Você
algum dia já desejou que o tanque de combustível do seu carro fosse, magicamente, cheio de gasolina a cada manhã que você acordasse? Você já desejou não precisar conectar o cabo do seu telefone
celular durante a noite para poder carregá-lo? Claro, né! Ambas
essas coisas soam incríveis mas, a total falta de existência delas
não impediria você de usar o seu carro ou o seu telefone celular.
É por
sua causa, que vem surgindo anúncios interessante, sobre parcerias,
entre fabricantes de carros e de celulares, como o caso da BMW com a
Siemens e, agora o da Renault com a Qualcomm: eles estão entrando
no negócio de Recarga de Veículos Elétricos Wireless. Sim, mais um
wireless da vida, só que agora um tipo um tanto diferente, não é
focado em transmissão de dados ou voz, mas sim, para transferência de
energia elétrica – wirerless de potência e, de relativamente bastante potência.
Nós
precisamos mesmo disso? Como isso funciona? Na verdade, nem mesmo
comercialmente a ideia é nova: Escovas de dentes Oral-B
recarregáveis fabricadas pela empresa Braun têm usado o
carregamento wireless, ou carregamento indutivo, desde o início de
1990 e, nos anos recentes, alguns telefones celulares e tablets tem
buscado emplacar essa ideia.
Mas todos
esses são equipamentos de muito baixa potência e requerem pouca
energia para o recarregamento da bateria, bem menores que 0,1 kW.h. Como ficaria para recarregar uma bateria de um VE puro que pode ter uma capacidade de energia de 20kW.h, 25 kW.h (tipo do Nissan LEAF) ou mais (bastante mais, no caso dos Tesla Modelo S)? (repare que um Toyota RAV4 EV possui bateria de íons de lítio de 41,8 kW.h, enquanto que, um poderoso Tesla modelo S de luxo é equipado com bateria de íons de Lítio de 85 kW·h).
Bom, seja
baixa ou alta potência, o principio básico usado é o mesmo:
carregamento por indução eletromagnética, tecnologia que remonta
aos primórdios, mesmo anteriores ao do emprego massivo da
eletricidade, quando em 1820, pela primeira vez, Christian Oersted,
pode observar a correlação de existência entre eletricidade e
magnetismo.
Tal
correlação passou a ser dominada a partir de enunciados de diversos
pesquisadores, cuja integração resultou na chamada lei de Faraday –
Neumann - Lenz, ou lei da indução eletromagnética, que quantifica
a indução eletromagnética. Indução eletromagnética é um
fenômeno natural pelo qual existe produção de corrente elétrica
em duas situações:
- Em um circuito condutor imóvel colocado sob efeito de um campo magnético variável, ou;
- Em um circuito condutor que é movimentado dentro de um campo magnético constante.
Na
verdade essa lei é a base do funcionamento de muitos dispositivos
elétricos, todas as máquina elétricas, como alternadores, dínamos,
motores e outros mas, o mais importante no caso do carregamento
indutivo são os transformadores, cujo princípio está relacionado
com o primeiro caso: um circuito condutor imóvel colocado sob efeito
de um campo magnético variável.
Isso
significa, inexoravelmente, que para a energia ser transferida
de uma bobina primária (fonte de energia) para uma bobina secundária
(receptora de energia) a corrente elétrica que circulará na bobina
primária, precisará, sempre manter-se variando, de modo que o campo
magnético resultante dessa corrente, seja variável também, a fim
de poder causar indução sobre a bobina secundária, pois ambas as
bobinas se encontrarão imóveis quando a operação de carregamento
estiver em curso.
Em outras
palavras, esse carregamento só poderá ocorrer, transferindo ao VE
energia elétrica, se ele operar empregando Corrente Elétrica Alternada (CA), uma
vez que a Corrente Elétrica Contínua (CC) não é capaz produzir indução
eletromagnética por prover um campo magnético apenas fixo, em
termos de polaridade e de intensidade (isso é fato, se o VE estiver sendo recarregado parado, pois, se pensarmos em carregamento com ele se movendo, a coisa poderá mudar) .
O diagrama a seguir ilustra a ideia básica do carregamento wireless:
O diagrama a seguir ilustra a ideia básica do carregamento wireless:
Uma
principal desvantagem natural deste sistema, é, obviamente, quanto a
eficiência energética: O carregamento feito por meio de um
transformador significa a inclusão duas etapa a mais na cadeia de
transformação de energia comparativamente às que já existem
quando o carregamento é feito diretamente por conexão a cabo de
força.
