir da água dos rios foi considerado como resultado do alto nível
verificado nos reservatórios de todo o país, notadamente nas
regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente com 73,90%
de volume d'água contra 63%, na mesma época do ano anterior e
78,41% de volume d'água, contra apenas 53% na mesma época do ano
anterior.
A notícia
salientava ainda que, a região Sul, havia sido em grande parte
responsável por aquele pico de consumo, registrando também o seu
patamar regional, muito embora os reservatórios da região
estivessem em situação oposta aos das regiões Sudeste/Centro-Oeste
e Nordeste, ou seja, com níveis de volume d'água inferiores ao do
mesmo período do ano anterior e, ainda, relativamente baixos (apenas
53%) devido a falta de chuvas naquela região.
Porém, o
que tais notícias não costumam divulgar e que altos níveis de
volume d'água (que é energia armazenada) favorecidos pela natureza
em determinadas regiões e pelo bom planejamento da operação, não
são o único parâmetro determinante da capacidade de superar, sem
incidentes, os momentos de picos históricos de demanda por energia
elétrica, mas todo o conjunto de aparatos do sistema elétrico
interligado o é.
Eu não estou aqui intentando aventar que nós não tenhamos um
sistema um sistema elétrico satisfatório, ou mesmo lançar dúvidas
quanto a nossa capacidade de continuar a expandi-lo, até mesmo
porque, o simples fato de os apagões ocorrem, atualmente, de forma
até bastante aceitável (pelo menos na minha região, a área
metropolitana da capital paulista, onde observa-se queda no
fornecimento de energia apenas por motivos de evidentes transtornos
eletrostáticos atmosféricos), corrobora com afirmação em
contrário.
Na verdade, o SIN - Sistema Interligado Nacional, é algo
deveras grandioso e admirável, com tamanho e características que
permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de
produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um
sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de
usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema
Interligado Nacional é formado pelas empresas das regiões Sul,
Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 3,4%
da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora
do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na
região amazônica.
O
site de Internet do ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico ( http://www.ons.org.br/home/ ),
fornece um vasto conteúdo de informações em diversificado nível
de detalhamento, tais como O Consumo Total de Energia
do SIN, que é o
gráfico da função da carga de energia (em MWMED)
diário, A Situação dos Reservatórios,
que é a energia armazenada a cada dia, por região ou detalhado,
além de muitas outras, tais como O Boletim Diário da
Operação, que é um documento
que disponibiliza diariamente os resultados da operação
apresentados de múltiplas maneiras:
- Energia Natural Afluente por Região;
- Energia Armazenada no Sistema por Região;
- Balanço de Geração e Carga entre as Regiões;
- Carga de Energia por Região;
- Demanda Máxima Instantânea em MW;
- Geração Hidráulica, Térmica e no Horário de Ponta;
- Intercâmbio de Energia entre as Regiões;
- Situação dos Principais Reservatórios de Acumulação;
- Principais Eventos e Ocorrências;
- Despacho Térmico;
Este documento serve de subsídio tanto às equipes de Programação,
Pré-Operação e Tempo Real e também como fonte de dados
estatísticos para o público em geral. O site permite acesso ao
banco de dados operacional do sistema elétrico, podendo se aceder a
planilhas e produzir gráficos feitos sob medida, de acordo com o
interesse do usuário, como por exemplo, os dois gráficos que eu
solicitei e apresento a seguir:
Com
este gráfico, pode-se observar que tanto a “Carga de Energia”
(em MW.hMED),
quanto a “Carga de Demanda” (em MW.h/h) que foi entregue e
suportada e pela totalidade do SIN ao longo de 2012, vem batendo,
sucessivamente, mês a mês, aquela que ocorreu em 2011. Carga de
Demanda é aquilo que mais se aproxima, permitindo comparações mês
a mês, dos picos de consumo. Em outras palavras, mesmo que os dados
sobre 2012 vão apenas até o mês de Junho, parece que fica claro
que em 2012 estamos consumindo na média, mais energia elétrica do
que consumíamos em 2011 e que também estamos provocando picos de
consumo relativamente maiores. Estes gráficos também permitem se
ter uma boa noção do caráter sazonal do consumo.