Em um transformador, a energia é passada de elétrica para magnética
(corrente elétrica no primário para campo magnético) e depois é
reconvertida de energia magnética para energia elétrica (do campo
magnético para corrente no secundário). Como todo processo de conversão só
pode ser realizado, na prática, sobre a penalidade de alguma perda,
por menor que seja, o rendimento do transformador será menor do 1,
significando perdas extras adicionadas.
Além das
bobinas do transformador de ambos os lados, o carregamento indutivo,
na forma como está sendo proposto, requer também um aparato
eletrônico de comunicação de dados, para realizar negociações de
ajuste da corrente demandada no carregamento, bem como servir de
realimentação a fim de controlar um ótimo posicionamento do carro, que contém o elemento do secundário, em relação ao primário do transformador da estação que está fixado no
piso, aumentando a complexidade e custo de produção.
Tratando-se
de Smart Grid, tal comunicação, por via de sinal de rádio, poderia ser
dispensada e as informações entre o VE e a estação de carregamento poderiam ser
trocadas por meio da própria rede elétrica (a existência do transformador não é
um impedimento para isso, tal como as experiências práticas com Smart Grid atuais têm demonstrado). Nem mesmo para realimentar informação
de posicionamento, o aparato de comunicação extra se faria necessário,
podendo, as técnicas de Smart Grid, serem aproveitada também para isso.
Recentes
abordagens para reduzir as perdas de transferência através da
utilização de bobinas ultra finas, de frequências mais altas, usando tecnologia de ressonância magnética e
unidade eletrônica gestora de carregamento optimizadas,
demonstram resultar em carregadores e receptores mais eficientes (86%
de rendimento, entregando 6,6 kW de potência a partir de um consumo
de energia de 7,68 kW) e compactos, facilitando a sua integração em
dispositivos móveis, porém a um custo maior e, ainda assim, com um
rendimento relativamente baixo.
A fim de diminuir a perda, um sistema de acoplamento móvel, pode ser implementado na estação de carregamento wireless, um dispositivo especial de alinhamento, não apenas para proceder a um alinhamento vertical em relação ao plano, mas para fazer subir a elemento indutor, antes de efetivar o inicio do carregamento, reduzindo a distância de lacuna do "entre ferro", grande responsável por perdas, ao mínimo.
A fim de diminuir a perda, um sistema de acoplamento móvel, pode ser implementado na estação de carregamento wireless, um dispositivo especial de alinhamento, não apenas para proceder a um alinhamento vertical em relação ao plano, mas para fazer subir a elemento indutor, antes de efetivar o inicio do carregamento, reduzindo a distância de lacuna do "entre ferro", grande responsável por perdas, ao mínimo.
Então
alguém da Siemens anunciou que “o nosso conceito de transmissão
indutiva de energia tornaria possível recarregar automaticamente
veículos como táxis, enquanto eles estão à espera nos pontos de
táxi." Óbvio que isso deve ser verdade, afinal, a Síemens é,
desde muito tempo, uma potência mundial respeitada em
eletroeletrônica, assim como os trens Maglev podem levitar e, apesar
de diferenças tecnológica, estão, de fato, flutuando no Japão, na Alemanha, na Coreia e na China.
Tecnicamente
isso é maravilhoso mas, essa tecnologia é viável economicamente?
Mesmo podendo fazer, por exemplo, a ponte Rio-São Paulo no mesmo tempo que os
aviões, a resposta é: Não! O investimento necessário para
instalar linhas totalmente novas é enorme - enquanto os trens-bala
comuns podem aproveitar as ferrovias já existentes.
O primeiro Maglev, de tecnologia alemã, inaugurado a algum tempo na China, fazendo a ligação entre a cidade de Xangai e o seu aeroporto, num percurso apenas pouco superior a 30 km de distância, custou, segundo múltiplas fontes de informação, algo entre US$ 1,2 e $ 1,35 bilhões para ser construído. Respeitando a proporção da distância de percurso, se fosse entre o Rio e São Paulo, custaria, honestamente e, sem contar a inflação do dólar ocorrida em 10 anos, de US$ 15 a $ 17 bilhões.
O primeiro Maglev, de tecnologia alemã, inaugurado a algum tempo na China, fazendo a ligação entre a cidade de Xangai e o seu aeroporto, num percurso apenas pouco superior a 30 km de distância, custou, segundo múltiplas fontes de informação, algo entre US$ 1,2 e $ 1,35 bilhões para ser construído. Respeitando a proporção da distância de percurso, se fosse entre o Rio e São Paulo, custaria, honestamente e, sem contar a inflação do dólar ocorrida em 10 anos, de US$ 15 a $ 17 bilhões.