O
Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, no desempenho de sua
atribuição institucional de coordenação, supervisão e controle
da operação de geração e transmissão de energia elétrica no
Sistema Interligado Nacional – SIN, busca permanentemente, por
determinação legal, proceder a essa operação atendendo aos
critérios de transparência, neutralidade e equanimidade. O trabalho
do ONS prima, sempre, por excelência. Segue abaixo, dados
específicos da Demanda Máxima Instantânea, relativas ao dia
anterior ao que esta resenha foi escrita. Repare que os recordes de
pico de consumo, exceto na região norte, foram todos obtido
recentemente, a partir de Fev/2012 :
Demanda Máxima
Instantânea (em MW)
|
|||||
Data:
|
16/07/2012
|
||||
Recorde
até o dia
|
|||||
Submercado
|
Recorde
do dia
|
Hora
do recorde
|
Data
|
Valor
|
|
SE/CO
|
41.025
|
18:38
|
29/02/2012
|
47.463
|
|
S
|
12.787
|
17:50
|
06/03/2012
|
15.035
|
|
NE
|
9.477
|
18:35
|
23/04/2012
|
10.680
|
|
N
|
4.339
|
19:00
|
22/09/2011
|
4.750
|
|
SIN
(TOTAL)
|
67.215
|
18:35
|
08/02/2012
|
76.733
|
Reparem
também, que os horários de pico consumo do dia ocorrem, com
frequência, entre 18hs e 19hs.
Deste
modo, parece claro que consumo de
energia elétrica continua a aumentar, tanto na média, quanto nos
picos, todavia a nossa atividade industrial não me parece que se
encontra assim, tão aquecida (mas me perdoem se eu estiver errado
nisso) e, mesmo o carro elétrico ainda nem chegou por aqui.
Diante
disso, eu, particularmente, me sinto bastante confortável e
satisfeito por estar podendo agora, trocar o meu chuveiro elétrico
por um novo chuveiro a gás, passando a comprar os serviços da
Comgás para tal, empresa a qual eu confesso que ainda não conheço
mas, diante da expectativa dos VEs entrarem em breve no Brasil, eu
duvido muito que a Aneel possa voltar a vir defender o controle do
consumo de gás via preço, como fez a cinco anos atrás.
No
futuro próximo da mobilidade, a aplicação dos VEs pelas populações
humanas é inevitável, imprescindível e já chegou, para ficar por
um bom tempo, talvez dominando mesmo, todo o restante do século XXI.
A
troca do sistema de aquecimento de água para banho, nas residências,
de chuveiro elétrico, para aquecedor a gás, pode estar vindo a cair
como uma luva pois, esta mudança, torna disponível ao menos um
circuito no quadro de distribuição da instalação elétrica da
residência, que pode ser retrabalhado e redirecionado para alimentar
um Equipamento de Carregamento de Veículo Elétrico (ECVE, em inglês EVSE), poupando
uma boa parte do investimento que seria necessário, no caso de se
partir do zero, inserindo um circuito totalmente novo.
Além
do mais, está mudança permite, ainda, uma relação de troca: deixa-se de consumir com o chuveiro elétrico, para se consumir com
o carregamento do VE, trazendo a possibilidade de se fazer ajustes de
demanda, equacionando a distribuição do consumo de energia elétrica
ao longo de um dia.
Ou aprofundar ainda mais o seu conhecimento nestas outras postagens:
Você pode continuar lendo sobre este mesmo tema nas seguintes postagens:
Redes Elétricas Inteligentes (Smart Grid) e os Veículos Elétricos
Aquecedores de Água a Gás Natural Devem Colaborar com o Carregamento Doméstico de Veículos Elétricos
Ou aprofundar ainda mais o seu conhecimento nestas outras postagens:
Eu pretendo ter meu VE, mas sem depender do carregamento a partir da rede elétrica pública.
ResponderExcluirPara isso, pretendo montar um motor-casa elétrico com carregamento a partir de 15 painéis solares instalados no teto (5 fixos, mas 10 distribuídos em 2 frames deslizantes, a serem abertos quando estacionado). Quando as baterias estiverem com pouca carga, simplesmente estaciono em algum lugar adequado, abro os frames e espero completar a carga; de 8 a 12 horas de sol devem ser suficientes.
Para aquecer a agua do banho, um aquecedor solar para 60 litros. Para cozinhar, um forno solar e um cooktop elétrico servirão bem.
As baterias ficarão acondicionadas em um compartimento fechado e refrigerado, para esticar a máximo sua vida útil.
Este projeto vai custar os olhos da cara, mas vai me poupar do aluguel, da conta da energia e do custo do combustível.
Faz sentido ?
Acho que o Sr. está confiando demais no sol, Rui. Acho prudente pensar num sistema mais versátil, onde o sol seja o maior protagonista, mas, não o único. A minha prudência me diz que nem o sol merece tanta confiança assim.
Excluire pode ser que esteja mesmo - terei que contratar um engenheiro pra acertar os numeros - mas afinal é um motor-casa, então se faltar energia eu paro na beira da estrada, descansar, escrever um pouco
ExcluirAcho que o Sr. está confiando demais no sol, Rui. Acho prudente pensar num sistema mais versátil, onde o sol seja o maior protagonista, mas, não o único. A minha prudência me diz que nem o sol merece tanta confiança assim.
ResponderExcluirBacana a sua linha de utilitários, E-MART CAR.
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