Depois
dessa obra Sino-Germânica entrar em operação, em 2004, essa
tecnologia ainda não conseguiu encontrar caminhos que viabilizem a
sua expansão para outras aplicações comerciais, nem mesmo dentro da grande e
poderosa China. Planos de expansão e novas construções tiveram os trabalhos suspensos em 2008 e, tanto o público quanto o governo local
de Xangai, passaram a questionar, não apenas o elevado custo dos
projetos relativos a esta tecnologia mas, também, questões ligadas
a temores de radiação, devido ao elevado campo magnético variável ao longo de todo o percurso.
Com isso
criou-se uma demanda para que futuras construções de linhas de
Maglev na China passassem a ser subterrâneas, para aliviar possíveis
efeito de poluição eletromagnética e a decisão final sobre
expansão ou novas linhas de Maglev teria que ser aprovada pela
Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.
Pensando-se
em Maglevs, alguém poderia sugerir a construção de pistas rodagem de carros elétricos, dota das com encrustamento de magnetos
(imã), ou de eletromagnetos, de polaridade fixa, implantados, distribuídos alternadamente com polaridades opostas, ao longo de
rodovias, os quais poderiam induzir corrente elétrica a um VE, mesmo enquanto ele se movimenta (nem precisaria, necessariamente, levitar).
As questões de obstáculos a tais tipos de sonhos tecnológicos são, além dos custos de implementação de infraestruturas mirabolantes, que são verdadeiramente enormes, também os possíveis efeitos da poluição por radiação, prováveis mas impossíveis de se avaliar quanto as consequências ou mesmo quantificar, verdadeiramente, hoje em dia.
As questões de obstáculos a tais tipos de sonhos tecnológicos são, além dos custos de implementação de infraestruturas mirabolantes, que são verdadeiramente enormes, também os possíveis efeitos da poluição por radiação, prováveis mas impossíveis de se avaliar quanto as consequências ou mesmo quantificar, verdadeiramente, hoje em dia.
O
primeiro Maglev urbano aberto ao público, fora da China, foi em
Daejeon, Coreia só Sul, em 21 de abril de 2008: após 14 anos de
desenvolvimento e construção o Maglev urbano é executado em um
percurso de inexpressivo 1 km. Hoje em dia, Maglev e mais um símbolo
da atitude progressista da China e encarna extravagância chinesa.
Já, países desenvolvedores como Japão e Alemanha o usam para
propósitos de pesquisa e também para apostar corridas, visando
quebrar, sucessivamente, recordes de velocidades.
Assim como os Magleves, os carregadores de VEs wireless também geram radiação eletromagnética (poluição invisível), porém apenas localmente, nas proximidades do seu local de instalação e durante a operação do carregamento.
Todavia,
os VEs não vieram para ser, apenas, mais uma extravagância mas, sim, como
fruto do desenvolvimento de uma solução prática e inteligente, para o mercado de larga escala, dentro de um contexto de disputa econômica feroz: vale lembrar que, com o sucesso dos
VEs estaremos estabelecendo uma diminuição na dependência do
petróleo a nível mundial e isso gerou, tem gerado, e está gerando, muitos e poderosos inimigos
contra a sua causa, o que a faz tender, portanto, a ser constantemente perseguida,
visando, até mesmo, a sua total desarticulação.
Toda
tecnologia a ser desenvolvida no contexto dos VEs é bem vinda,
contudo, toda ideia extravagante e pouco viável economicamente, poderá, num primeiro momento, ser
contraproducente e servir de munição, para quem busque motivos apenas para causar
descredito da solução de mobilidade por meio do emprego da tecnologia dos VEs
puros. Então, quem deseja e aposta no sucesso dos VEs, há que faze-lo bem e cuidar de evitar pedras de tropeço no caminho a ser percorrido
por essa causa.
Contudo, eu devo esclarecer que não sou contra ao carregamento wireless mas, em termos de infraestrutura de abastecimento, os custos implantação podem se tornar um impedimento para se adotar o carregamento wireless como uma Forma de Carregamento Padrão. Todavia, ele é bem vindo como um acessório opcional, de preferência pensando em que ele seja instalado fora das linhas de produção dos EVs.
Contudo, eu devo esclarecer que não sou contra ao carregamento wireless mas, em termos de infraestrutura de abastecimento, os custos implantação podem se tornar um impedimento para se adotar o carregamento wireless como uma Forma de Carregamento Padrão. Todavia, ele é bem vindo como um acessório opcional, de preferência pensando em que ele seja instalado fora das linhas de produção dos EVs.
Pensem
bem: Se nós exigíssemos dos carros tradicionais a metade daquilo
que estamos exigindo dos VEs, nós simplesmente ainda estaríamos
andando a cavalo e sonhando com espaçonaves. Os fabricantes de VEs
tem que ser posicionar quanto a isso e saber separar devaneios de
necessidades básicas. Primeiro façamos o simples, depois vamos ver
o que mais é possível com as tecnologias em desenvolvimento.
Não é
maximizando em sofisticação que os VEs se tornarão viáveis curto
ou médio prazo. Não é estimulando o delírio de consumo
extravagante das pessoas que as grandes corporações obterão exito
em faturamento, contribuindo com a causa dos VEs. Será que nós
podemos, realmente, ser tão preguiçosos que precisamos de uma
solução para evitar simplesmente ligar uma tomada? Uma operação
manual que consumirá 15 segundos do nosso dia?
Se você
quer mesmo mostrar que é um camarada tecnológica e ecologicamente
correto e moderno, você deve pensar que, independente se o
carregamento do seu VE for feito por via de um cabo de força, ou por
um meio wireless qualquer, a programação da hora de início do
carregamento, muito provavelmente, terá que ser feita, para se
ajustar de modo a evitar os horários de pico de demanda de energia
na rede elétrica. Isso deverá ocorrer, principalmente aqui no
Brasil, que ainda é o país do chuveiro elétrico.
Muito
provavelmente você deverá programar o início da operação de
carregamento para bem tarde da noite, num horário em que, muito
provavelmente você já estará, ou ao menos desejaria estar,
dormindo. Teclar na IHM do carro para programar o horário de início
do carregamento levará mais tempo do que encaixar a tomada do cabo
de força.
A
economia dos VEs não vai se tornar robusta, na realidade, porque
temos carros capazes de se auto abastecer, capazes de se pilotar
automaticamente, ou que sejam capazes de levitar, ou mesmo de viajar
no tempo com seus capacitores de fluxo. O mercado de VEs vai crescer a medida que os fabricantes fizerem carros consistentes, a preços
acessíveis, com autonomia razoável e que levem as pessoas para onde
elas precisam ir, o resto é vaidade: assim como os norte-americanos
preferem os interiores mais escuros, os japoneses já os preferem
mais claros e, gostos não se discute.
Tempos de
carregamento que tendam a ser menores, também faz parte da
consistência do VE desejado e nem precisa ser tão rápido se feito
em casa, mas uma carga completa em 6 horas ou menos é necessidade
desejável, para que se possa encaixar a operação de carregamento
em horários de baixa demanda de consumo de energia. De resto, em
nada deve-se exigir que os VEs sejam melhores que os carros
convencionais.
O sistema
de carregamento indutivo não é uma boa aposta antes de 2025, pois
ele de fato trás mais problemas do que soluções, nesta etapa de
anos iniciais em que a economia dos VEs estará crescendo
paulatinamente. O sistema de carregamento indutivo trás, reconhecidamente,
um grande complicador: A implantação de carregamento indutivo sem
fio requer inter operacionalidade entre os carros e os sistemas
viários, dentro de padrões múltiplos, em todo o mundo. Isso foi
recentemente reconhecido por Jacques Hébrard, vice-presidente da
Renault, em um comunicado conjunto com Qualcomm.
Der fato, a tecnologia de carregamento wireless para VEs, encarece tanto a infraestrutura, quanto o próprio carro e, se ela não é algo
desnecessária (e tirando o menor risco contra choque elétrico ela
me parece, atualmente, supérflua), ela está, no mínimo, por demais
imatura e deve continuar sendo desenvolvida e testada, por mais um
tempo, antes que venha, prematuramente, causar algum dano a já
complicada peleja dos VEs.
Os VEs
são carros, simplesmente carros, carros absolutamente normais,
exceto que eles não usam uma única gota de gasolina. Isso, para mim
é muito legal. Não me importo que ele não se parece com uma nave
espacial interestelar e ele não esteja, arrogante, batendo no peito
e dizendo: “Eu sou elétrico, eu sou elétrico, eu sou elétrico”.
Não! Isso tudo é vaidade tola! Ele apenas nos diz: “Eu sou um VE,
o seu próximo carro! Fique calmo, você vai ser feliz comigo!”
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